2013-01-26
L’Osservatore Romano
O
ecumenismo é um dos grandes horizontes que plasmaram o pensamento
teológico conciliar, sendo «o restabelecimento da unidade uma das
principais finalidades do Concílio» como recorda o início do decreto
sobre o ecumenismo Unitatis redintegratio (n. 1) e como foi
antecipado por João XXIII na tarde de 25 de Janeiro de 1959 quando,
durante as vésperas na basílica de São Paulo fora dos Muros, divulgou a
intenção de convocar o concílio ecuménico. A formação ecuménica, ao
contrário, pertence àqueles aspectos que, não tendo sido amplamente
desenvolvidos nos documentos conciliares, se revelaram uma articulação
nevrálgica, a ponto de se tornarem no imediato pós-concílio, e até hoje,
uma das prioridades na busca da unidade visível entre os cristãos.
Portanto, também a formação ecuménica «completa» cinquenta anos e merece
alguma reflexão.
Celebrar o concílio Vaticano II no seu cinquentenário significa
meditar sobre a sua visão global. Isto exige que se reveja os seus
traços principais, as «grandes artérias» que constituem a sua mens,
as metas, os critérios interpretativos, e também que se identifiquem
articulações e aspectos menores, que são todavia parte integrante do
poderoso corpus conciliar, e com frequência revelaram-se temas prioritários da reflexão teológica sucessiva.
A plena comunhão não se realizará unicamente graças ao intercâmbio
teológico, embora seja um seu aspecto fundamental, mas só se as Igrejas e
comunidades eclesiais caminharem juntas, se todo o povo de Deus
proceder rumo à comunhão viva e verdadeira, num caminho de graça e de
amor, construído com a contribuição de cada um. Nesta perspectiva parece
muito significativo que o Pontifício Conselho para a unidade, ao
encorajar e promover a formação ecuménica – e especificamente o Directório
de 1993, n. 55 – recorde o papel insubstituível da Igreja local, na
qual reside a possibilidade concreta de que o convite à formação se
torne realidade, e lugar privilegiado no qual ela pode ser frutuosamente
contextualizada.
A finalidade do ecumenismo é encontrar na identidade dos cristãos o
imperativo do amor recíproco, para que, tornado este amor firme e
visível, a obra das Igrejas para promover o Reino se possa tornar
sinérgica. Mas é ainda antes o objectivo da vida de fé e da chamada a
ser testemunha da Ressurreição diante do mundo. Portanto, a formação
ecuménica, como formação para o diálogo que põe no centro a busca da
unidade e da comunhão no centro do caminho das Igrejas e de cada fiel é
formação cristã no sentido mais autêntico.
Brian Farrell
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