quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Ter esperança significa ter uma âncora na margem do Além

Durante a homilia, em Santa Marta, Papa Francisco adverte contra as falsas certezas do "clericalismo" e das "nossas regras"
Por Luca Marcolivio
ROMA, 29 de Outubro de 2013 (Zenit.org) - Nada de clericalismo, comodismo e nem mesmo um otimismo genérico: a esperança cristã é algo maior. Durante a missa celebrada esta manhã em Santa Marta, Papa Francisco volta a mais um de seus pontos fortes. A esperança, explicou o Pontífice, é antes de tudo uma "ardente expectativa" em direção à revelação do Filho de Deus.
Na trilha de São Paulo aprendemos que a esperança "nunca desilude", mas, ao mesmo tempo, não é "fácil de entender ", acrescentou o Papa. E continuamos a cair no equivoco de que esperança é sinônimo de otimismo.
Falar de esperança não significa simplesmente "olhar para as coisas com bom ânimo, e continuar em frente" ou ter uma "atitude positiva diante das coisas". A esperança é, antes de tudo, “a mais humilde das três virtudes, porque está escondida na vida". Enquanto a fé "vemos" e "sentimos" e a caridade "se faz”, a esperança é "uma virtude arriscada", mas "não é uma ilusão".
A esperança é, sobretudo, estar “na tensão” para a "revelação do Filho de Deus" e para "a alegria que enche a nossa boca com sorrisos". Os primeiros cristãos tomaram a âncora como um símbolo de esperança, "uma âncora na margem” além da vida.
E nós, cristãos, onde estamos ancorados? Podemos estar ancorados "na margem do oceano", ou num "lago artificial que nós construímos, com as nossas regras, os nossos comportamentos, os nossos horários, os nossos clericalismos, as nossas atitudes eclesiásticas e não eclesiais". 
Para São Paulo, no entanto, o ícone de esperança é o nascimento. A vida é uma contínua expectativa e a esperança está na dinâmica de "dar a vida”. E, como a "primazia do Espírito" não se vê, o Espírito "trabalha" como o grão de mostarda do Evangelho, muito pequeno, mas "cheio de vida" e de "força" para crescer até se tornar uma árvore.
Papa Francisco destacou os critérios reais para a vida cristã: "Uma coisa é viver na esperança, porque na esperança somos salvos, e outra coisa é viver como bons cristãos, nada mais". Uma coisa é estar “ancorado na margem Além", outra coisa é permanecer "estacionado na lagoa artificial".
É importante, nesse sentido, olhar para o exemplo da Virgem Maria que, desde o momento da sua maternidade, muda de atitude, e canta um hino de louvor a Deus. A esperança, portanto, é também esta mudança de atitude: "somos nós, mas não somos nós; somos nós, olhando lá, ancorados lá

sábado, 26 de outubro de 2013

Com(o) os outros…




Lc 18, 11 Meu Deus eu te dou graças por não ser como os outros homens"
Em matéria de julgamentos, a experiência mostra que é preciso muita humildade (que tem a ver com a verdade e, por isso mesmo, precisa ser procurada!). Por um lado, há o riso de exagerar as qualidades daquilo que é dos outros: “a galinha da vizinha é melhor que a minha”, “o que vem de fora é que é bom”, ou até se elogiam “os maridos da outras” como bem cantado foi por Miguel Araújo. Por outro, há o perigo (de que o fariseu deste evangelho é exemplo) de exagerar virtudes próprias, construíndo auréolas brilhantes, espalhando imagem e “glamour” salpicada de água benta, para se colocar em pedestais, bem acima dos outros, num mundo à parte. E quando toca a misturar a tentação de julgar os outros com a presunção de “defender Deus e a santa religião” o equívoco pode ser ainda maior.
Grande escândalo o de Jesus, em apresentar como modelos da vida da graça as prostitutas, os publicanos, os samaritanos e até as crianças! Que exemplos de ordem e de lei podemos apresentar aos mais novos? Como respeitarão um Deus que parece não castigar os infratores nem recompensar os cumpridores (sabe Deus o esforço de “não ser como os outros”!)? Esta surpresa do Pai que Jesus revela nunca se esgotará para nós. Porque não é a “rama”, aquilo que somos exteriormente, que importa. O que é mesmo importante é o que somos por dentro, é o fundo de nós mesmos onde olhamos Deus face a face ou nos olhamos simplesmente ao espelho. É aí que pode haver encontro que liberta e salva ou auto-justificação que nos fecha ainda mais numa redoma. Na parábola do fariseu e do publicano, mais do que os actos bons ou menos bons, religiosos ou não, o que importa é o interior de cada um. O fariseu veio apresentar os seus créditos e esperar a recompensa, tratou Deus como um patrão e ficou na mesma; o publicano veio de mãos vazias, tratou Deus como alguém que se ama, pediu perdão, e regressou com caminhos novos para percorrer.
Quando Deus se revela mais salvador do que castigador o medo é vencido pela esperança, e a aparência pela verdade. Ficam no desemprego os especialistas em julgar a parte pelo todo, e os “diáconos Remédios” da moralidade (que pena ter ficado associado a esta genial caricatura um grau do sacramento da Ordem tão belo e cujo nome significa “servidor”). Jesus não teve problemas em ser identificado com os “outros”, “Nazareno”, e até chamado “comilão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores” (Lc 7, 34). Porque Ele é o “Deus connosco” e nada do que somos O escandaliza. Jesus sabe bem que, no fundo, somos filhos amados de Deus. E tudo o que impede essa descoberta é que é importante fazer desaparecer!
P. Vítor Gonçalves

Ter a coragem de chamar os pecados pelo seu nome perante o confessor

Homilia desta manhã na Missa celebrada pelo Papa Francisco na Casa de Santa Marta
Por Redacao
ROMA, 25 de Outubro de 2013 (Zenit.org) - Ter a coragem de chamar os pecados pelo seu nome perante o confessor. Esta a ideia principal da homilia desta manhã na Missa celebrada pelo Papa Francisco na Casa de Santa Marta que foi inteiramente dedicada ao Sacramento da Reconciliação. Segundo o Santo Padre, para muitos adultos confessar os pecados perante um sacerdote é um esforço insustentável que pode transformar um momento de verdade num exercício de ficção. O Papa Francisco comentou a Carta de S. Paulo aos Romanos em que o Apóstolo admite publicamente perante toda a comunidade que na “sua carne não habita o bem” e ainda admitiu ser um “escravo” que não faz o bem que quer, mas cumpre o mal que não quer. O Papa diz-nos que esta é a luta dos cristãos:
“E esta é a luta dos cristãos. É a nossa luta de todos os dias. E nós nem sempre temos a coragem de falar como fala Paulo sobre esta luta. Sempre tentamos uma via de justificação: ‘Mas sim, somos todos pecadores. Dizemos assim, não é? Isto dizêmo-lo dramaticamente: é a nossa luta. E se nós não reconhecermos isto nunca poderemos ter o perdão de Deus.”
“Alguns dizem: ‘Ah, eu confesso-me com Deus!. Mas, é fácil, é como confessar por email, não é? Deus está lá longe, eu digo as coisas e não há um face a face, não há um olho no olho. Paulo confessa as suas debilidades diretamente aos irmãos, face a face. Há ainda outros que dizem: eu vou confessar-me; mas confessam-se de coisas tão etéreas, tanto no ar que não são concretas. E isso é a mesma coisa que não o fazer. Confessar os nossos pecados não é como ir ao psiquiatra, ou ir para uma sala de tortura: é dizer ao Senhor; eu sou pecador, mas dizê-lo através do irmão, para que seja concreto.”
O cristão deve lidar com o seu pecado de uma forma concreta, honesta e ter a capacidade de se envergonhar perante Deus, pedindo perdão e reconciliando-se confessando os seus pecados. E, segundo o Papa Francisco, o melhor mesmo é imitarmos as crianças:
“ Os pequenos têm aquela sabedoria: quando uma criança vem confessar-se nunca diz coisas genéricas. ‘Mas Padre eu fiz isto à minha tia, eu disse aquela palavra!’ São concretos. Têm aquela simplicidade da verdade. E nós temos sempre a tendência de escondermos a realidade e as nossas misérias. Mas, há uma coisa bela: quando confessamos os nossos pecados, como estamos na presença de Deus, sentimos sempre vergonha. Envergonharmo-nos perante Deus é uma graça. Recordemos Pedro quando depois do milagre de Jesus no Lago diz: ‘Senhor afasta-te de mim que sou pecador’. Envergonha-se do seu pecado perante a santidade de Jesus Cristo.” (Red. Rádio Vaticano / Red. ZENIT T.S.)

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Levar a sério Jesus Cristo. Não podemos ser cristãos pela metade


Em Santa Marta, o Papa alerta para a atitude do digo que sou cristão, mas vivo como pagão " e exorta a levar adiante a santificação realizada por Cristo em nós com obras de justiça
Por Salvatore Cernuzio
ROMA, 24 de Outubro de 2013 (Zenit.org) - Além da Igreja e da Cúria, se existe uma "reforma" que o Papa Francisco está implementando é a da consciência do povo de Deus, alertando, através das homilias diárias em Santa Marta, sobre as tentações e clichês com os quais o cristão corre o risco de se afastar de Cristo.
Também na missa celebrada hoje, no Vaticano, o Santo Padre foi peremptório: "Não é possível ser cristão de meio caminho". Há um antes e um depois de Jesus, ou seja, um momento inicial, sujo pelo pecado e pela injustiça, e depois, a "recriação" operada por Jesus. E nós, enquanto batizados, devemos "levar a sério" a estrada traçada por Cristo com as gotas de seu sangue, e leva-la adiante com obras de santidade.
São Paulo, na Carta aos Romanos, usa essa lógica do "antes e depois" de Jesus, para explicar o mistério da nossa redenção. "Nós fomos refeitos em Cristo!" -disse Francisco-. "O que Cristo fez por nós é uma recriação: o sangue de Cristo nos recriou". Se antes "toda a nossa vida, nosso corpo, nossa alma, nossos hábitos estavam na estrada do pecado, da iniquidade, após esta recriação devemos fazer um esforço de caminhar na estrada da justiça, da santificação".
No momento em que recebemos o Batismo -disse o Papa- "nossos pais em nosso nome fizeram um Ato de fé: "Creio em Jesus Cristo, que nos perdoou os pecados". Esta fé, portanto, devemos "levar adiante com o nosso modo de vida", realizando "obras para a santificação” que renovam “a primeira santificação que todos nós recebemos no Batismo".
"Realmente nós somos fracos e, muitas vezes, cometemos pecados, imperfeições” –e observou o Santo Padre- "este é o caminho da santificação?". Depende. "Se você se acostuma: 'Minha vida é um pouco assim, mas eu acredito em Jesus Cristo, mas vivo como eu quero; isso não te santifica, e não está bem! É uma contradição!" -advertiu o Papa-. Ao contrário, “se você disser: Eu sou mesmo um pecador, eu sou fraco e vai dizer ao Senhor: "Mas Senhor, o Senhor tem a força, dá-me a fé! O Senhor pode curar-me!" E, no Sacramento da Reconciliação se deixa curar, até mesmo nossas imperfeições servem neste caminho de santificação”.
O verdadeiro problema - comentou Bergoglio - é que precisamos "levar a sério" o caminho para a santidade que Cristo nos indicou. A primeira maneira é fazer obras de justiça: nem milagres, nem atos heroicos, mas "obras simples" como "adorar a Deus" e "ajudar os outros". Ou seja, as obras que “Jesus fez: obras de justiça, obras de recriação". "Quando damos comida a quem tem fome" -acrescentou o Papa- "recriamos nele a esperança". Se, ao invés, "aceitamos a fé e depois não a vivemos, somos cristãos apenas na memória”.
"Sem esta consciência do antes e depois da qual Paulo nos fala, nosso cristianismo não serve para ninguém!" -afirmou o Santo Padre-. Corre-se o risco de desviar do caminho de santidade para o atalho da hipocrisia, do “me digo cristão, mas vivo como pagão". Desta forma, “nos tornamos cristãos de meio caminho”, cristãos “mornos" que não levam a sério o fato de que "somos santos, justificados, santificados pelo sangue de Cristo”.
O Papa insistiu: "Devemos deixar tudo o que nos afasta de Jesus Cristo e refazer tudo do início: Tudo é novidade em Cristo!”. Não é impossível – encoraja o Papa- "é possível fazer": fez São Paulo e tantos outros santos, até mesmo aqueles anônimos que vivem o cristianismo seriamente".
Francisco concluiu sua homilia com uma pergunta: "Queremos viver o cristianismo seriamente? Queremos levar adiante esta recriação?". Se assim for –exortou- “peçamos a São Paulo que nos dê a graça de viver seriamente como cristãos, de acreditar que fomos realmente santificados pelo sangue de Jesus Cristo”

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Francisco incentiva o diálogo com os fiéis na praça de São Pedro


Francisco incentiva o diálogo com os fiéis na praça de São Pedro
Por Rocio Lancho García
ROMA, 23 de Outubro de 2013 (Zenit.org) - Eram quase 10h da manhã quando o santo padre chegou à praça no papamóvel. Desde as primeiras horas, ônibus de peregrinos já estacionavam nos arredores do Vaticano e os peregrinos ocupavam os lugares para tentar saudar o santo padre. Mesmo no fim de outubro, o tempo em Roma ainda permite audiências ao ar livre, sem a necessidade de transferi-las para a Sala Paulo VI, onde o espaço é bem mais limitado. Na manhã de hoje, cerca de 100.000 pessoas estiveram presentes na audiência geral.
Ao ritmo de tambores e em meio aos balões que coloriam a Praça de São Pedro, Francisco percorreu as “ruas” improvisadas entre a multidão e saudou os fiéis vindos de todo o mundo para escutar a sua catequese. Hoje, o papa propôs uma reflexão sobre a Virgem Maria como “modelo da Igreja na ordem da fé, da caridade e da união perfeita com Cristo”.
Durante o trajeto, o bispo de Roma desceu do papamóvel algumas vezes. Ele conversou durante alguns minutos com uma senhora em cadeira de rodas, a quem abraçou e deu a bênção, além de, com muita ternura, lhe colocar um chapéu. Um pouco mais adiante, um jovem também em cadeira de rodas pôde intercambiar outras palavras com Francisco.
Durante a catequese, o santo padre fez perguntas em várias ocasiões aos fiéis presentes na praça e os incentivou com gestos a responder em voz alta e com força.
“Na catequese de hoje”, disse ele, “e seguindo o concílio Vaticano II, quero refletir sobre Maria como modelo da 'Igreja na ordem da fé, da caridade e da união perfeita com Cristo'. Ela é modelo de fé não só porque, como judia, esperava o redentor, e, com seu sim, aderiu ao projeto de Deus, mas porque, desde aquele momento da vida, ela se centrou em Jesus”.
“Ela se centra em Jesus na cotidianidade de uma mulher humilde, que, no entanto, vive imersa no mistério. O seu sim, já perfeito desde o início, cresce até a cruz, em que a sua maternidade abraça todos. E é modelo de caridade, como vemos na Visitação, porque ela não apenas ajuda a prima, como também leva até ela o Cristo, a perfeita alegria que vem do Espírito e um amor oblativo”.
“Maria é modelo também de união com Cristo, seja em suas tarefas cotidianas, seja no caminho da cruz, até se unir a Ele no martírio do coração. E agora vamos nos perguntar: como é que a figura de Maria nos interpela? Apenas de longe? Recorremos a ela somente na hora da provação? Somos capazes, como ela, de amar na entrega total? Estamos unidos a Jesus, seguindo o exemplo dela, em uma relação constante, ou só nos lembramos dele na hora da necessidade?".
Ao finalizar as despedidas em diversos idiomas, o santo padre continuou saudando as pessoas, entre elas os bispos presentes, com quem intercambiou afetuosos abraços. Depois, desceu a rampa e se aproximou dos doentes, dos recém-casados e das demais pessoas que estavam nas fileiras mais próximas

A Igreja olha para a Virgem Mãe de Deus como sua figura e modelo na ordem da fé, da caridade e da perfeita união com Cristo. Como filha de Israel, Maria espera e crê com todo o coração na redenção do seu povo. A sua fé, porém, recebe uma luz nova quando o anjo Lhe anuncia: serás Tu a Mãe do Redentor. N’Ela tem cumprimento a fé de Israel e, neste sentido, Maria é o modelo da fé da Igreja, que toda se concentra em Jesus. Na verdade, a principal ajuda que Igreja é enviada a levar aos homens é Cristo e o seu Evangelho: ela não se anuncia a si mesma, mas o amor de Cristo, que renova o mundo. A Igreja aprende isto, olhando para o amor de Maria: na visita à sua prima Isabel, mais do que a ajuda das suas mãos, o que faz saltar e transbordar de alegria é Jesus que Ela leva no seu seio. Por fim, Maria é modelo de união com Cristo, vivendo imersa no mistério de Deus feito homem, como sua primeira e perfeita discípula, meditando tudo no seu coração à luz do Espírito Santo para compreender e pôr em prática toda a vontade de Deus. 


O Papa Francisco saudou, em italiano, os peregrinos lusófonos, saudação proposta depois em português por Mons. Ferreira da Costa:

Amados peregrinos de língua portuguesa, dirijo uma cordial saudação a todos, particularmente aos grupos brasileiros de Belo Horizonte, Braço do Norte e Jundiaí. Este mês de Outubro encoraja-nos a perseverar na reza diária do terço, possivelmente em família, para que se reflicta também na Igreja doméstica o modelo de Maria. O segredo da sua paz e confiança estava nesta certeza: «A Deus, nada é impossível». Desça, pois, sobre vós e vossas famílias a Bênção do Senhor.

“Deus está preso numa cela com os fracos”


 Praça de São Pedro foi pequena para as 85 mil pessoas que pediram bilhetes para a audiência geral desta quarta-feira, em Roma. 

Antes de dar início à sua catequese semanal, o Papa Francisco fez questão de ir até às bordas da multidão para saudar os que mal conseguiam entrar na praça, pondo em prática, naquele instante, o seu apelo constante de ir às “periferias”. 

Numa palavra dirigida de forma especial aos muitos capelães prisionais que se encontravam na Praça, o Papa referiu a proximidade de Jesus aos reclusos: “Nenhuma cela é tão isolada que possa excluir o amor de Deus”, disse. “Também Deus está preso, numa cela com os fracos”, insistiu. 

Aos fiéis presentes esta manhã em Roma, e a todos os que acompanhavam a audiência, um pouco por todo o mundo, o Papa voltou a explicar que a missão da Igreja não passa só, nem em primeiro lugar, pelo auxílio social: “A Igreja não é uma loja, a Igreja não é uma agência humanitária, a Igreja não é uma ONG, a Igreja é enviada a levar a todos Cristo e o seu Evangelho é este o centro da Igreja, levar Jesus”. 

Depois o Papa perguntou aos fiéis se o amor de Jesus que levam aos seus próximos é tão diluído que, embora lhe chamemos vinho, sabe a água. "E nós, que somos a Igreja, qual é o amor que levamos aos outros? É o amor de Jesus, que partilha, que perdoa, que acompanha, ou é um amor muito diluído? Quando se diluí demasiado o vinho, sabe a água: é assim o nosso amor?" 

No final da audiência geral, como de costume, o Papa saudou pessoalmente os muitos bispos que estiveram presentes. A dada altura um bispo católico de rito oriental retirou o seu “engolpion”, uma medalha com um ícone, frequentemente de Nossa Senhora, que todos os bispos orientais utilizam, da mesma forma que os bispos do ocidente usam uma cruz peitoral, e colocou-a à volta do pescoço do Papa. Francisco sorriu e, sem o retirar, manteve-o enquanto cumprimentou os restantes bispos. 



Francisco volta a enfatizar a insuficiência da razão humana no caminho rumo a Deus


Homilia na Casa Santa Marta: papa destaca que, para entrar no mistério de Deus, também são necessárias a contemplação, a proximidade e a abundância
Por Salvatore Cernuzio
CIDADE DO VATICANO, 22 de Outubro de 2013 (Zenit.org) - Partindo da primeira leitura de hoje (Rm 5,12.15b.17-19.20b-21), o Santo Padre afirmou que o mistério de Deus "é sempre um mistério maravilhoso".
A compreensão desse mistério, que se refere "à nossa salvação e redenção", só ocorre “quando nos ajoelhamos em contemplação”. Quando a inteligência pretende explicar sozinha algo que é mistério, "ela se torna louca", completou o papa.
A contemplação é, portanto, "a primeira palavra que talvez nos ajude" a entrar no mistério, e o mistério deve absorver cada componente humano: "inteligência, coração, joelhos, oração".
A segunda palavra que nos ajuda a entrar no mistério é "proximidade", que se substancia na natureza de Jesus Cristo: como ser humano, ele faz um "trabalho de artesão, de operário". Se um homem, Adão, cometeu o primeiro pecado, também um homem, Jesus, nos redimiu. E Deus sempre "caminhou junto com o seu povo", desde os tempos de Abraão.
Como um "enfermeiro" no hospital, "Deus vai curando as feridas". Ele "se envolve nas nossas misérias, fica mais perto das nossas feridas e as cura com a mão, e, para ter mãos, ele se tornou homem".
Deus vem essencialmente para nos curar do pecado e não nos salva "por decreto", mas com "ternura"; nos salva "com carícias" e "com a vida".
A terceira palavra-chave é "abundância". São Paulo diz: "Onde o pecado abundou, a graça superabundou". Cada um de nós sabe dos seus pecados e da sua miséria, mas "o desafio que Deus nos faz é vencer, curar essas feridas", e, acima de tudo, "doar superabundantemente o seu amor, a sua graça". Assim, entendemos a "preferência de Jesus pelos pecadores".
Se no coração das pessoas "abundava o pecado", ele se aproximava com "a superabundância da graça e do amor". A graça de Deus sempre vence, "porque é ele mesmo quem se dá, quem se achega, quem nos acaricia, quem nos cura".
Embora algumas pessoas possam não gostar muito de reconhecer, “aqueles que estão mais próximos do coração de Jesus são os mais pecadores”. Ele mesmo diz: "Quem tem boa saúde não precisa de médico. Eu vim para curar, para salvar".
Um dos “pecados mais feios”, continuou o Santo Padre, é a desconfiança, especialmente em relação a Deus. Como é possível "desconfiar de um Deus tão próximo, tão bom, que prefere o coração pecador?". É um mistério difícil de entender, especialmente se nos obstinamos em tentar entendê-lo apenas "com a inteligência".
De muito mais ajuda, disse Francisco, serão as três palavras mencionadas: contemplação, proximidade e abundância. E Deus sempre vence "com a superabundância da sua graça, com a sua ternura", "com a sua riqueza de misericórdia", encerrou o papa.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

O apego ao dinheiro destrói tudo: pessoas, famílias, relacionamentos


papa Francisco_10ROMA, 21 de Outubro de 2013 (Zenit.org) - O dinheiro destrói tudo: famílias, relações com os outros, você mesmo. Para os pastores e padres a reflexão do Papa Francisco nesta manhã em Santa Marta será um novo ponto de partida para as catequeses e homilias: “O Papa disse que não devemos ser atacados ao dinheiro". Para alguns críticos será outra banalidade dita por Bergoglio, o "Papa – pauperista" que pensa apenas nos pobres.
A homilia do Santo Padre não é uma 'pílula matutina do bom humor', mas uma denúncia do que pode ser um veneno para a alma do homem: a ganância.
Papa Francisco reiterou isso muito bem: o apego ao dinheiro "leva à idolatria, destrói as relações com os outros". E quando falta um relacionamento de amor com o outro, é difícil ter um relacionamento com Deus. Bergoglio, no entanto, não quis simplesmente condenar a riqueza: essa “pode ser um instrumento de salvação e redenção, se você a considerar como dom de Deus e colocar à disposição daqueles que necessitam – afirmou.
O Papa fala por fatos, através das coisas que viveu e experimentou durante décadas de ministério pastoral no meio do povo: "Quantas famílias destruídas vemos pelo problema do dinheiro: irmão contra irmão, pai contra filho...". Bem como mostra o Evangelho, na liturgia de hoje (Lc 12, 13-21) que conta a história de um homem que corre o risco de separar-se de um irmão de carne por questão de herança e pede a Jesus para intervir.
"Essa é a primeira consequencia da atitude de estar apegado ao dinheiro: destrói" - disse o Papa - "Quando uma pessoa é apegada ao dinheiro, destrói a si mesma, destrói a família! O dinheiro destrói!É assim ou não?”
"O dinheiro - melhor explica o Santo Padre - serve para levar avante muitas coisas boas, muitos projetos para desenvolver a humanidade, mas quando o seu coração está apegado, destrói a pessoa". Jesus narra a parábola do homem rico que "acumula tesouros para si e não é rico para Deus".
"Isso é o que dói -acrescenta Francisco- a cupidez na minha relação com o dinheiro. Ter mais, ter mais, ter mais... ". O problema não é ser rico -diz o Papa- "mas a atitude, que se chama ganância” e que "provoca doença, porque leva você a pensar tudo em função do dinheiro".
“A cupidez é um instrumento da idolatria pois vai na direção contrária àquela que Deus traçou para nós”. O Papa recordou São Paulo quando diz: "Jesus Cristo, que era rico, se fez pobre para nos enriquecer". O caminho de Deus é, portanto, "a humildade, o abaixar-se para servir". A cupidez, ao invés, leva o cristão a percorrer uma estrada contrária: "Você, que é um pobre homem, se faz Deus por vaidade"- disse o Santo Padre.
O caminho que Deus nos ensina "não é o caminho da pobreza pela pobreza" - destacou Bergoglio- é "o caminho da pobreza como instrumento, para que Deus seja Deus, para que Ele seja o único Senhor”. Por isso, "todos os bens que temos, o Senhor nos dá para que levemos adiante o mundo, adiante a humanidade, para ajudar os outros".
Jesus -recordou o Papa- "nos diz que não devemos nos preocupar, pois o Senhor sabe do que precisamos", e convida-nos ao “abandono confiante no Pai, que faz florir os lírios do campo e alimenta as aves”. Então - concluiu o Papa- devemos “esculpir hoje, no coração, a Palavra de Deus:‘Cuidado e mantenham distância de toda cupidez, porque mesmo que alguém viva na abundância, a sua vida não depende daquilo que possui”.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Luz da Fé: Felizes os que Acreditam



Dário Pedroso, s.j.
A primeira encíclica do Papa Francisco, já iniciada pelo Papa Bento XVI, vem terminar o tríptico das três encíclicas sobre a Caridade, a Esperança e, agora, a Fé, com o título: «Luz da Fé».
«Felizes daqueles que acreditam sem terem visto» é a grande e última bem-aventurança proclamada por Jesus na aparição em domingo de Pascoela, no Cenáculo, com a presença de S. Tomé, o incrédulo (Jo 20, 24-29). Felizes os que acreditam, felizes o que desejam crescer na fé, felizes os que transmitem a fé aos outros, felizes os que traduzem a fé em obras de caridade, felizes os que sofrem com fé, felizes aqueles cuja fé os leva à audácia do martírio, felizes os que vivem os sacramentos com uma fé cada vez mais adulta e mais amadurecida, felizes os que, acreditando, dão ao mundo o testemunho eloquente da sua fé em Jesus Cristo, Salvador e Redentor, felizes os que vivem a fé em Igreja e como a Igreja a transmite.
A «luz da fé» ilumina a inteligência e faz-nos pensar e discernir com os critérios do Evangelho, acertar com a vontade de Deus e desejar vivê-la com encanto. A «luz da fé» ilumina o coração, fá-lo descobrir em cada pessoa o rosto de Jesus e amar cada um com ternura e carinho, servindo-os com alegria. A «luz da fé» dá a graça de viver a verdade e na verdade, não aceitando a mentira, o erro, a falsidade como critério de pensar e de agir. A «luz da fé» concede o dom da justiça que não pactua com a exploração, a fraude, o suborno, a exploração criminosa. A «luz da fé» ajuda a ver com olhar de Deus, olhar límpido que procura só ver o bem e o positivo, a beleza de Deus e do mundo, sem se debruçar no mal, no pecado, no lixo que é sujo e que suja o coração e a vida. A «luz da fé» dá-nos a graça de conhecer Jesus interiormente para melhor O amar e servir, melhor O imitar, impregnando a vida do sabor evangélico.
Sem a «luz da fé», não há paz nem alegria, semeia-se o ódio, a discórdia, a guerra, a fome, a manipulação criminosa. Sem a «luz da fé», o pecado não é visto na sua dimensão de traição ao amor, não se descobrem as suas consequências, não se vêem os seus tentáculos de mal. Sem a «luz da fé» pode surgir uma crendice doentia, uma oração estéril, uma piedade piegas e vazia de sentido, uma vida de sacramentos sem amor e sem compromisso. Sem a «luz da fé», há falta de respeito e de amor à vida e à dignidade humana e mata-se, rouba-se, geram-se conflitos dolorosos.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A idolatria e a hipocrisia matam a verdadeira fé cristã


Durante a homilia em Santa Marta, papa Francisco exorta a não colocar as próprias ideias antes de Deus
Por Luca Marcolivio
ROMA, 15 de Outubro de 2013 (Zenit.org) - Ninguém é autenticamente cristão se esquece do “Novo mandamento” que Jesus ensinou: amar o próximo como Ele te ama. Afirmou papa Francisco nesta manhã, durante a missa em Santa Marta, em uma homilia centrada no tema da fé autêntica em contraposição ao formalismo e a hipocrisia.
Muitos cristãos, observou o Santo Padre, são tentados a se transformarem em “apóstolos das próprias ideias”, e não do Evangelho; “devotos do bem estar” e não de Deus.
Na primeira leitura de hoje, São Paulo fala do fenômeno da idolatria daqueles que mesmo conhecendo a Deus, não glorificaram nem agradeceram a Deus: “trocaram a verdade de Deus pela mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, que é bendito para sempre” (cf.Rm 15, 25). Este tipo de idolatria pode “sufocar a verdade da fé, na qual se revela a justiça de Deus”, comentou o Santo Padre.
Os idólatras se perdem “no egoísmo do próprio pensamento, o pensamento onipontente... eu penso a verdade e faço a verdade com o meu pensamento”.
Se em determinado período os ídolos eram estátuas, répteis, ... hoje tomam uma forma diversa: “existem muitos ídolos e muitos idólatras que se acham ‘sabidos’, inclusive entre nós, cristãos, que trocam a glória incorruptível de Deus com a imagem do próprio ‘eu’, as minhas ideias, a minha comodidade.”
Como ninguém está imune às seduções dos ídolos, “podemos perguntar a Deus: qual é o meu ídolo escondido?”
Como São Paulo estigmatizava os idólatras, Jesus não era menos severo com os hipócritas que se espantaram “de que ele não se tivesse lavado antes de comer”  (Cf Lucas 11, 37-41).
“Se tu és um carreirista, se tu és ambicioso, se tu és uma pessoa que sempre se gaba de si próprio, porque acredita que é perfeito – continuou o Santo Padre -  faz um pouco de esmola e isso curará a tua hipocrisia”.
A estrada do Senhor “é adorar Deus, amar Deus, que é sobretudo amar o próximo”.  É tão “simples mas tão difícil! Isto apenas se faz com a graça! Peçamos esta graça

terça-feira, 15 de outubro de 2013

O cristão deve mostrar uma vida concreta de fé praticada




ROMA, 14 de Outubro de 2013 (Zenit.org) - O Papa Francisco resumiu em três pontos o assunto tratado hoje em audiência com os participantes da Assembleia Plenária do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização. "O que eu gostaria de dizer hoje a vocês pode ser resumido em três pontos: primado do testemunho; urgência de ir ao encontro; projeto pastoral centrado no essencial" –afirmou. 
O Papa iniciou falando sobre atitude de indiferença para com a fé no nosso tempo e explicou que “a fé é um dom de Deus, mas é importante que nós, cristãos, mostremos uma vida concreta de fé praticada, por meio do amor, da concórdia, da alegria, do sofrimento, porque isso levanta questões, como no início da jornada da Igreja: por que eles vivem assim? O que os impulsiona?”
"A nova evangelização, que nos chama a ter coragem de nadar contra a corrente, de nos convertermos dos ídolos para o Deus único e verdadeiro, não pode deixar de usar a linguagem da misericórdia, feita mais de gestos e atitudes do que de palavras".
Sobre a urgência de ir ao encontro o pontífice recordou que “o Filho de Deus "saiu" da sua condição divina e veio ao nosso encontro” e por isso “cada cristão é chamado a ir ao encontro dos outros, a dialogar com aqueles que não pensam como nós, com aqueles que têm uma fé diferente, ou que não têm fé”.
O Papa destacou ainda que “a Igreja é a casa em que as portas estão sempre abertas não só para que cada um encontre acolhimento e respire amor e esperança, mas também para que possamos transmitir esse amor e esperança”.
“Tudo isso não é abandonado ao mero acaso dentro da Igreja, à mera improvisação”-comentou Francisco destacando a importância de um projeto pastoral que “animado pela criatividade e pela imaginação do Espírito Santo, que nos leva também a seguir novos caminhos, com coragem, sem nos fossilizar!”
O Pontífice levou os presentes a refletirem sobre a pastoral nas dioceses e paróquias. E questionou: “Ela torna visível o essencial, que é Jesus Cristo? As diferentes experiências, características, caminham juntas na harmonia que o Espírito Santo nos traz? Ou a nossa pastoral é dispersa, fragmentada, e, no fim, cada um age por conta própria?”
Ao final, o papa Francisco destacou o serviço dos catequistas: “É valioso para a nova evangelização o serviço dos catequistas, e é importante que os pais sejam os primeiros catequistas, os primeiros educadores da fé na própria família, com o testemunho e com a palavra.”

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

O Papa consagra o mundo ao Imaculado Coração de Maria

Bem-aventurada Maria Virgem de Fátima,
com renovada gratidão pela tua presença materna
unimos a nossa voz àquela de todas as gerações
que te chamam bem-aventurada.

Celebramos em ti as grandes obras de Deus,
que jamais se cansa de prostrar-se com misericórdia
sobre a humanidade, afligida pelo mal e ferida pelo pecado,
para curá-la e para salvá-la.

Acolhe com benevolência de Mãe
O ato de consagração que hoje fazemos

com confiança, diante desta tua imagem
tão querida a nós.
Estamos certos de que cada um de nós é precioso aos teus olhos
e que nada é a ti estranho de tudo aquilo que habita em nossos corações.

Nos deixamos alcançar pelo teu dulcíssimo olhar
e recebemos o afago consolador do teu sorriso.

Protege a nossa vida entre os teus braços:
abençoa e reforça todo desejo de bem;
reaviva e alimenta a fé;
ampara e ilumina a esperança;
suscita e anima a caridade;
guia todos nós no caminho da santidade.

Ensina-nos o teu mesmo amor de predileção
Pelos pequenos e pelos pobres,
pelos excluídos e os sofredores,
pelos pecadores e os dispersos de coração:
reúne todos sob tua proteção
e os entrega ao teu Filho amado, o Senhor nosso Jesus.
com renovada gratidão pela tua presença materna
unimos a nossa voz àquela de todas as gerações
que te chamam bem-aventurada.

Celebramos em ti as grandes obras de Deus,
que jamais se cansa de prostrar-se com misericórdia
sobre a humanidade, afligida pelo mal e ferida pelo pecado,
para curá-la e para salvá-la.

Acolhe com benevolência de Mãe
O ato de consagração que hoje fazemos

com confiança, diante desta tua imagem
tão querida a nós.
Estamos certos de que cada um de nós é precioso aos teus olhos
e que nada é a ti estranho de tudo aquilo que habita em nossos corações.

Nos deixamos alcançar pelo teu dulcíssimo olhar
e recebemos o afago consolador do teu sorriso.

Protege a nossa vida entre os teus braços:
abençoa e reforça todo desejo de bem;
reaviva e alimenta a fé;
ampara e ilumina a esperança;
suscita e anima a caridade;
guia todos nós no caminho da santidade.

Ensina-nos o teu mesmo amor de predileção
Pelos pequenos e pelos pobres,
pelos excluídos e os sofredores,
pelos pecadores e os dispersos de coração:
reúne todos sob tua proteção
e os entrega ao teu Filho amado, o Senhor nosso Jesus. Amén

"Caridade é ter o comportamento pastoral de Jesus Cristo"- Mensagem do P...

Libertemo-nos da “síndrome de Jonas” – o Papa Francisco na Missa desta segunda-feira em que pediu aos cristãos para escolherem o atitude do amor misericordioso


É preciso combater a “síndrome de Jonas” que nos leva à hipocrisia de pensar que para a salvação bastam as nossas obras. Esta a principal mensagem do Papa Francisco na manhã desta segunda-feira na Missa na Capela da Casa de Santa Marta.“Síndrome de Jonas” e “Sinal de Jonas” são os dois conceitos desenvolvidos pelo Papa Francisco. No primeiro refere-se aos fariseus hipócritas como geração malvada que não se preocupam com a salvação da gente pobre dos ignorantes e dos pecadores e atuam seguindo a “síndrome de Jonas” que assumia uma postura intransigente dizendo que a doutrina era aquela e os pecadores que se arranjassem! Quanto ao segundo conceito o do “sinal de Jonas” o Santo Padre esclarece ser o momento em que ele se encontra dentro da baleia por três dias e três noites, numa referência óbvia a Jesus no sepulcro. Este “sinal de Jonas” é um sinal de Jesus contra a hipocrisia dos que não lêem os sinais de Deus e que, ao contrário sofrem da “síndrome de Jonas”...
“A síndrome de Jonas não tem zelo pela conversão da gente, procura uma santidade – permitam-me a palavra – uma santidade de tinturaria, toda bela, toda bem feita, mas sem aquele zelo de ir pregar o Senhor. Mas o Senhor perante esta geração doente da “síndrome de Jonas” promete o “sinal de Jonas”. A outra versão aquela de Mateus, diz: Jonas esteve dentro da baleia três noites e três dias, referência a Jesus no sepulcro – à sua morte e à sua ressurreição – e aquilo é o sinal que Jesus promete, contra a hipocrisia, contra esta atitude de religiosidade perfeita, contra esta atitude de um grupo de fariseus.”
Há uma parábola, diz o Papa, que descreve muito bem este aspeto que é aquela do fariseu e do publicano que rezam no templo. O fariseu está seguro de si próprio, ao contrário do publicano que só pede a piedade de Deus reconhecendo-se pecador. Eis o sinal que Jesus promete através da sua Morte e Ressurreição: “Misericórdia e não sacrifícios” – declarou o Papa Francisco:
“O sinal de Jonas, o verdadeiro, é aquele que nos dá a confiança de sermos salvos pelo sangue de Cristo. Quantos cristãos, quantos existem, que pensam que serão salvos apenas por aquilo que eles fazem, pelas suas obras. As obras são necessárias, mas são uma consequência, uma resposta ao amor misericordioso que nos salva. Mas as obras sozinhas sem este amor misericordioso não servem. A “síndrome de Jonas” tem confiança apenas na sua justiça pessoal, nas suas obras.”
Ao contrário desta síndrome de hipocrisia de auto-suficiência de cristãos perfeitinhos que seguem todos os mandamentos, o Santo Padre aponta o caminho dos sinais de Deus como aquele que o Papa Francisco parametrizou de “sinal de Jonas” que “nos chama a seguirmos todos o Senhor, porque todos somos pecadores, com humildade, com mansidão. Há um chamamento a seguir e também escolhas a fazer.” (RS)



domingo, 13 de outubro de 2013

Consagração a Nossa Senhora do Santo Padre

Nada é impossível à misericórdia de Deus

Nada é impossível à misericórdia de Deus
Catequese do Papa Francisco na tarde de ontem, sábado, 12 de Outubro
ROMA, 13 de Outubro de 2013 (Zenit.org) - Amados irmãos e irmãs,
Reunimo-nos aqui, neste encontro do Ano da Fé dedicado a Maria, Mãe de Cristo e da Igreja, nossa Mãe. A sua imagem, vinda de Fátima, ajuda-nos a sentir a sua presença no meio de nós. Maria leva-nos sempre a Jesus. É uma mulher de fé, uma verdadeira crente. Como foi a fé de Maria?
1. O primeiro elemento da sua fé é este: a fé de Maria desata o nó do pecado (cf. LG, 56). Que significa isto? Os Padres conciliares retomaram uma expressão de Santo Ireneu, que diz: «O nó da desobediência de Eva foi desatado pela obediência de Maria; aquilo que a virgem Eva atara com a sua incredulidade, desatou-o a virgem Maria com a sua fé» (Adv. Haer. III, 22, 4).
O «nó» da desobediência, o "nó" da incredulidade. Poderíamos dizer, quando uma criança desobedece à mãe ou ao pai, que se forma um pequeno «nó». Isto sucede, se a criança se dá conta do faz, especialmente se há pelo meio uma mentira; naquele momento, não se fia da mãe e do pai. Isto acontece tantas vezes! Então a relação com os pais precisa de ser limpa desta falta e, de facto, pede-se desculpa para que haja de novo harmonia e confiança. Algo parecido acontece no nosso relacionamento com Deus. Quando não O escutamos, não seguimos a sua vontade e realizamos acções concretas em que demonstramos falta de confiança n’Ele – isto é o pecado –, forma-se uma espécie de nó dentro de nós. Estes nós tiram-nos a paz e a serenidade. São perigosos, porque de vários nós pode resultar um emaranhado, que se vai tornando cada vez mais penoso e difícil de desatar.Mas, para a misericórdia de Deus, nada é impossível! Mesmo os nós mais complicados desatam-se com a sua graça. E Maria, que, com o seu «sim», abriu a porta a Deus para desatar o nó da desobediência antiga, é a mãe que, com paciência e ternura, nos leva a Deus, para que Ele desate os nós da nossa alma com a sua misericórdia de Pai. Poderíamos interrogar-nos: Quais são os nós que existem na minha vida? Para mudar, peço a Maria que me ajude a ter confiança na misericórdia de Deus?
2. Segundo elemento: a fé de Maria dá carne humana a Jesus. Diz o Concílio: «Acreditando e obedecendo, gerou na terra, sem ter conhecido varão, por obra e graça do Espírito Santo, o Filho do eterno Pai» (LG, 63). Este é um ponto em que os Padres da Igreja insistiram muito: Maria primeiro concebeu Jesus na fé e, depois, na carne, quando disse «sim» ao anúncio que Deus lhe dirigiu através do Anjo. Que significa isto? Significa que Deus não quis fazer-Se homem, ignorando a nossa liberdade, quis passar através do livre consentimento de Maria, do seu «sim».
Entretanto aquilo que aconteceu de uma forma única na Virgem Mãe, sucede a nível espiritual também em nós, quando acolhemos a Palavra de Deus com um coração bom e sincero, e a pomos em prática. É como se Deus tomasse carne em nós: Ele vem habitar em nós, porque faz morada naqueles que O amam e observam a sua palavra.Perguntemo-nos: Estamos nós conscientes disto? Ou pensamos que a encarnação de Jesus é um facto apenas do passado, que não nos toca pessoalmente? Crer em Jesus significa oferecer-Lhe a nossa carne, com a humildade e a coragem de Maria, para que Ele possa continuar a habitar no meio dos homens; significa oferecer-Lhe as nossas mãos, para acariciar os pequeninos e os pobres; os nossos pés, para ir ao encontro dos irmãos; os nossos braços, para sustentar quem é fraco e trabalhar na vinha do Senhor; a nossa mente, para pensar e fazer projectos à luz do Evangelho; e sobretudo o nosso coração, para amar e tomar decisões de acordo com a vontade de Deus. Tudo isto acontece graças à acção do Espírito Santo. Deixemo-nos guiar por Ele!
3. O último elemento é a fé de Maria como caminho: o Concílio afirma que Maria «avançou pelo caminho da fé» (LG, 58). Por isso, Ela nos precede neste caminho, nos acompanha e sustenta.
Em que sentido a fé de Maria foi um caminho? No sentido de que toda a sua vida foi seguir o seu Filho: Ele é a estrada, Ele é o caminho! Progredir na fé, avançar nesta peregrinação espiritual que é a fé, não é senão seguir a Jesus; ouvi-Lo e deixar-se guiar pelas suas palavras; ver como Ele se comporta e pôr os pés nas suas pegadas, ter os próprios sentimentos e atitudes d’Ele: humildade, misericórdia, solidariedade, mas também firme repulsa da hipocrisia, do fingimento, da idolatria. O caminho de Jesus é o do amor fiel até ao fim, até ao sacrifício da vida: é o caminho da cruz. Por isso, o caminho da fé passa através da cruz, e Maria compreendeu-o desde o princípio, quando Herodes queria matar Jesus recém-nascido. Mas, depois, esta cruz tornou-se mais profunda, quando Jesus foi rejeitado: então a fé de Maria enfrentou a incompreensão e o desprezo; quando chegou a «hora» de Jesus, a hora da paixão: então a fé de Maria foi a chamazinha na noite. Na noite de Sábado Santo, Maria esteve de vigia. A sua chamazinha, pequena mas clara, esteve acesa até ao alvorecer da Ressurreição; e quando lhe chegou a notícia de que o sepulcro estava vazio, no seu coração alastrou-se a alegria da fé, a fé cristã na morte e ressurreição de Jesus Cristo. Este é o ponto culminante do caminho da fé de Maria e de toda a Igreja. Como está a nossa fé? Temo-la, como Maria, acesa mesmo nos momentos difíceis, de escuridão? Tenho a alegria da fé?
Esta noite, ó Maria, nós Te agradecemos pela tua fé e renovamos a nossa entrega a Ti, Mãe da nossa fé.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Deixemos que Deus escreva a nossa vida – o Papa Francisco em Santa Marta apelou para que os cristãos não fujam de Deus




O Papa Francisco na Missa desta manhã na Capela da Casa de Santa Marta exortou os cristãos a deixarem que seja Deus a escrever a sua vida. Partindo das figuras de Jonas e do Bom Samaritano o Santo Padre falou sobre a fuga de Deus. Jonas, por exemplo, foi enviado pelo Senhor a Ninive e ele... foi para Espanha. Era um fugitivo de Deus:
“A fuga de Deus. Pode-se fugir de Deus mesmo sendo cristão, católico, ou mesmo se somos da ação católica e mesmo um padre, um bispo, o Papa... todos podemos fugir de Deus! É uma tentação quotidiana. Não ouvir Deus, não escutar a Sua voz, não sentir no coração a Sua proposta, o Seu convite. Pode-se fugir diretamente. Há outros maneiras de fugir de Deus, um pouco mais educadas, um pouco mais sofisticadas, não é? No Evangelho está este homem meio morto, estendido no chão da estrada, e por acaso um sacerdote descia por aquela mesma rua – um digno sacerdote com cabeção e tudo! Olhou e viu: Vou chegar tarde à Missa – e foi-se embora. Não tinha ouvido ali a voz de Deus.”
Depois deste episódio passou um levita que, segundo o Papa Francisco, terá pensado: “Se eu pego neste homem, que se calhar está morto, amanhã tenho que ir ao juiz dar testemunho...” e foi-se embora. Também ele fugiu da voz de Deus e só um pecador, um samaritano, distante de Deus, foi capaz – diz o Papa – de curar aquele homem e de o levar para um albergue. Perdeu toda a noite por aquele homem:
“O sacerdote chegou a tempo à Santa Missa, e todos fieis ficaram contentes; o levita teve no dia seguinte um dia tranquilo segundo aquilo que ele tinha pensado de fazer, porque não teve toda esta maçada de ir ao juiz e todas estas coisas... E porque é que Jonas fugiu de Deus? E porque é que o sacerdote fugiu de Deus? Porque fugiu o levita de Deus? Porque tinham o coração fechado, e quando temos o coração fechado, não podemos ouvir a voz de Deus. Ao contrário, um samaritano que ia em viagem viu e teve compaixão: tinha o coração aberto, era humano. E a humanidade aproximou-o.”

“Eu pergunto-me, a mim, e pergunto também a vós: deixamos que a nossa vida seja escrita por Deus ou queremos ser nós a escrevê-la? E isto fala-nos da docilidade: somos dóceis à Palavra de Deus? Sim, eu quero ser dócil! Mas tu tens capacidade de a ouvir, de a sentir? Tu tens capacidade de encontrar a Palavra de Deus na história de cada dia, ou as tuas ideias são aquelas que te regulam e não deixas que a surpresa do Senhor te fale?” (

A Missa não é um evento social, diz o Papa Francisco


A Missa não é um evento social, diz o Papa Francisco



VATICANO, 04 Out. 13 / 12:50 am (ACI/EWTN Noticias).- Na homilia da Missaque presidiu ontem na Casa Santa Marta onde reside, o Papa Francisco afirmou que a Missa não é um evento social, mas uma festa em que se faz presente Deus e não pode ser “domesticada” pelo hábito.
O Papa afirmou que “toda semana vamos à igreja, ou quando alguém morre vamos ao funeral… e essa memória, muitas vezes, nos aborrece porque não é próxima. É triste, mas a Missa muitas vezes se transforma em um evento social e não estamos próximos da memória da Igreja, que é a presença do Senhor diante de nós”.
O Papa Francisco se inspirou na passagem do Livro do Neemias, na primeira leitura de ontem, para centrar sua homilia no tema da memória. O Povo de Deus, observou, “tinha a memória da Lei, mas era uma memória distante”, aquele dia, por outro lado, “a memória se fez próxima” e “isto toca o coração”. Choravam “de alegria, não de dor”, disse o Santo Padre, “porque tinham a experiência da proximidade da salvação”:
“E isso é importante não somente nos grandes momentos históricos, mas nos momentos da nossa vida: todos temos a memória da salvação, todos. Mas, pergunto-me: esta memória está perto de nós, ou é uma memória um pouco distante, um pouco difusa, um pouco arcaica, um pouco de museu? Pode ir longe… E quando a memória não está próxima, quando não temos esta experiência de proximidade da memória, esta entra em um processo de transformação, e a memória se transforma em uma simples recordação”.
Quando a memória se torna distante, acrescentou o Papa, “transforma-se em lembrança; mas quando se faz próxima, transforma-se em alegria e esta é a alegria do povo”. Isto, disse também, constitui “um princípio da nossa vida cristã”. Quando a memória se faz próxima, reafirmou, “faz duas coisas: aquece o coração e dá alegria”.
“E esta alegria é nossa força. A alegria da memória próxima. Por outro lado, a memória domesticada, que se afasta e se converte em uma simples lembrança, não aquece o coração, não nos dá alegria e não nos dá força. Este encontro com a memória é um evento de salvação, é um encontro com o amor de Deus que fez historia conosco e nos salvou; é um encontro de salvação. E é tão bom ser salvos, que é preciso festejar”.
O Pontífice ressaltou que “quando Deus vem e se aproxima sempre há festa”. E “muitas vezes –constatou– nós os cristãos temos medo de festejar: esta festa simples e fraterna que é um dom da proximidade do Senhor”.
A vida, acrescentou, “nos leva a afastar esta proximidade, e a manter somente a lembrança da salvação, não a memória que está viva”. A Igreja, destacou, tem a “sua memória” que é a “memória da Paixão do Senhor”. “Também conosco, advertiu o Papa, acontece que afastamos esta memória e a transformamos em uma lembrança, em um evento habitual”.
Para concluir o Papa Francisco alentou a pedir ao Senhor “a graça de ter sempre a sua memória perto de nós, uma memória próxima e não domesticada pelo hábito, por tantas coisas, e distanciada numa simples lembrança”.

domingo, 6 de outubro de 2013

Peregrinação do Apostolado da Oração a Fatima




O Centro de Apostolado Oração, reuniu 43 dos seus elementos em peregrinação a Fátima por ocasião da Peregrinação Nacional do Apostolado da Oração
Foi um dia vivido em oração e comunhão de irmãos, Fraternidade
No regresso visitamos a linda cidade de Alcobaça, visitando o belíssimo Mosteiro de Alcobaça.

Uma Igreja Nova

António Valério, s.j.
Terminou ontem o primeiro encontro do Papa Francisco com a comissão dos oito cardeais nomeados para aconselharem o Santo Padre na reforma do governo da Cúria Romana. Ainda não se conhecem resultados muito concretos desta reunião, mas o facto de estarem marcados para breve (Dezembro e Fevereiro) mais dois encontros manifesta o grande interesse que o Papa Francisco tem em dar andamento célere a todo este processo.
Muito se tem falado acerca do Pontificado de Francisco, que certamente imprimiu um estilo muito particular e uma constante «roda viva» de mensagens e acontecimentos, com enorme impacto em redes sociais, seja por parte de crentes, seja por parte de não crentes. De facto, com o Papa Francisco a surpresa é não haver surpresa.
Um dos aspectos mais salientes no modo como se tem apreciado o pontificado do Papa Argentino é a sensação de que haverá uma revolução na Igreja, que tudo irá mudar de repente. E, de facto, estamos diante de uma série de decisões e uma série de afirmações sobre o papel dos Bispos, a sua relação com Roma, o funcionamento do Vaticano, a insistência na atenção e cuidado com os mais pobres, com implicações directas no estilo de vida e apresentação pública da Igreja, que anunciam um novo modo de estar.
Mas é preciso estar atentos a uma coisa: como tudo, é necessário que o entusiasmo dos inícios não perca o horizonte e a continuidade, sabendo que o que hoje acontece resulta de um caminho percorrido e o que amanhã acontecerá depende da forma como nos comprometemos com o presente e a forma como o vemos e vivemos.
O Papa Francisco, pelo seu extraordinário carisma pessoal, irá certamente mudar muitas coisas na Igreja. Mas não irá mudar a Igreja. Porque a Igreja é de Cristo e conduzida pelo seu Espírito Santo. E, a cada momento da história, Deus coloca à frente da sua Igreja os homens que entende para esta missão. João XXIII, João Paulo II, Bento XVI, cada um deles foi um homem com características pessoais marcantes para operarem na Igreja aquilo que era necessário no seu tempo, e não foram coisas nada pequenas! Um Concílio, a abertura da Igreja às relações internacionais no tempo dificílimo do comunismo, a relação com o mundo da cultura e a gestão firme e decidida dos escândalos da Igreja...
Com Francisco encontramos o homem que Deus pôs à frente da sua Igreja para realizar hoje nela o que a Igreja precisa. Que sempre precisou, e é bom que agora possa acontecer, mas foi um caminho preparado para que estas mudanças hoje tivessem lugar. Para além do entusiasmo que Francisco desperta, o entusiasmo ainda maior que deve agora animar os cristãos é a certeza de que o Espírito guia a sua Igreja e não a abandona. O que, para cada um de nós, deve significar um compromisso maior, uma paixão maior por sermos cristãos e operar, a começar por cada um de nós, a mudança que a Igreja precisa.

sábado, 5 de outubro de 2013

Intenção Geral para o Mês de Outubro





Intenção geral
Para que aqueles que estão desesperados a ponto de desejar o fim da própria vida, sintam a proximidade amorosa de Deus.
A Intenção Geral deste mês chama a nossa atenção para um terrível problema, que não é de agora, mas que se tem vindo a agravar um pouco por toda a parte, e até de um modo muito grave em várias regiões: o suicídio.
Para isto têm contribuído, para além dos problemas infelizmente endémicos, como sejam a fome, as perseguições, os desentendimentos de grupos de carácter vário, outros que vieram juntar-se, na actual conjuntura mundial; por exemplo, o dos deslocados e refugiados, que acabam por conduzir as pessoas a situações de tal desespero que a única porta que se lhes apresenta para sair delas é atentar contra a própria vida.
Para além das condições mínimas de vida que tanta gente experimenta, sobretudo nos países mais pobres, acentua-se cada vez mais a carência de valores morais que impede as pessoas de verem um sentido para a vida, uma meta para a sua existência.
No caso daqueles que acreditam em Deus, também pode estar a falsa imagem que têm d'Ele, falsa imagem essa que os leva à persuasão de que Deus não os ama, que Ele os abandonou à sua sorte, e que se está presente é para os atormentar e castigar. Uma fé pouco profunda pode de facto levar a esta conclusão, completamente contrária àquilo que a fé nos ensina, de que é precisamente nos momentos mais difíceis que Deus está mais perto de nós, embora não o sintamos.
Como ajudar estas pessoas? Àqueles que não têm fé, a melhor maneira será mostrar-lhes o amor de Deus, por meio da nossa proximidade e amizade, pela atenção que lhes dispensamos, sem necessidade de pronunciar a palavra Deus, o que até pode ser contraproducente.
Para aqueles que acreditam, ainda que a sua fé nesses momentos esteja um pouco abalada, terá sentido falar-lhes do amor de Deus e recordar-lhes as palavras de Cristo: «Vinde a Mim todos os que vos sentis cansados e oprimidos e Eu vos aliviarei» (Mt 11, 28).
Oremos este mês, juntamente com o Papa, por aqueles que estão em situações difíceis para que encontrem a luz que só Deus pode dar.
Intenção Missionária
Para que a Jornada Missionária Mundial nos anime a ser destinatários e anunciadores da Palavra de Deus.
Como todos os anos, celebramos no penúltimo domingo de Outubro, que este ano ocorre no dia 20, o Dia Mundial Missionário. A finalidade desta celebração é a de nos recordar aquilo que nunca deveríamos esquecer: todos, pelo baptismo, somos evangelizadores, missionários. Este dia não deve ser, portanto, um momento esporádico na nossa vida cristã, mas só mais uma ocasião para reflectirmos na nossa vocação missionária.
E somos todos missionários porque a Igreja é missionária na sua mesma essência, como têm declarado os Papas, em variadas ocasiões, e esta dimensão missionária da Igreja tem que estar sempre presente na mente de todos os cristãos. A Igreja existe para evangelizar. Afirmou, por exemplo, o Papa Paulo VI, na Exortação apostólica Evangelii nuntiandi: «[A proclamação do Evangelho] é para a Igreja um dever que lhe incumbe, por mandato do Senhor Jesus, a fim de que os homens possam acreditar e ser salvos». Este mandato missionário que Cristo confiou aos seus discípulos tem que concretizar-se no empenho de todo o povo de Deus; deve envolver todas as actividades das Igrejas particulares, todos os seus sectores, todo o seu ser e agir.
Todos aqueles que se encontraram com Cristo ressuscitado sentiram a necessidade de anunciá-Lo aos outros, como aconteceu com os discípulos de Emaús, com Maria Madalena e tantos outros. O mesmo deve acontecer connosco. Se vivemos a ressurreição, se a fé que ela desperta é uma verdadeira realidade na nossa vida, havemos de sentir a necessidade imperiosa de a partilhar. Com efeito, a fé não é um dom (o maior da nossa vida), para guardar para si, mas para comunicar aos outros, para que também eles a possam experimentar.
Como diz a Intenção Missionária deste mês, somos, ao mesmo tempo, destinatários e anunciadores da Palavra que desperta a fé. Mas só quando esta Palavra Se faz carne dentro de cada um é que pode ser anunciada com verdade. Doutro modo, o anúncio soará a oco.
Sobretudo ao longo deste mês, deixemo-nos possuir pela Palavra de Deus, porque só assim é que seremos levados a uma comunicação mais activa, persuadidos de que a fé se fortalece quando é comunicada.