domingo, 16 de janeiro de 2011

Crescer na Esperança e Solidariedade

MEDITAÇÃO - O MUNDO A NOSSA VOLTA
por António Valério, sj

O início de um novo ano civil é sempre uma oportunidade de fazer uma revisão da nossa vida e fazer o ponto da situação dos nossos desejos e oportunidades para o ano que está a começar. Um novo ano é sempre um tempo de energia e motivação, uma espécie de “agora é que vai ser” ou “chegou a altura de…”.

Porém, um olhar mais atento ao ano que começa leva-nos a colocar algumas questões que, por muito que queiramos, não podemos evitar. Vivemos um tempo em que a palavra do dia é a crise. E temos a certeza que este ano que começa será um ano em que não deixaremos de sentir os seus efeitos. Cresce o desemprego, sobem os impostos, os preços de bens essenciais e dos combustíveis. Percebemos a instabilidade que nos pode trazer e àqueles que conhecemos, para além do sentimento de insegurança, desencanto, sensação de que o país vai de mal a pior, etc. É fácil que a desmotivação e a crítica sejam um dos temas principais das nossas conversas de café.

Se, por um lado, é importante ter consciência de que não estamos a viver tempos fáceis, por outro, somos desafiados a tentar criar, desde nós mesmos, um modo diferente de nos colocarmos perante a vida e os seus desafios: a capacidade de olhar uma crise como oportunidade de desenvolver o que está ao nosso alcance, de aprender com a experiência, de ser mais atento às consequências do que fazemos quando não pensamos muito nos seus efeitos. A crise acaba por se instalar devido aos pequenos consentimentos que todos vamos fazendo às injustiças e desequilíbrios já estabelecidos, sem tomar uma opção clara por algo que seja contra-corrente.

Este ano poderia ser uma oportunidade de sermos mais nós mesmos, de vivermos de forma mais simples, despojada, sem grandes preocupações em ter tudo, mas muito mais centrados em ser mais, em estar de forma mais inteira. Um ano de crise abre certamente portas ainda maiores a desequilíbrios sociais, a situações de insegurança e injustiça. Poderá ser também uma oportunidade de crescer, como cristãos, na questão da solidariedade, que nasce do facto de todos os seres humanos terem a mesma dignidade de filhos de Deus. Poderá ser um ano de compromisso, naquilo que é possível, para colaborar em algo que ajude a quem passa por dificuldades e vive mesmo ao lado da nossa casa. Sobretudo, poderá ser um ano para agradecer os mínimos detalhes e dons de cada dia, não fazer tantas contas de dinheiro mas muito mais contas de relações positivas, simples e abertas a quem precisa de atitudes de esperança e compromisso.

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Secretariado Nacional do Apostolado da

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