sexta-feira, 17 de junho de 2011

Eucaristia para a vida do mundo





Eucaristia para a vida do mundo

O nosso dossier é, este mês, sobre a Eucaristia, Sacramento do Amor, não só porque celebramos a Solenidade do Corpo e Sangue de Jesus Cristo, mas porque Ela é o cume, a fonte, o tesouro da Igreja e da nossa vida quotidiana. Cada dia é Quinta-Feira Santa, é celebração do mistério da fé, do sacramento por excelência, da Ceia do Senhor. Cada dia, somos convidados ao Banquete, cada dia é Festa do Corpo e Sangue de Jesus, feito Pão Vivo, feito Alimento celeste. Cada dia, somos convidados a sentar-nos à mesa para comer o Pão do Céu, para nos alimentarmos do Manjar celeste, para participarmos em plenitude na renovação do Mistério Pascal. Cada dia, precisamos da Ceia, do alimento que nos fortalece, nos santifica, nos diviniza, nos conforta, nos transforma, nos cura, nos faz viver em maior união com Jesus, o Pão Vivo que vem a nós e nos convida a permanecer n’Ele.

A Eucaristia renova no altar, pelo poder santificador do Espírito, a oferta redentora de Jesus, renova o seu Mistério Pascal. Ela é sacrifício redentor da Vítima que Se ofereceu no Calvário e que Se dá e renova a sua oferta no altar. Ela é sacrifício redentor da Vítima pascal. Mas a Eucaristia é também – mistério insondável – presença de Jesus Ressuscitado, de Jesus Vivo e actuante, de Jesus que é Rei e Senhor, d’Aquele que, em plenitude de amor, quer ser fonte de vida nova, quer ser vida das nossas vidas, quer ser presença de vida pascal no coração e na vida do cristão que celebra e que comunga. Todo o Mistério Pascal, pela acção santificadora do Espírito, está presente em cada Eucaristia. Vamos à mesa do Banquete para viver d’Ele, nos unirmos a Ele, para participar, com fé e alegria, no sacramento da vida divina, no mistério do amor em plenitude.

A Eucaristia é dom do amor trinitário, é dádiva da Trindade. É o Pai que nos dá Jesus, é Jesus que Se oferece a Si mesmo, é o Espírito que consagra pão e vinho e os converte em Corpo e Sangue de Jesus Cristo. Por isso, é na Eucaristia que nos devemos oferecer, cada dia, à Trindade Santa e sermos, como nos convida S. Paulo, «hóstias vivas» em oferenda permanente. Participamos no sacramento do amor, para amar como Ele, para sairmos da Eucaristia com vontade de amar e servir. Vamos aprender a amar, pois Ela é escola de dom e serviço. Jesus Se dá a nós para nos ajudar e ensinar a darmo-nos e a amar como Ele. Se Jesus, antes da instituição da Eucaristia, ajoelha e lava os pés aos seus discípulos, é para nos ensinar o caminho da humildade que nos coloca de joelhos diante dos outros, para amar e servir, para sermos servos dos nossos irmãos e irmãs.

Eucaristia sem comunhão é incompleta. O Banquete é para ser alimento, para ser comido. O Pão Vivo descido do Céu é para nos alimentar a alma, a vida divina, para fortalecer a caridade, dinamizar a vida espiritual em nós, ser fonte de vida nova. Mas não podemos comungar de qualquer modo, ou seja, sem estarmos preparados, sem a graça, sem a purificação que se exige para receber tão grande dom. Talvez ande muita gente a comungar sem o dever fazer: quem está em pecado, quem vive casado pelo civil ou só amancebado, quem não tem fé na Eucaristia, quem não se prepara com a «veste nupcial». Há Eucaristias mal celebradas e comunhões mal feitas. Há sacrilégios e atentados ao Corpo do Senhor, ao Santíssimo Sacramento. Precisamos de cuidar mais da nossa preparação, como precisamos de cuidar do nosso tempo de acção de graças e da nossa intimidade com Ele, depois da comunhão.

A Solenidade do Corpo de Deus, com Solene Eucaristia e Procissão Eucarística, é convite a um sério exame de consciência acerca do lugar que a Eucaristia tem na nossa vida. Exame cuidadoso acerca do modo como participamos na Eucaristia, como comungamos, como continuamos a nossa união a Ele, presente em sacrário. Vidas centradas na Eucaristia. Também nós, depois da celebração e da comunhão, temos que ser pão para a vida do mundo, ser alimento para que os outros vivam mais felizes e sejam mais santos, vivam mais a sua fé e sintam a presença da nossa caridade activa. Celebrar a Solenidade do Corpo de Deus é entrar neste misterioso envolvimento divino, pois acreditamos que a Hóstia consagrada é Jesus, é o Senhor, é o Amigo divino, é o Cordeiro, é o Pão Vivo, é o Rei e Senhor de todas as coisas, é a Vítima oferecida para ser vida das nossas vidas. Precisamos de renovar nossa fé na presença eucarística, de viver mais unidos a Jesus em sacrário, de alimentar nossa intimidade com o Corpo de Deus, Corpo e Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo. Cantar louvores a Jesus Eucaristia, amá-Lo e viver d’Ele e para Ele, fazendo da Eucaristia nossa pérola, nosso tesouro, nosso encanto, nossa contínua festa.

Dário Pedroso, s.j.

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