sexta-feira, 13 de maio de 2011

Os aleluias pascais

O dossier deste mês é dedicado à Páscoa, às maravilhas de Jesus Ressuscitado. Trata-se de contemplar o Ressuscitado e nos alegrarmos n’Ele. Trata-se de viver com entusiasmo os «Aleluias Pascais», os «Folares da Páscoa», qual deles o mais rico e mais profundo.

O primeiro é, sem dúvida, o dom do Pai. Foi a mensagem dita a Madalena – «Meu Pai e vosso Pai» –, tratando pela primeira vez os discípulos por Irmãos. Nunca os tinha chamado assim. Doravante, seu Pai é nosso Pai. Somos seus irmãos e vivemos a graça pascal, o dom pascal de termos Deus como nosso Pai. É a mensagem dita a Madalena e que deve ressoar em todos os corações. A alegre certeza do amor do Pai, deve ser, em nós, fonte de abandono filial e de entrega sem reservas.

O segundo folar pascal é o dom do perdão, que Jesus concede aos seus Apóstolos na aparição da tarde de Domingo de Páscoa. Doravante, pelo sacramento da Penitência, verdadeira Festa do Perdão, chega até nós a misericórdia do Pai, que Jesus Ressuscitado nos mereceu. Jesus misericordioso que, na cruz, pede perdão, não quer deixar-nos sem essa graça. Agora entrega essa graça à Igreja para distribuir a sua misericórdia sem limites.

O terceiro folar pascal é a alegria. Em todas as aparições, Ele fala ou concede a alegria. Páscoa é tempo de alegria espiritual, não de fáceis contentamentos. Páscoa é convite a viver alegres de Deus e alegres por causa de Deus. Páscoa é fonte da divina alegria, da divina música no coração do crente. Nascidos na manhã de Páscoa, temos que dar testemunho da alegria do Ressuscitado, alegria que nos vem de Jesus, da união com Ele, da graça da sua presença.

O quarto folar pascal é a paz. Em quase todas as Aparições, Jesus Ressuscitado fala da paz, concede a paz, faz os seus discípulos viverem a paz pascal. Ele é o Príncipe da Paz que venceu o Maligno. Estar em união com o Ressuscitado é viver a Paz que Deus é, viver em comunhão com Jesus, «nossa Paz». Paz no nosso interior, paz de consciência e de coração. Paz nas famílias para que não haja divisão e contenda. Paz na Igreja para que seja pacificada pelo Esposo. Paz entre povos e nações.

O quinto folar pascal é o dom do Espírito que Jesus, na tarde de Páscoa, concede aos seus Apóstolos: «Recebei o Espírito Santo». Este Espírito descerá em plenitude no Pentecostes, mas já foi concedido pelo Ressuscitado. O Espírito Santo é o primeiro e maior dom de Jesus Ressuscitado. Ele é o Mestre interior, é o Fogo divino, é Sabedoria do Alto, é Amor eterno entre o Pai e o Filho, é graça que realiza a comunhão e a unidade, é Fortaleza divina no coração dos crentes.

O sexto folar pascal é a graça da Igreja, sua Esposa, nascida do seu lado aberto na cruz e, agora, seu Corpo Místico, que o Espírito vivifica como «alma da Igreja», dando-nos a graça de, na Igreja, recebermos o dom dos sacramentos, a vida divina, a vida da graça santificante. Igreja hierárquica e Igreja comunhão, Igreja Mãe e Mestra, Igreja ícone vivo da comunhão trinitária. Igreja que continua através dos séculos a missão do Ressuscitado.

O sétimo folar da Páscoa é a graça da «missão», do envio. Somos enviados, como Igreja e como baptizados, pela acção do Espírito, a continuar no mundo a missão de Jesus. Ele nos passa o facho aceso para agora sermos nós a exercer a sua missão. Trata-se da mística do apostolado que nasce na manhã de Páscoa. Daí que a Igreja é eminentemente missionária, apóstola, evangelizadora. Cada um dos baptizados, pelo dom do Ressuscitado, é chamado à missão.

O oitavo folar pascal é o dom do Coração aberto do Ressuscitado e o convite a entrarmos dentro d’Ele. O convite feito a S. Tomé: «mete a tua mão no meu lado», é feito a cada um de nós. Convite a entrarmos no seu Coração e aí encontrarmos repouso e refúgio. É o Coração do Ressuscitado, fonte divina de todos os dons, sempre a jorrar torrentes de misericórdia e de graça. Seu Coração aberto nos acolhe, nos incendeia, nos inebria, nos faz viver o fogo do seu amor divino.

O nono folar pascal é a «passagem» que a Páscoa é e significa. Somos convidados pelo Ressuscitado e movidos pelo seu Espírito a «passar» a uma vida nova, mais santa, mais fraterna, mais cheios de pobreza e de humildade, de perdão e de alegria. Passagem do pecado à graça, do orgulho à humildade, do egoísmo ao amor. Passagem que nos fará viver de um modo mais radical o Evangelho de Jesus e sermos homens e mulheres que se alegram de viver as bem-aventuranças.


Dário Pedroso, s.j.

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