sexta-feira, 8 de abril de 2011

O Mundo à Nossa Volta

O Mundo à Nossa Volta

Fazer uma pausa para estar com Ele

Cláudia Pereira

Estamos em plena Quaresma. Caminhamos rapidamente para a Semana Santa, a Semana maior para os cristãos, que tem o seu ponto alto na celebração do Tríduo Pascal... culminando com a Vigília Pascal, a Festa das festas.

Fomos convidados, durante estes dias que nos preparam para a Páscoa, a dar particular espaço, nas nossas vidas, no nosso dia-a-dia, ao jejum, à esmola e à oração. Será que o temos feito? Já abdicamos, alguma vez, desde Quarta-Feira de Cinzas, de algo que seria supérfluo? Já demos o valor dessa renúncia para aqueles que mais precisam? Temos feito momentos especiais de oração, para nos aproximarmos mais de Deus?

Estes valores e princípios, se cultivados desde tenra idade, são assumidos como algo natural em cada Quaresma. Assim, porque não convidar os mais novos a renunciar, por exemplo, a um doce ou um brinquedo, fazendo-os ver que o valor que aí seria empregue pode ajudar aqueles que pouco ou nada têm? Aqui, a família e a catequese têm um papel preponderante...

Uma das tónicas dominantes do período quaresmal é a oração. Na sua Mensagem para a Quaresma 2011, o Papa Bento XVI diz que ela nos permite «adquirir uma nova concepção do tempo: de facto, sem a perspectiva da eternidade e da transcendência ele cadencia simplesmente os nossos passos rumo a um horizonte que não tem futuro. Ao contrário, na oração encontramos tempo para Deus, para conhecer que “as suas palavras não passarão” (cf. Mc 13, 31), para entrar naquela comunhão íntima com Ele “que ninguém nos poderá tirar” (cf. Jo 16, 22) e que nos abre à esperança que não desilude, à vida eterna».

Intensificar a oração não implica nem significa mostrarmo-nos aos outros, nem dizer-lhes «vou rezar muito porque estamos na Quaresma». Importa aqui lembrar a mensagem deixada por Jesus aos discípulos: «Tu, porém, quando orares, entra no quarto mais secreto e, fechada a porta, reza em segredo a teu Pai, pois Ele, que vê o oculto, há-de recompensar-te».

Estes momentos favoráveis de oração quaresmal devem servir de «escola» para o dia-a-dia de cada um. Assim, porque não aproveitar este período para intensificar (ou criar!) o hábito de oração em família?

As próprias comunidades paroquiais intensificam, em cada Quaresma, os momentos de oração, realizando, por exemplo, a via-sacra na paróquia ou promovendo iniciativas que convidam à oração, nomeadamente a itinerância da Bíblia pelos diferentes lares.

Nalgumas localidades, este tempo favorável de oração que é a Quaresma fica marcado pelo Lausperene, com a Exposição do Santíssimo em diferentes igrejas. É um convite, não uma obrigação. Um convite a entrar, ajoelhar, adorar, rezar. Um convite a fazer uma pausa para estar com Ele.

Embora com algumas oscilações de afluência, dada a maior ou menor centralidade dos templos, as igrejas registam nestes dias um movimento diferente do habitual.

Não pensemos que esta é uma atitude de «beatas» e «beatos», mais idosos, que terão os dias menos ocupados. São muitas as pessoas, incluindo gente nova, que aceitam este convite a entrar, ajoelhar, adorar, rezar... este convite a fazer uma pausa para estar com Ele.

Que sensação tão boa a de entrar numa igreja e ver que muitos são os que tiveram a coragem de fazer um intervalo no trabalho, de aproveitar uma deslocação de serviço ao exterior ou um período de folga... para rezar, para estar ali, diante d’Ele, a conversar com um Amigo muito especial, sempre pronto a ouvir.

Nestes dias ouve-se as pessoas a dizer «Vou ao Senhor» ou a procurar saber «Onde está o Senhor exposto». Tradição? Talvez. Viver a Quaresma de forma diferente? Certamente. Desejo de rezar mais? Sim. Querer preparar melhor a Páscoa? Sem dúvida. Vontade de estar mais perto de Deus? Com toda a certeza.

Mais do que as palavras proferidas em voz alta, importa entrar, ajoelhar, adorar, rezar... importa fazer uma pausa para estar com Ele. Que esta Quaresma represente, para cada um, uma pequena mudança

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