terça-feira, 21 de maio de 2013

O vento, o fogo, as línguas


Pentecostes e os sinais do Espírito Santo
Por Osvaldo Rinaldi
ROMA, 20 de Maio de 2013 (Zenit.org) - O Espírito Santo desce poderoso do céu sobre os discípulos reunidos no cenáculo, chega ao final de um dia solene em que já não se esperava mais nada, desce para dar inicio a um novo e único tempo, o tempo da Igreja que durará até a parusia, o retorno glorioso de Jesus Cristo até o fim dos tempos.
O Espírito Santo há sua origem celeste, é pré-anunciado por um rombo, um sinal ruidoso para indicar com certeza sua proveniência. “De repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados”(Atos 2,2). Exatamente porque o Espírito Santo vem do alto, de Deus, tem a capacidade de encher até a borda nossas vidas, nossos corações.
Para receber o dom do Espírito Santo é necessário permanecer fiel à exortação de viver a oração na procura incessante de receber o mesmo Espírito de Deus, para produzir frutos de compaixão amorosa, mansidão, humildade, paciência, alegria, paz.
E todos esses frutos não podem ser mantidos para si, devem ser comunicados, devem ser compartilhados com os outros. Por esta razão “apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles”(Atos 2, 3). O Espírito Santo desce como língua porque quer falar ao coração do homem pelo homem.
O Espírito Santo se manifesta como uma língua de fogo porque quer acender na alma dos discípulos, o ardor, o desejo de comunicar ao mundo o calor do amor de Deus que se encarnou, que morreu e ressuscitou para a nossa salvação.
O Espírito Santo aparece como muitas línguas porque quer proclamar a Palavra de Deus, os acontecimentos da salvação, para que a pessoa de Jesus Cristo se torne compreensível para os povos de todas as nações, raças, tribos, etnias: “ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.”(Atos 2,4).
O Espírito Santo com a sua descida produz comunhão, suscita partilha. Os discípulos fechados no cenáculo por medo dos judeus, se encontram, num determinado momento, fora da sala no andar de cima, com uma coragem que não tinham antes. O Espírito Santo afasta seus medos, rompe a solidão interior, impulsiona-os a compartilhar o anúncio do Evangelho.
Hoje se cumpre a promessa feita por Jesus em seu discurso de despedida, quando estava no cenáculo: “ e eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco. É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós. (Jo 14,16-17).
Os discípulos não estão mais sozinhos, receberam a companhia de outro Consolador, o Espírito Santo, para viver sempre em comunhão com Ele. O Espírito Santo é apresentado por Jesus como o Espírito da verdade, para tornar o homem verdadeiramente livre.
Quanto precisamos da verdade que nos liberta dos medos, das angústias que derivam da nossa pouca fé.
O Espírito da verdade é a arma eficaz para superar esses medos. Mas o Espírito Santo é um dom que deve ser invocado, desejado e aceito. E é por isso que o mundo não pode receber, porque não é capaz de pedir, por que não quer invocá-lo, porque não tem espaço para acolhê-lo. O coração do homem do mundo está cheio de outras coisas, está cheio de soberba, orgulho, presunção.
O mundo tem a presunção de ser auto-suficiente, tem a ilusão de ser capaz de fazer sem Deus. Tudo isso acontece porque o homem não vê o Espírito Santo, não é capaz de reconhecê-lo.
Mas para os apóstolos não é assim, porque terão o grande privilégio de poder ouvi-lo, no silêncio de suas almas, terão a possibilidade de serem instruídos pela sabedoria que vem de Deus.
Sim, o Espírito Santo enquanto Deus tem a missão de recordar e ensinar tudo o que viu e ouviu do Filho de Deus. A primeira tarefa do Espírito Santo é ensinar uma mensagem que precisa ser sempre aprofundada, embora seja a mesma há dois mil anos. A Palavra de Deus é sempre a mesma, mas o homem está em constante transformação. O que ontem era incompreensível o espírito de verdade quer fazer-nos compreender para tornar a nossa existência mais alegre e menos ansiosa.
O ensinamento realizado pelo Espírito não é uma lição de escola ensinada por um professor sentado atrás de sua mesa. O Espírito Santo fala na intimidade do coração, inspirando o que pensar, dizer, fazer. A obra incomparável do Espírito Santo é consolar com sua presença discreta, é romper a solidão do homem com Deus, é recordar à alma humana as palavras de vida eterna pronunciadas por Jesus.
Como precisamos recordar os eventos que marcaram a nossa vida de fé. O Espírito Santo nos ajuda neste serviço da memória, lembrando-nos o que fomos e o que somos agora após a intervenção de Deus em nossas vidas

Pedro era um pecador, mas não um corrupto

Francisco na sua homilia na Santa Marta convida a deixar que Jesus nos encontre
CIDADE DO VATICANO, 17 de Maio de 2013 (Zenit.org) - Ser pecadores não é o problema central, o problema é não deixar-se transformar no amor do encontro com Cristo, porque Pedro era um pecador, mas não um corrupto, pecadores sim, todos: corruptos, não. Este foi o tema central da homilia da missa diária do Papa Francisco na capela da sua residência em Santa Marta, transmitida pela Rádio Vaticano.
No evangelho do dia Jesus ressuscitado pergunta três vezes a Pedro se o ama. “É um diálogo de amor entre o Senhor e seu discípulo” indica Francisco e lembra dos encontros que Pedro teve com Jesus. Começando com o ‘Segue-me” ao ‘Te chamarás Cefas, Pedra’, ao ‘Afásta-te de mim, Satanás”, “humilhação que Pedro aceita”, diz o Papa.
E Francisco lembra aos presentes que Pedro se considerava bom, e no Getsêmani até mesmo desembainha sua espada para defender a Jesus, mas depois o nega três vezes".
E quando Jesus o observa com aquele olhar tão belo, indica o Papa, Pedro chora. “Jesus nestes encontros amadurece a alma de Pedro”, no amor.
"Pedro sente dor ao ver que por três vezes Jesus lhe pergunta “Me amas?” Essa dor, essa vergonha... Um grande homem Pedro..., pecador, pecador. Mas o Senhor lhe faz sentir e a nós que todos somos pecadores: o problema é não arrepender-se do pecado, não ter vergonha do que fizemos. Esse é o problema. E Pedro tem essa vergonha, essa humildade, não é? O pecado de Pedro é um fato que com o coração grande que ele tinha, o leva a um encontro novo com Jesus, à alegria do perdão”.
E o Senhor não abandona a sua promessa, quando lhe disse: "Tu es Pedra”, e agora lhe diz: “Apascenta as minhas ovelhas” e entrega o seu rebando a um pecador.
O Papa afirma: "Pedro era um pecador, mas não um corrupto, pecadores sim, todos: corruptos, não”. E o santo padre conta: “Uma vez fiquei sabendo de um sacerdote, um bom pároco que trabalha bem: foi nomeado bispo e ele sentia vergonha porque não se sentia digno. Era um tormento espiritual. E se aproximou do confessor, que lhe escutou e lhe disse: “Não te assustes, porque se depois de tudo o que fez Pedro, ele foi foi eleito Papa... Siga adiante!”. O Senhor é assim. Nos faz amadurecer nos muitos encontros que temos com Ele, apesar das nossas debilidades, quando as reconhecemos, e com nossos pecados”...
Pedro “se deixou modelar” nos vários encontros com Jesus e isso “serve para todos nós, porque estamos na mesma rua”.
E o Papa reitera: "Pedro é um grande" não porque seja bom, mas porque “tem um coração nobre que o leva a esta dor, a esta vergonha e a levar seu trabalho de apaciguar as ovelhas”.
"Peçamos ao Senhor hoje – conclui Francisco - que este exemplo de vida de um homem que se encontra continuamente com o Senhor” nos ajude “a seguir adiante procurando o Senhor”.
Mas, mais ainda, "é deixar-nos encontrar pelo Senhor: Ele está perto de nós. Tantas vezes".

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Prefiro uma Igreja acidentada por sair, do que doente por fechar-se


Chamada de Francisco aos leigos na Vigília de Pentecostes
Por Salvatore Cernuzio
ROMA, 19 de Maio de 2013 (Zenit.org) - Na Vigília de Pentecostes da “Jornada com os movimentos, as novas comunidades, as associações e as organizações laicais”, o santo padre Francisco escutou vários testemunhos e perguntas que lhe permitiram medir pela primeira vez durante o seu pontificado, a grande força viva que são hoje em dia os leigos na Igreja.
Vieram à Praça de São Pedro membros de cerca de cento e vinte movimentos com presença na Itália e a nível mundial.
Depois da entronização do ícone de Nossa Senhora, que com a antiga invocação de Salus Populi Romani presidiu o encontro, os assistentes e o papa escutaram os testemunhos de vários leigos que pela sua atividade profissional, sua vida cristã ou pelo único fato de estar num país sem liberdade religiosa, devem testemunhar a sua fé.
Foi importante ouvir o irmão de Shahbaz Bhatti, o ex-ministro católico das Minorias no Paquistão, assassinado em Islamabad em 2011 pelos islâmicos por causa da sua oposição à lei da blasfêmia.
Dar resposta à fé
No evento, que se enquadra no calendário do "Ano da Fé", o papa respondeu espontaneamente às perguntas formuladas por vários representantes, perguntas que ele mesmo confessou "conhecer de antemão".
Estes, em nome dos leigos do todo mundo, pediram ao Papa uma luz sobre questões de evangelização, de testemunho cristão e um maior esclarecimento sobre aquela chamada de Francisco para que a Igreja seja "pobre e para os pobres".
Sobre a transmissão da fé, insistiu em que esta deve ser apresentada, porque se ninguém dá o primeiro anúncio, o futuro crente não poderá encontrar-se com Jesus. Voltou a lembrar que um novo encontro com o Pai pode dar-se no confessionário, “onde Ele sempre nos espera”.
Alertou, porém, que o maior inimigo da fragilidade, é o medo. Então, insistiu que ao sentir-se inseguro, é preciso saber que “ali está o Senhor”.
Comunicar a Cristo
Em resposta à segunda pergunta, sobre como comunicar a fé hoje, ensinou que isso não é questão de buscar uma eficácia nem consiste em fazer estratégia, “que são somente ferramentas secundárias”.
O que deve ser feito, acrescentou, é "comunicar Jesus Cristo, e não mais Francisco", em alusão a que o verdadeiro líder da Igreja é Cristo e não o Papa.
Convidou a orar mais, para “deixar-se guiar por ele”. Lembrou a passagem em que Pedro teve uma visão de que o evangelho tinha que ser levado aos gentíos, para insistir em que é necessário deixar-se “surpreender” por Jesus, deixando que o Espírito de Deus atue dentro do evangelizador, o leve para frente.
Purificar a questão política
Questionado sobre como construir uma ética pública e um modelo melhor para o desenvolvimento humano, recomendou que o melhor testemunho que pode ser dado, é uma vivência autêntica do evangelho nesses espaços.
Alertou, no entanto, que a Igreja "não é um movimento político, nem uma estrutura bem organizada", nem sequer deve ser comparada a uma ‘ONG’. Porque quando se faz assim, continuou, “perde-se o sal, não tem sabor, torna-se uma organização vazia, levada pelo eficientismo”.
O oposto deve ser, no pensamento de Francisco, “o desenvolvimento da solidariedade da partilha". Porque, de acordo com o que ele disse, "o que está em crise é o homem, que pode ser destruído ao ser  imagem de Deus."
Ressaltou que ao estar diante de uma crise desta magnitude, o homem "é despojado da ética, em que tudo é possível e tudo pode ser feito".
Ele criticou o atual sistema econômico, que se preocupa com as grandes quedas das instituições financeiras e não pelos que morrem de fome pelas ruas.
Não fechar-se nem isolar-se
Diante dessa realidade, convidou a Igreja a não fechar-se ou isolar-se. Exortou a “não fechar-se na paróquia, com o movimento, entre os que pensamos da mesma forma”. Porque quando se fecha, “fica doente”.
Convidou novamente a Igreja “para sair de si mesma, em direção à periferia, a dar testemunho do evangelho e a encontrar-se com os demais”, em clara resposta ao mandamento de Jesus de “Ir”.
"Prefiro uma Igreja acidentada, do que doente por fechar-se”, disse. E criticou aquelas “estruturas caducas” que “não nos fazem livres, mas escravos."
Disse também que é preciso que aconteça uma "cultura do encontro, da amizade, da falar até mesmo com aqueles que não pensam como nós, até mesmo que tem outra fé, porque todos são filhos de Deus".
Uma Igreja pobre
Uma das peguntas referiu-se à expressão que Francisco utilizou dois depois do início do seu pontificado, de que ele gostaria de uma “Igreja pobre e para os pobres”.
A este respeito – e com a atenção mundial colocada nas suas palavras - , explicou que basta “sair para encontrar a pobreza”. Lamentou que hoje em dia encontrar um mendigo morto de frio ou fome pela rua já não seja uma notícia ...
Criticou aqueles que permanecem indiferentes a esta realidade, especialmente aqueles cristãos "que falam sobre teologia, enquanto tomam chá", uma clara referência à sua homilia de dias atrás, onde disse que não precisa de “cristãos de salão” neste momento na Igreja.
Muito pelo contrário, continuou, "nós temos que ter coragem e ir ao encontro daqueles que são a carne de Cristo”. Porque para Francisco, a pobreza não é uma categoria filosófica ou sociológica, mas teológica "Porque o Filho de Deus se fez pobre".
E se a Igreja não vai em direção à carne de Cristo que está nos pobres, cai na “mundanidade espiritual”, um conceito muito ligado aos perigos do cristianismo de salão.
Concluiu encorajando a todos a proclamar o Evangelho com coragem e ao mesmo tempo com paciência. E convidou a unir-se aos cristãos “que sofrem tanto, que fazem a experiência do limite entre a vida e a morte”, reiterando o seu apelo por uma verdadeira liberdade religiosa para todos.
"Para todos", porque de acordo com Francisco, "todos devem ser livres na sua confissão religiosa, porque são filhos de Deus".
Após a cerimônia, o Papa cumprimentou os líderes das mais importantes realidades laicais do mundo, com os quais conversou durante alguns segundos entre comentários e sorrisos.
Hoje, domingo, solenidade de Pentecostes, o Santo Padre presidirá uma celebração eucarística na praça de São Pedro, para a qual continuam chegando os peregrinos pertencentes a centenas de movimentos e organizações apostólicas.

A fofoca e a difamação na Igreja são pecaminosas

Advertência do Papa Francisco durante a missa celebrada na capela da Casa Santa Marta
Por Redacao
CIDADE DO VATICANO, 19 de Maio de 2013 (Zenit.org) - O cristão deve vencer a tentação de "meter-se na vida dos outros". Foi a exortação do Papa Francisco na missa celebrada ontem, sábado, na Casa Santa Marta. O Santo Padre também destacou que a fofoca e a inveja fazem muito mal à comunidade cristã e não se pode “dizer somente a parte que nos convém”.
A Missa, concelebrada com o padre Daniel Grech do Vicariato de Roma, contou com a presença de um grupo de estudantes da Pontifícia Universidade Lateranense, dirigida pelo reitor mons. Enrico Dal Covolo.
Conforme relatado pela Rádio Vaticano também partiparam Kiko Argüello, Carmen Hernández e Mario Pezzi do Caminho Neocatecumenal; e Roberto Fontolan e Emilia Guarnieri de Comunhão e Libertação.
Nem fofoca nem comparações
"O que te interessa?" O papa Francisco desenvolveu a sua homilia a partir desta pergunta que Jesus dirigiu a Pedro, que tinha se metido na vida do outro, na vida do discípulo João, “a quem Jesus amava”. Pedro, destacou, estava tendo “um diálogo de amor” com o Senhor, mas logo o diálogo “desviou-se para outro caminho” e ele também padece uma tentação: “meter-se na vida dos outros”.
Como se costuma dizer "vulgarmente", disse o Papa, Pedro se faz de "bisbilhoteiro". É assim que centralizou a sua homilia em duas modalidades dessa intromissão na vida dos outros. Em primeiro lugar, a “comparação”, o “comparar-se com os demais”. Quando existe esta comparação, disse, “terminamos na amargura e até na inveja, e a inveja acaba com a comunidade cristã”, “lhe faz muito mal”, e “o diabo quer isso”. A segunda forma dessa tentação, acrescentou, são as fofocas. Se começa de um modo “muito educado”, mas depois terminamos “esfolando o próximo”:
"Como se fofoca na Igreja! Quanto fofocamos, nós cristãos! A fofoca é precisamente esfolar-se, certo? É maltratar-se mutuamente. Como se se quisesse diminuir o outro, não? Em vez de crescer eu, faço que o outro seja diminuido e me sinto bem. Isso não está bem! Parece agradável fofocar... Não sei porque, mas a pessoa se sente bem. Como uma bala de mel, não é? Você come uma – Ah, que bom! – E depois outra, outra, outra, e ao final fica com dor de barriga. E por quê? A fofoca é assim: é doce no começo e depois acaba contigo, acaba com a tua alma! As fofocas são destrutivas na Igreja, são destrutivas... É um pouco como o Espírito de Caim: matar o irmão, com a sua língua; matar o seu irmão!”
Seguindo este caminho, disse, “nos transformamos em cristãos de boas maneiras e maus hábitos!” Mas como é que a fofoca se apresenta? Normalmente, distinguiu o papa Francisco, “fazemos três coisas”:
O cristão não difama e nem calunia
"Desinformamos: falamos só a metade que nos convém e não a outra metade; a outra metade não a dizemos porque não é conveniente para nós. Em segundo lugar está a difamação: quando uma pessoa realmente tem um defeito, e errou, então contá-lo, “fazer-se jornalista”... E a fama dessa pessoa está acabada! E a terceira é a calúnia: dizer coisas que não são certas. Isso é também matar o seu irmão! Todas essas três – a desinformação, a difamação e a calúnia – são pecado! Este é o pecado! Isso é dar um tapa em Jesus na pessoa dos seus filhos, dos seus irmãos".
É por isso que Jesus faz conosco como o fez com Pedro quando o repreende: "Que te importa? Tu, siga-me!” O Senhor realmente "aponta o caminho":
"A fofoca não te fará bem, porque te levará a este espírito de destruição na Igreja. Siga-me!”. É bonita esta palavra de Jesus, que é tão clara, é tão amorosa conosco. Como se quisesse dizer: “Não façam fantasias, acreditando que a salvação está na comparação com os outros ou na fofoca. A salvação é ir atrás de mim”. Seguir a Jesus! Peçamos hoje ao Senhor que nos dê esta graça de nunca meter-nos na vida dos outros, de nunca converter-nos em cristãos de bons costumes e maus hábitos, de seguir a Jesus, para ir atrás de Jesus, no seu caminho. E isso é suficiente!”
Durante a homilia, Francisco também lembrou de um episódio da vida de Santa Teresinha, que se perguntava por que Jesus deu tanto para um e tão pouco para outro. A irmã maior, pegou um dedal e um copo e os encheu de água, e depois perguntou à Teresinha qual dos dois estava mais cheio. “Ambos estão cheios”, disse à futura santa. Jesus, disse o papa, faz “assim conosco”, “não se importa se você é grande, se é pequeno”. Ele está interessado em que você esteja  preenchido com o amor de Jesus."
(Tradução de Thácio Siqueira)

sábado, 18 de maio de 2013

D. Manuel Clemente, novo Cardeal Patriarca de Lisboa

 
Caríssimos diocesanos do Patriarcado de Lisboa,

Por nomeação do Santo Padre, o Papa Francisco, regressarei a Lisboa em Julho próximo, para vos servir como Bispo Diocesano. É um regresso enriquecido por quanto aprendi na Igreja Portucalense, na grande generosidade e aplicação dos seus membros, a tantos títulos notáveis.

Como sabeis, não é a primeira vez que um bispo portucalense continua o seu ministério entre vós: assim aconteceu designadamente com D. Tomás de Almeida, que daqui partiu para ser o primeiro Patriarca de Lisboa, em 1716.

De Lisboa trouxe eu para o Porto cinquenta e oito anos de vida convivida, como leigo e ministro ordenado, sob o pastoreio dos Cardeais Cerejeira, Ribeiro e Policarpo. De todos eles guardo larga e agradecida recordação, em especial do Senhor D. José Policarpo, de quem fui aluno e depois colaborador próximo no Seminário dos Olivais e no serviço episcopal, muito ganhando com a sua amizade, inteligência e conselho. A ele dirijo neste momento palavras sentidas de muita gratidão e estima, sabendo que posso contar com a sua sabedoria e experiência. Do Porto levo para Lisboa mais seis anos, plenos de vida pastoral intensa nesta grande Igreja e região, quer no dia a dia das suas comunidades cristãs, quer no dinamismo cívico e cultural dos seus habitantes e instituições.

Assim vos reencontrarei. As minhas palavras vão cheias do grande afeto que sempre mantive por todas e cada uma das terras e populações que, de Lisboa a Alcobaça e do Ribatejo ao Atlântico, integram o Patriarcado de Lisboa. Falo das comunidades cristãs e de quantos, ministros ordenados, consagrados e fiéis leigos, nelas dão o seu melhor nas diversas concretizações apostólicas. Falo das associações de fiéis e movimentos, dos institutos religiosos e seculares, das famílias, das instituições e iniciativas de todo o tipo em que a seiva evangélica dá bom fruto. E refiro-me também a todas as realidades sociais e cívicas onde se constrói aquele futuro melhor, justo e solidário de que ninguém de boa vontade pode e quer desistir. Da minha parte, contareis com tudo o que puder, n’ Aquele que nos dá força (cf. Fl 4, 13).

Saúdo com grande amizade os Senhores D. Joaquim Mendes e D. Nuno Brás, bem como todos os membros do cabido e do presbitério, do diaconado e dos serviços diocesanos, dos seminários, paróquias, institutos, associações e movimentos: Todos juntos, na complementaridade dos carismas e ministérios que o Espírito distribui, seremos o Corpo eclesial de Cristo, para que o seu programa vivamente continue, como o enunciou na sinagoga de Nazaré: «O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar a Boa Nova aos pobres…» (cf. Lc 4, 18 ss).

Vosso irmão e amigo, com Cristo e Maria,
+ Manuel Clemente
Porto, 18 de maio de 2013

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Papa Francisco: "Temos necessidade de um coração largo que seja capaz de amar"

Na missa do dia de hoje, 14 de Maio, o Papa Francisco afirmou na sua homilia que nós temos necessidade de um coração largo que seja capaz de amar. Se queremos mesmo seguir Jesus devemos viver a vida como um dom que se dá aos outros e não um dom para se conservar. Jesus ama sempre e dá-se sempre. E este seu dom do amor leva-nos a amar para dar fruto, porque o fruto permanece. E invocou o Espírito Santo:
"Nestes últimos dias em que aguardamos pela festa do Espírito Santo pedimos: Vem Espírito Santo, vem e dá-me este coração largo, este coração que seja capaz de amar com humildade, com suavidade mas sempre este coração grande que seja capaz de amar. E pedimos esta graça ao Espírito Santo para que nos livre sempre do outro caminho, aquele do egoísmo, que acaba por terminar mal. Peçamos esta graça".
Recordemos que na Eucaristia matinal de hoje estiveram presentes um grupo de trabalhadores dos Museus Vaticanos e alunos do Colégio Pontifício Português. A celebração foi concelebrada pelo Arcebispo de Medellín Ricardo Restrepo.
Já no dia de ontem o Papa tinha invocado o Espírito Santo em jeito de preparação para a Festa do Pentecostes do próximo domingo 19 disse o Santo Padre que "o Espírito Santo permite que o cristão tenha ‘memória’ da história e dos dons recebidos de Deus. Sem esta graça, há o risco de se cair na idolatria”. 
“Hoje, muitos cristãos não sabem quem é o Espírito Santo, como ele é. E algumas vezes, ouve-se dizer: Mas eu arranjo-me com o Pai e o Filho: rezo o Pai Nosso ao Pai, faço a comunhão com o Filho, mas com o Espírito Santo... não sei o que fazer’. Ou então diz-se: O Espírito Santo é a pomba, aquele que nos dá sete dons... Mas assim, o pobre Espírito Santo fica sempre no fim e não encontra um bom lugar nas nossas vidas”. 
Prosseguindo, o Papa Francisco, ressaltou que o Espírito Santo é um “Deus activo entre nós”, que nos faz lembrar, que desperta a nossa memória. O próprio Jesus explicou aos Apóstolos, antes do Pentecostes, que o Espírito lhes recordaria tudo o que ele havia dito. Ter memória – especificou - significa também recordar as próprias misérias, que nos escravizam e recordar a graça de Deus, que destas misérias nos redime.O Papa Francisco concluiu com um convite aos cristãos para que peçam a graça da memória, para serem pessoas que não se esquecem do caminho percorrido, não se esquecem das graças recebidas e que não se esquecem do perdão dos pecados e nem que foram escravos e que o Senhor as salvou.