sábado, 3 de setembro de 2011

A Voz dos Profetas

Quem são os Profetas?
Os profetas falam a palavra de Deus. Diante das injustiças de seus tempos, os profetas, homens e mulheres, condenaram tudo aquilo que impedia que a justiça e a paz se abraçassem, impossibilitando que o projeto de Deus para sua criação pudesse se realizar. Podemos aqui recordar três profetas, de diferentes épocas. O primeiro, Amós, que viveu no século VIII aC, numa época em que Israel havia se dividido em dois Reinos, um ao Sul, Judá, e outro ao Norte, que conserva o nome de Israel. Amós era um pastor de Judá que exercia sua função profética no Reino do Norte. Em uma época de prosperidade e de muitas injustiças, Amós anunciava que Israel seria punido pelos seus pecados: sua prosperidade era abominável aos olhos de Deus, pois fora construída sobre a dominação e não sobre a fraternidade. Segundo o profeta, Deus despreza os holocaustos e sacrifícios oferecidos em Israel; o que Deus quer é que "o direito corra como água e a justiça como um rio caudaloso" (Am 5,21-27). Aqueles que estavam tranqüilos a comer e a beber sofreriam o exílio por não se preocuparem "com a ruína de José" (Am 6,1-7). Mas o profeta também anunciava que destruição não seria a última palavra de Iahweh. Um dia, a justiça e a fraternidade prevalecerão; Israel junto com toda a criação atingirá o seu destino (Am 9,11-15).

O profeta que escreveu a segunda parte do livro de Isaías viveu na época do exílio da Babilônia (586-538). Este profeta, chamado de segundo Isaías, falava da grandeza de Deus que criou o céu e a terra e que estava prestes a libertar Israel, em um novo êxodo (Is 40-43,21). Apesar dos pecados antigos de Israel, que havia cansado Deus com suas iniquidades (Is 43,22-28), Iahweh estava amorosamente disposto a recomeçar tudo de novo. A causa da ruína de Israel foi o abandono de Deus, que se evidenciou, sobretudo na transgressão da justiça de Iahweh (Is 50,1-3). A nova Jerusalém será edificada sobre a justiça e assim conhecerá a prosperidade (Is 54,11-55,13).

O terceiro Isaías, que viveu depois do exílio, no VI século AC, continuou a obra de seus antecessores. Apesar da experiência do novo êxodo, Israel estava longe de colocar em prática a experiência da justiça. Isaías, falava em nome de Deus contra as práticas religiosas que não levam à prática da justiça. Assim falou Deus ao profeta:

"Por acaso não consiste nisto o jejum que escolhi: em romper os grilhões da iniquidade, em soltar as atadura do jugo e pôr em liberdade os oprimidos e despedaçar todo o jugo? Não consiste em repartires o teu pão com o faminto, em recolheres em tua casa os pobres desabrigados, em vestires aquele que vês nu e em não te esconderes daquele que é tua carne? Se fizeres isto, a tua luz romperá como a aurora, a cura das tuas feridas se operará rapidamente, a tua justiça irá à tua frente e a glória de Iahweh irá à tua retaguarda" (Is 58,5-8).

Pela boca do profeta, Iahweh promete levar a criação a seu destino último: a comunhão fraternal, um novo céu e uma nova terra, "onde o lobo e o cordeiro pastarão juntos e o leão comerá feno com o boi" (Is 65). Aqueles que reconhecem ser Iahweh o Senhor devem desde já buscar viver no aqui da história o sonho de Deus para toda sua criação (Is 66).

Deve-se sublinhar que as vozes dos profetas que denunciam tudo o que é contrário ao plano de Deus reafirmam no povo a fé de que Iahweh no fim fará triunfar o Amor e a Verdade, a Justiça e a Paz sobre toda a criação. O Salmo 85 resume esta fé de Israel, proclamando que:

"Amor e Verdade se encontrarão, Justiça e Paz se abraçarão; da terra germinará a Verdade, e a Justiça se inclinará do céu. O próprio Iahweh dará a felicidade, e nossa terra dará seu fruto. A Justiça caminhará à sua frente, e com seus passos traçará um caminho".

Extraído do Texto-Base da Campanha da Fraternidade de 1996
Fraternidade e Política
Justiça e Paz se Abraçara

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