CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 24 de outubro de 2012(ZENIT.org)
- Apresentamos as palavras de Bento XVI dirigidas aos fiéis e peregrino
reunidos na Praça de São Pedro para a tradicional audiência de
quarta-feira.
Queridos irmãos e irmãs,
Quarta-feira passada, com o início do Ano da Fé, comecei uma nova
série de catequeses sobre a fé. E hoje gostaria de refletir com vocês
sobre uma questão fundamental: o que é a fé? Ainda há um sentido para a
fé em um mundo cuja ciência e a técnica abriram horizontes até pouco
tempo impensáveis? O que significa crer hoje? De fato, no nosso tempo é
necessária uma renovada educação para a fé, que inclua um conhecimento
das suas verdades e dos eventos da salvação, mas que sobretudo nasça de
um verdadeiro encontro com Deusem Jesus Cristo, de amá-lo, de confiar
Nele, de modo que toda a vida seja envolvida.
Hoje, junto a tantos sinais do bem, cresce ao nosso redor também um
certo deserto espiritual. Às vezes, tem-se a sensação, por certos
acontecimentos dos quais temos notícia todos os dias, que o mundo não
vai em direção à construção de uma comunidade mais fraterna e mais
pacífica; as mesmas ideias de progresso e de bem estar mostram também as
suas sombras. Apesar da grandeza das descobertas da ciência e dos
sucessos da técnica, hoje o homem não parece verdadeiramente mais
livre, mais humano; permanecem tantas formas de exploração, de
manipulação, de violência, de abusos, de injustiça...Um certo tipo de
cultura, então, educou a mover-se somente no horizonte das coisas, do
factível, a crer somente no que se vê e se toca com as próprias
mãos. Por outro lado, cresce também o número daqueles que se sentem
desorientados e, na tentativa de ir além de uma visão somente horizontal
da realidade, estão dispostos a crer em tudo e no seu contrário. Neste
contexto, surgem algumas perguntas fundamentais, que são muito mais
concretas do que parecem à primeira vista: que sentido tem viver? Há um
futuro para o homem, para nós e para as novas gerações? Em que direção
orientar as escolhas da nossa liberdade para um êxito bom e feliz da
vida? O que nos espera além do limiar da morte?
Destas insuprimíveis perguntas emergem como o mundo do planejamento, do
cálculo exato e do experimento, em uma palavra o saber da ciência,
mesmo sendo importante para a vida do homem, sozinho não basta. Nós
precisamos não apenas do pão material, precisamos de amor, de
significado e de esperança, de um fundamento seguro, de um terreno
sólido que nos ajude a viver com um senso autêntico também nas crises,
na escuridão, nas dificuldades e nos problemas cotidianos. A fé nos dá
exatamente isto: é um confiante confiar em um “Tu”, que é Deus, o qual
me dá uma certeza diferente, mas não menos sólida daquela que me vem do
cálculo exato ou da ciência.A fé não é um simples consentimento
intelectual do homem e da verdade particular sobre Deus; é um ato com o
qual confio livremente em um Deus que é Pai e me ama; é adesão a um “Tu”
que me dá esperança e confiança. Certamente esta adesão a Deus não é
privada de conteúdo: com essa sabemos que Deus mesmo se mostrou a nós em
Cristo, mostrou a sua face e se fez realmente próximo a cada um de nós.
Mais, Deus revelou que o seu amor pelo homem, por cada um de nós, é sem
medida: na Cruz, Jesus de Nazaré, o Filho de Deus feito homem, nos
mostra do modo mais luminoso a que ponto chega este amor, até a doação
de si mesmo, até o sacrifício total. Com o Mistério da Morte e
Ressurreição de Cristo, Deus desce até o fundo na nossa humanidade para
trazê-la de volta a Ele, para elevá-la à sua altura. A fé é crer neste
amor de Deus que não diminui diante da maldade do homem, diante do mal e
da morte, mas é capaz de transformar cada forma de escravidão, dando a
possibilidade da salvação.Ter fé, então, é encontrar este “Tu”, Deus,
que me sustenta e me concede a promessa de um amor indestrutível que não
só aspira à eternidade, mas a doa; é confiar-se em Deus como a atitude
de uma criança, que sabe bem que todas as suas dificuldades, todos os
seus problemas estão seguros no “Tu” da mãe. E esta possibilidade de
salvação através da fé é um dom que Deus oferece a todos os homens. Acho
que deveríamos meditar com mais frequência – na nossa vida cotidiana,
caracterizada por problemas e situações às vezes dramáticas – sobre o
fato de que crer de forma cristã significa este abandonar-me com
confiança ao sentido profundo que sustenta a mim e ao mundo, aquele
sentido que nós não somos capazes de dar, mas somente de receber como
dom, e que é o fundamento sobre o qual podemos viver sem medo. E esta
certeza libertadora e tranquilizante da fé devemos ser capazes de
anunciá-la com a palavra e de mostrá-la com a nossa vida de cristãos.
Ao nosso redor, porém, vemos todos os dias que muitos permanecem
indiferentes ou recusam-se a acolher este anúncio. No final do Evangelho
de Marcos, hoje temos palavras duras do Ressuscitado que diz: “Quem
crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado” (Mc
16, 16), perde a si mesmo. Gostaria de convidá-los a refletir sobre
isso. A confiança na ação do Espírito Santo, nos deve impulsionar sempre
a andar e anunciar o Evangelho, ao corajoso testemunho da fé; mas além
da possibilidade de uma resposta positiva ao dom da fé, há também o
risco de rejeição ao Evangelho, do não acolhimento ao encontro vital com
Cristo.Santo Agostinho já colocava este problema em seu comentário da
parábola do semeador: “Nós falamos – dizia – lançamos a semente,
espalhamos a semente. Existem aqueles que desprezam, aqueles que
reprovarão, aquelas que zombam. Se nós temos medo deles, não temos mais
nada a semear e no dia da ceifa ficaremos sem colheita. Por isso venha a
semente da terra boa” (Discurso sobre a disciplina cristã, 13, 14: PL
40, 677-678). A recusa, portanto, não pode nos desencorajar. Como
cristãos somos testemunhas deste terreno fértil: a nossa fé, mesmo com
nossos limites, mostra que existe a terra boa, onde a semente da Palavra
de Deus produz frutos abundantes de justiça, de paz e de amor, de nova
humanidade, de salvação. E toda a história da Igreja, com todos os
problemas, demonstra também que existe a terra boa, existe a semente
boa, e traz fruto.
Mas perguntamo-nos: de onde atinge o homem aquela abertura do coração
e da mente para crer no Deus que se fez visível em Jesus Cristo morto e
ressuscitado, para acolher a sua salvação, de forma que Ele e seu
Evangelho sejam o guia e a luz da existência? Resposta: nós podemos crer
em Deus porque Ele se aproxima de nós e nos toca, porque o Espírito
Santo, dom do Ressuscitado, nos torna capazes de acolher o Deus vivo. A
fé então é primeiramente um dom sobrenatural, um dom de Deus.O Concílio
Vaticano II afirma: “Para que se possa fazer este ato de fé, é
necessária a graça de Deus que previne e socorre, e são necessários os
auxílios interiores do Espírito Santo, o qual mova o coração e o volte a
Deus, abra os olhos da mente, e doe ‘a todos doçura para aceitar e
acreditar na verdade’” (Cost. dogm. Dei Verbum, 5). Na base do nosso
caminho de fé tem o Batismo, o sacramento que nos doa o Espírito Santo,
fazendo-nos tornar filhos de Deus em Cristo, e marca o ingresso na
comunidade de fé, na Igreja: não se crê por si próprio, sem a vinda da
graça do Espírito; e não se crê sozinho, mas junto aos irmãos. A partir
do Batismo cada crente é chamado a re-viver e fazer própria esta
confissão de fé, junto aos irmãos.
A fé é dom de Deus, mas é também ato profundamente livre e humano. O
Catecismo da Igreja Católica o diz com clareza: “É impossível crer sem a
graça e os auxílios interiores do Espírito Santo. Não é, portanto,
menos verdade que crer é um ato autenticamente humano. Não é contrário
nem à liberdade e nem à inteligência do homem” (n. 154). Mas, as implica
e as exalta, em uma aposta de vida que é como um êxodo, isso é, um sair
de si mesmo, das próprias seguranças, dos próprios esquemas mentais,
para confiar na ação de Deus que nos indica a sua estrada para conseguir
a verdadeira liberdade, a nossa identidade humana, a verdadeira alegria
do coração, a paz com todos. Crer é confiar com toda a liberdade e com
alegria no desenho providencial de Deus na história, como fez o
patriarca Abraão, como fez Maria de Nazaré. A fé, então, é um
consentimento com o qual a nossa mente e o nosso coração dizem o seu
“sim” a Deus, confessando que Jesus é o Senhor. E este “sim” transforma a
vida, abre a estrada para uma plenitude de significado, a torna nova,
rica de alegria e de esperança confiável.
Caros amigos, o nosso tempo requer cristãos que foram apreendidos por
Cristo, que cresçam na fé graças à familiaridade com a Sagrada
Escritura e os Sacramentos. Pessoas que sejam quase um livro aberto que
narra a experiência da vida nova no Espírito, a presença daquele Deus
que nos sustenta no caminho e nos abre à vida que nunca terá fim.
Obrigado.
Ao final o Santo Padre dirigiu a seguinte saudação em português:
Uma cordial saudação para todos os peregrinos de língua portuguesa,
com menção particular dos grupos de diversas paróquias e cidades do
Brasil, que aqui vieram movidos pelo desejo de afirmar e consolidar a
sua fé e adesão a Cristo: o Senhor vos encha de alegria e o seu Espírito
ilumine as decisões da vossa vida para realizardes fielmente o projeto
de Deus a vosso respeito. Acompanha-vos a minha oração e a minha Bênçã
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
Aniversário do Centro do Apostolado de Oração de Ota
Ontem dia 28 de Outubro, o nosso Centro de Apostolado da oração de Ota foi em Peregrinação ao Santuário de Fátima e à Igreja de Santíssimo Milagre em Santarém, comemorando a existência dos 133 anos deste movimento em Ota.
Agradecemos a Deus por esta graça para todos nós os associados vivos,e rezamos por todos os que antes de nós zelaram e nos ensinaram a manter bem vivo este Movimento de Oração até hoje, desagravando os nossos pecados e os do mundo e rezando pela pelas Intenções Santo Padre.
Aceitando o desafio do Santo Padre e do nosso Bispo, para renovar a nossa FÉ, dando-lhe um novo ARDOR, muitos de nós aproveitamos este dia para a reconciliação com Deus e com os irmãos.
Esperamos com a ajuda de Maria este Centro de Apostolado de Oração encontre cada vez mais novos membros dispostos a Oferecer a Vida pela causa do Evangelho de Cristo pondo tudo no Coração de Jesus.
Agradecemos a todas as Zeladoras e à nossa Presidente Dache, à Amélia e Alice que nos acolheram e também nos acompanharam nesta Peregrinação, Também ao Luis Santos que nos fez o arranjo fotográfico
A todas/os o nosso bem-haja
Agradecemos a Deus por esta graça para todos nós os associados vivos,e rezamos por todos os que antes de nós zelaram e nos ensinaram a manter bem vivo este Movimento de Oração até hoje, desagravando os nossos pecados e os do mundo e rezando pela pelas Intenções Santo Padre.
Aceitando o desafio do Santo Padre e do nosso Bispo, para renovar a nossa FÉ, dando-lhe um novo ARDOR, muitos de nós aproveitamos este dia para a reconciliação com Deus e com os irmãos.
Esperamos com a ajuda de Maria este Centro de Apostolado de Oração encontre cada vez mais novos membros dispostos a Oferecer a Vida pela causa do Evangelho de Cristo pondo tudo no Coração de Jesus.
Agradecemos a todas as Zeladoras e à nossa Presidente Dache, à Amélia e Alice que nos acolheram e também nos acompanharam nesta Peregrinação, Também ao Luis Santos que nos fez o arranjo fotográfico
A todas/os o nosso bem-haja
Carminda Honrado
Noticia
Hoje dia 26 de Outubro
O nosso Centro de Apostolado de Oração ficou muito mais pobre, faleceu a D. Emília Lopes.A D. Emília, era natural de Leiria e veio viver para a Ota talvez à mais de 45anos , porque o seu marido era funcionário da Base de Ota . Mãe de 3 filhos rapazes foi sempre um grande exemplo de uma mulher Cristã, muito humilde,mas com um coração muito generoso. Sempre que sabia que alguém necessitava de ajuda ela colaborava, era generosa. Nas dádivas para Instituições ou pessoas. Aqui na Ota foi Catequista muitos anos, lembra-me como me falava e com que ternura das crianças de quem dava catequese, era Cursista foi Zeladora de Apostolado da Oração e quando sentiu que já não tinha força ela própria arranjou uma substituta . Na ultima vez que a vi a sua grande preocupação era o amor à confissão, queria muito confessar-se , Ela sabia que precisava de se preparar para o encontro com o Pai. Obrigada Tia EMÍLIA POR MAIS ESTE TESTEMUNHO DE AMOR A DEUS E AOS SACRAMENTOS QUE NOS DEIXOU
sábado, 27 de outubro de 2012
Sínodo dos Bispos
Evangelização: Uma Resposta à "sede" dos homens de todo tempo e lugar
Publicada a Mensagem do Sínodo dos Bispos ao Povo de Deus
Luca Marcolivio
CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 26 de Outubro de 2012 (ZENIT.org)
– A Mensagem final da XIII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos
Bispos sobre a Nova Evangelização para a transmissão da fé cristã foi
apresentada nesta manhã na sala de imprensa do Vaticano. O texto foi
dividido em 14 pontos.
O documento abre com uma referência ao encontro de Jesus com a Samaritana junto do poço,
trazendo a ânfora vazia (cf. Jo 4:5-42): é uma referência para a "sede"
dos homens de todos os tempos, muitos “são os poços”, mas é preciso
"discernir " para não correr o risco de ruinosas desilusões.
Reconhecendo Cristo como o único portador da "água que dá a vida
verdadeira e eterna" e convertendo-se, a mulher samaritana "tornou-se
mensageira da salvação e conduz para Jesus toda a cidade”.
Conduzir os homens a Cristo é uma emergência que envolve os cristãos
de qualquer tempo e lugar. Hoje, em especial, é necessário “reavivar a
fé que corre o risco de ser ofuscada”. Na "mudança de cenários sociais e
culturais" todo cristão é chamado a viver de modo renovado a
experiência comunitária de fé e o anúncio através de uma evangelização renovada em seu ardor e seus métodos.
A fé se concretiza “no relacionamento que estabelecemos com a pessoa de Jesus, que primeiro vem a nós”. Na Igreja, "espaço que Cristo oferece na história para encontrá-lo",
é importante dar vida a uma “comunidade acolhedora, onde todos os
marginalizados encontrem sua casa para experiências concretas de
comunhão, que, pelo ardor do amor [...] atraem o olhar desencantado da
humanidade contemporânea".
Isso não quer dizer inventar "novas estratégias", mas redescobrir as Escrituras
- que os Padres sinodais recomendam a "leitura frequente" -
especialmente a "vida de Jesus" e a maneira através da qual as pessoas
se aproximaram Dele e por Ele se sentiram chamadas e adaptadas às
condições do nosso tempo.
O ponto de partida da evangelização está em "evangelizar a nós mesmos",
dispondo-nos a conversão. "Sabemos - escrevem os Padres sinodais - que
devemos reconhecer humildemente nossa vulnerabilidade às feridas da
história e não hesitar em reconhecer os nossos pecados pessoais".
Ao mesmo tempo, temos que confiar em uma renovação cuja fonte é "a
força do Espírito do Senhor" e, portanto não depender exclusivamente da
nossa força humana limitada. É nosso dever "vencer o medo com a fé, o
desânimo com a esperança, a indiferença com o amor”.
Quando temos consciência de que o Senhor venceu a morte e que Seu Espírito opera poderosamente na história, “não há espaço para o pessimismo”.
"A nossa Igreja é viva e enfrenta com a coragem da fé e do testemunho
de tantos de seus filhos os desafios da história", lê-se na mensagem,
A evangelização sempre teve como "lugar natural" a família que
"é atravessada por toda parte por fatores de crise, cercada por modelos
de vida que a penalizam" e, por esta razão, deve ser dado um
"tratamento especial" em vista da missão que ocupa na Igreja.
Os Padres sinodais não negligenciaram o fenômeno da ‘convivência’ e
as "situações familiares irregulares construídas após o fim de
casamentos anteriores: acontecimentos dolorosos em que também sofre a
educação à fé dos filhos". A Igreja também ama estes irmãos e as
comunidades devem ser “acolhedoras para com aqueles que vivem em tais
situações" e apoiar "caminhos de conversão e de reconciliação".
Das comunidades eclesiais emerge acima de tudo, o
papel da paróquia que permanece "indispensável", embora "as novas
condições possam pedir seja a adaptação em pequenas comunidades seja
relações de colaboração em contextos mais amplos".
A paróquia se torna um veículo para a nova evangelização, permeando
"as várias, e importantes expressões de piedade popular". Na vida
paroquial, cada figura deve receber a justa valorização: do pároco ao
diácono, do catequista ao ministro, até o animador.
Sobre a juventude, os Padres sinodais expressaram
uma visão "preocupante", mas "longe de ser pessimista”. Sobre os jovens
convergem "as forças mais agressivas dos tempos", todavia a eles “deve
ser reconhecido um papel ativo na obra da evangelização, especialmente
para o seu mundo”.
No mundo da juventude destaca-se em particular a Jornada Mundial da
Juventude, mas existem outras realidades "não menos atraentes, como as
várias experiências de espiritualidade, de serviço, e de missão".
O mundo da arte é de considerável importância e a via pulchritudinis, o Caminho da Beleza, é considerada "uma forma particularmente eficaz na nova evangelização".
Através do trabalho, acrescentaram os Padres sinodais, o homem torna-se "cooperador da criação de Deus”.
Por esta razão, deve ser resgatado "das condições que o tornam algumas
vezes um fardo intolerável e uma perspectiva incerta, ameaçado hoje pelo
desemprego, especialmente entre os jovens”.
Outro ponto foi dedicado à política "à qual é pedido um empenho de
cuidado desinteressado e transparente do bem comum", à liberdade
religiosa e ao diálogo inter-religioso, instrumento de paz e
contribuição contra qualquer forma de "fundamentalismo" e "violência que
abate sobre os que crêem, grave violação dos direitos humanos”.
Agradecendo o Papa Bento XVI pelo “dom do Ano da Fé", os Padres
sinodais sublinharam a ligação positiva entre este ano e o 50 º
aniversário da abertura do Concílio Vaticano II e 20° do Catecismo da Igreja Católica.
"São aniversários importantes – comentaram os padres - que nos permitem
reiterar a nossa forte adesão ao ensinamento do Concilio e o nosso
firme compromisso de continuar a sua plena implementação”.
Duas expressões de fé mencionadas são a vida contemplativa e o serviço aos pobres, “reflexo de como Jesus é ligado a eles”.
O penúltimo ponto diz respeito às Igrejas em diferentes regiões do mundo,
com recomendações específicas para os cristãos em cada continente. Na
África, a Igreja é chamada a ser um ponto de encontro entre as culturas
antigas e novas, e mediadora para o fim dos conflitos e violências.
Na América do Norte, onde a secularização é bastante avançada, os
cristãos devem ser abertos, especialmente em relação aos imigrantes e
refugiados.
Na América Latina prevalece os desafios da pobreza e da violência,
juntamente com aqueles - mais recente - do pluralismo religioso.
As comunidades cristãs da Ásia, entre as mais prejudicadas e
perseguidas no mundo, sendo a minoria, são encorajadas a firmeza na fé.
A Europa, marcada por uma secularização enraizada e muitas vezes
agressiva, deve, através de suas comunidades cristãs, responder a este
desafio e superá-lo, encontrando nisto "uma oportunidade para um anúncio
mais alegre e mais vivo de Cristo e de seu Evangelho de vida”.
Aos cristãos da Oceania, recomenda-se o "compromisso de pregar o Evangelho e fazer Jesus conhecido no mundo de hoje”.
Uma chamada final feita pelos Padres sinodais à Maria Santíssima,
que "nos guia no caminho”. É a Ela, Estrela da Nova Evangelização, que
os cristãos confiam, a fim que seja luz na noite do deserto
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
terça-feira, 23 de outubro de 2012
PAPA BENTO XVI
AUDIÊNCIA GERAL
Praça de São Pedro
Quarta-feira, 17 de Outubro de
2012
Queridos irmãos e irmãs, Hoje
gostaria de introduzir o novo ciclo de catequeses, que se desenvolve ao longo
de todo o Ano da fé, recém-iniciado, e que interrompe — durante este período —
o ciclo dedicado à escola da oração. Mediante a Carta Apostólica Porta Fidei
proclamei este Ano especial, precisamente para que a Igreja renove o entusiasmo
de crer em Jesus Cristo, único Salvador do mundo, reavive a alegria de
percorrer o caminho que nos indicou e testemunhe de modo concreto a força
transformadora da fé.
A celebração do cinquentenário da inauguração
do Concílio Vaticano II é uma ocasião importante para voltar para Deus, a fim
de aprofundar e viver com maior coragem a própria fé, para fortalecer a
pertença à Igreja, «mestra em humanidade» que, através do anúncio da Palavra,
da celebração dos Sacramentos e das obras de caridade, nos orienta para
encontrar e conhecer Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Trata-se do
encontro não com uma
ideia, nem com um projecto de
vida, mas com uma Pessoa viva que nos transforma em profundidade a nós mesmos,
revelando-nos a nossa verdadeira identidade de filhos de Deus.
O encontro com Cristo renova os
nossos relacionamentos humanos, orientando-os no dia-a-dia para uma maior
solidariedade e fraternidade, na lógica do amor. Ter fé no Senhor não é algo
que interessa unicamente à nossa inteligência, ao campo do saber intelectual,
mas é uma mudança que compromete a vida, a totalidade do nosso ser: sentimento,
coração, inteligência, vontade, corporeidade, emoções e relacionamentos
humanos. Com a fé muda verdadeiramente tudo em nós e para nós, e revela-se com
clareza o nosso destino futuro, a verdade da nossa vocação no interior da
história, o sentido da vida, o gosto de sermos peregrinos rumo à Pátria celeste.
Mas — perguntemo-nos — a fé é
verdadeiramente a força transformadora da nossa vida, na minha vida? Ou então é
apenas um dos elementos que fazem parte da existência, sem ser aquele
determinante, que a abrange totalmente? Com as catequeses deste Ano da fé gostaríamos
de percorrer um caminho para fortalecer ou reencontrar a alegria da fé, compreendendo
que ela não é algo de alheio, separado da vida concreta, mas é a sua alma.
A fé num Deus que é amor, e que
se fez próximo do homem, encarnando e doando-se a si mesmo na cruz para nos
salvar e reabrir as portas do Céu, indica de modo luminoso que a plenitude do
homem consiste unicamente no amor. Hoje é necessário reiterá-lo com clareza, enquanto
as transformações culturais em curso mostram com frequência tantas formas de barbárie,
que passam sob o sinal de «conquistas de civilização»: a fé afirma que não há humanidade
autêntica, a não ser nos lugares, nos gestos, nos tempos e nas formas como o homem
é animado pelo amor que vem de Deus, se
expressa como dom, se manifesta em relações ricas de amor, de compaixão, de
atenção e de serviço abnegado ao
próximo.
Onde existe domínio, posse,
exploração, mercantilização do outro por egoísmo próprio, onde hà arrogância do
eu, fechado em si mesmo, o homem torna-se pobre, degradado, desfigurado. A fé
cristã, laboriosa na caridade e forte na esperança, não limita mas humaniza a
vida, aliás, torna-a plenamente humana.
A fé é o acolhimento desta mensagem transformadora na nossa
vida, o acolhimento da revelação de Deus, que nos faz conhecer quem Ele é, como
age, quais são os seus desígnios para nós. Sem dúvida, o mistério de Deus
permanece sempre além dos nossos conceitos e da nossa razão, dos nossos ritos e
das nossas preces. Todavia, com a revelação é o próprio Deus quem se
auto-comunica, se descreve, se torna acessível. E nós tornamo-nos capazes de
ouvir a sua Palavra e de receber a sua verdade. Eis, pois, a maravilha da fé:
Deus, no seu amor, cria em nós — através da obra do Espírito Santo — as
condições adequadas para que possamos reconhecer a sua Palavra. O próprio Deus,
na sua vontade de se manifestar, de entrar em contacto connosco, de se fazer
presente na nossa história, torna-nos capazes de o ouvir e acolher.
São Paulo exprime-o assim, com alegria e reconhecimento:
«Nós não cessamos de me dar graças a Deus, porque recebestes a palavra de Deus,
que de nós ouvistes, e porque a acolhestes não como palavra de homens, mas como
aquilo que realmente é, palavra de Deus, que age eficazmente em vós, fiéis» (1
Ts 2, 13). Deus revelou-se mediante palavras e obras em toda uma longa história
de amizade com o homem, que culmina na Encarnação do Filho de Deus e no seu
Mistério de Morte e Ressurreição. Deus não só se revelou na história de um
povo, nem falou só por meio dos Profetas, mas atravessou o seu Céu para entrar
na terra dos homens como homem, para que pudéssemos encontrá-lo e ouvi-lo. E de
Jerusalém o anúncio do Evangelho da salvação propagou-se até aos confins da
terra. A Igreja, nascida do lado de Cristo, tornou-se portadora de uma esperança
nova e sólida: Jesus de Nazaré, crucificado e ressuscitado, Salvador do mundo,
que está sentado à direita do Pai e é Juiz dos vivos e dos mortos. Este é o
kerigma, o anúncio central e impetuoso da fé. Mas desde o início levantou o
problema da «regra da fé»,ou seja, da fidelidade dos crentes à verdade do
Evangelho, na qual permanecer firmes, à verdade salvífica sobre Deus e sobre o
homem, que se deve conservar e
transmitir.
São Paulo escreve:
«Recebereis a salvação, se o mantiverdes [o Evangelho] como vo-lo anunciei.
Caso contrário, em vão teríeis abraçado a fé» (1 Cor 15, 2).
Mas onde encontramos a fórmula essencial da fé? Onde
encontramos as verdades que nos foram fielmente transmitidas e que constituem a
luz para a nossa vida diária? A resposta é simples: no Credo, na Profissão de
Fé, ou Símbolo da Fé, nós relacionamo-nos com o acontecimento originário da
Pessoa e da História de Jesus de Nazaré; torna-se concreto quanto o Apóstolo das nações
dizia aos cristãos de Corinto: «Transmiti-vos primeiramente o que eu mesmo
tinha recebido: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras;
foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia» (1 Cor 15, 3-4).
Ainda hoje temos necessidade que o Credo seja
melhor conhecido, compreendido e pregado.
Sobretudo, é importante que o
Credo seja, por assim dizer, «reconhecido». Com efeito, conhecer poderia ser
algo simplesmente intelectual, enquanto «reconhecer» quer significar a necessidade
de descobrir o vínculo profundo entre as verdades que professamos no Credo e a nossa
existência quotidiana, para que estas verdades sejam deveras e concretamente —
como sempre foram — luz para os passos do nosso viver, água que rega a aridez
do nosso caminho, vida que vence certos desertos da vida contemporânea. No
Credo insere-se a vida moral do cristão, que nele encontra o seu fundamento e a
sua justificação.
Não é por acaso que o Beato João
Paulo II quis que o
Catecismo da Igreja Católica,
norma segura para o ensinamento da fé e fonte certa para uma catequese
renovada, se inspirasse no Credo. Tratava-se de confirmar e conservar este
núcleo fulcral das verdades da fé, comunicando-o numa linguagem mais
inteligível aos homens do nosso tempo, a nós. É um dever da Igreja transmitir a
fé, comunicar o Evangelho, a fim de que as verdades cristãs sejam luz das novas
transformações culturais, e os cristãos se tornem capazes de explicar a razão
da sua esperança (cf. 1 Pd 3, 14). Hoje, vivemos numa sociedade profundamente
transformada, também em relação a um passado recente, e em movimento contínuo.
Os processos da secularização e de uma difundida mentalidade niilista, em que
tudo é relativo, marcaram profundamente a mentalidade comum. Assim, a vida é
muitas vezes levada com superficialidade, sem ideais claros nem esperanças
sólidas, no contexto de vínculos sociais e familiares fluidos, provisórios.
Sobretudo as novas gerações não são educadas para a busca da verdade e do
sentido profundo da existência, que ultrapasse o contingente, para a
estabilidade dos afectos, para a confiança. Ao contrário, o relativismo leva a
não ter pontos firmes, suspeita e volubilidade provocam rupturas nos
relacionamentos humanos, enquanto a vida é vivida com experiências que duram
pouco, sem assunção de responsabilidade. Se o individualismo e o relativismo
parecem dominar o espírito de muitos contemporâneos, não se pode dizer que os
crentes permanecem totalmente imunes a estes perigos, que devemos enfrentar na
transmissão da fé. A sondagem realizada em todos os Continentes, em vista da celebração
do Sínodo dos Bispos sobre a Nova Evangelização, evidenciou alguns: uma fé vivida
de modo passivo e privado, a rejeição da educação para a fé, a ruptura entre
vida e fé.
Muitas vezes o cristão não
conhece nem sequer o núcleo central da própria fé católica, do Credo, de modo a
deixar espaço a um certo sincretismo e relativismo religioso, sem clareza sobre
as verdades nas quais crer e sobre a singularidade salvífica do cristianismo.
Hoje não está muito distante o risco de construir, por assim dizer, uma
religião personalizada. Ao contrário, temos que voltar para Deus, para o Deus
de Jesus Cristo, temos que redescobrir a mensagem do Evangelho, fazê-lo entrar
de modo mais profundo nas nossas consciências e na vida quotidiana.
Nas catequeses deste Ano da fé
gostaria de oferecer uma ajuda para percorrer este caminho, para retomar e
aprofundar as verdades centrais da fé sobre Deus, o homem, a Igreja e toda a realidade
social e cósmica, meditando e ponderando sobre as afirmações do Credo.
E gostaria que fosse clara que estes conteúdos
ou verdades da fé (fides quae) se relacionam directamente com a nossa vida;
exigem uma conversão da existência, que dá vida a um novo modo de crer em Deus
(fides qua). Conhecer Deus, encontrá-lo, aprofundar os traços da sua Face põe
em jogo a nossa vida, pois Ele entra nos dinamismos profundos do ser humano. Possa
o caminho que percorreremos este Ano fazer-nos crescer todos na fé e no amor a Cristo,
para que aprendamos a viver, nas opções e gestos quotidianos, a vida boa e bela
do
Evangelho. Obrigado!
Saudação Dou as boas-vindas aos
grupos de visitantes do Brasil e demais peregrinos de línguaportuguesa.
Agradeço a vossa presença e desejo que este Ano possa ajudar-vos a crescer na
fé no amor a Cristo, para que aprendais a viver a vida boa e bela do
Evangelho. De coração, a
Todos abençoo
Obrigado!
Espiritualidade
O salto da fé
Reflexões espirituais de Dom Alberto Taveira Corrêa sobre o Ano da fé
BELÉM DO PARÁ, segunda-feira, 22 de Outubro de 2012 (ZENIT.org)
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Eram os primeiros anos de sacerdócio, em minha primeira Paróquia, numa das mais gratificantes experiências do exercício do ministério, a atenção aos doentes, regularmente visitados, para o Sacramento da Penitência, a Unção dos enfermos e a Sagrada Comunhão, quando recebi uma das lições mais expressivas. Penso nos meus sacerdotes hoje, muitos deles dedicados semanalmente a tais visitas, testemunhas de milagres, quando Deus lhes concede muito mais do que levam aos verdadeiros santuários, que são os leitos dos que se fazem para-raios que, com sua oferta e oração contínua, sustentam silenciosamente a Igreja e os irmãos.
Pois bem, minha mestra espiritual, naquela ocasião, foi uma cega de nascença, no alto de seus oitenta e nove anos. Lembro-me de seu rosto curtido, com as marcas da ascendência escrava, da qual nunca se envergonhou. Recebidos os Sacramentos, diante das pessoas que comigo se encontravam, enquanto “saía um cafezinho novo”, pontificou diante do padre novo: “Agradeço a Deus por ser cega! O senhor não acha que a maior parte dos pecados começa com a vista? Ora, se não enxergo, posso pecar menos!” Fazia poucos anos em que tinha me debruçado sobre a afirmação do Senhor Jesus: “Se teu olho te leva à queda, arranca-o e joga fora. É melhor entrares na vida tendo um olho só do que, com os dois, seres lançado ao fogo do inferno” (Mt 18,9). Precisei de uma pessoa que nunca tinha lido uma letra para entender melhor a importância de viver sem pecado, coragem para resistir às tentações e perseverar no bem. É que aquela senhora enxergava mais do que todos, pois via com o coração. Seu horizonte era muito mais amplo e suas muitas lições permaneceram em seus familiares e frutificaram na Comunidade em que vivia.
“Cheios de grande admiração, diziam: “Tudo ele tem feito bem. Faz os surdos ouvirem e os mudos falarem” (Mc 7,37). O contacto de Jesus com as pessoas as deixa sempre marcadas positivamente. Ninguém passa em vão ao seu lado. Em Jericó (Mc 10,46-52), depois de uma escola de vida, durante uma viagem, na qual formava seus amigos escolhidos para a missão de levar a Boa Nova a todos, indica-lhes o modelo do discípulo justamente em Bartimeu, cego, mendigo sentado à beira do caminho e morador de uma cidade de má fama! Mais do que os alunos aplicados da escola do caminho, o rejeitado por todos, sobre o qual muitos teriam perguntado sobre eventuais culpas (Cf. Jo 9,2), é apresentado pelo Evangelho como modelo de discípulo.
Bartimeu é daquelas pessoas que não deixam escapar uma boa oportunidade (Cf. Raniero Cantalamessa, Gettate le reti, Anno B, PIEMME, 2004, Pág. 314). Ouviu dizer que Jesus, o nazareno, estava passando e agiu com prontidão, gritando no meio do povo, mesmo quando a “turma do deixa disso” quis calar sua boca. Era um mendigo da luz, queria enxergar! Como tantos homens e mulheres, jovens ou adultos de nosso tempo que pedem a esmola da luz verdadeira, querem conhecer a verdade, quem sabe às apalpadelas. Faz pensar nas muitas situações em que nosso tempo quer calar a voz da fé, para que se torne apenas um fato privado, com a pretensão de que desapareçam todos os sinais externos das convicções religiosas que sempre geraram cultura e valores. Bartimeu gritou em voz bem alta a sua fé, para dizer a todos que Jesus é o Messias prometido. Há gritos entalados, e vi muitos deles nas multidões do Círio de Nazaré de 2012, que querem chorar e espernear pelos valores do Evangelho e da dignidade das pessoas humanas. Há gente que quer dar o salto da fé, para sair do meio da multidão! Jesus pretende, através dos cristãos de hoje, aproximar-se de cada uma delas, para perguntar “o que queres que eu te faça?”. Para tanto, faz-se necessário dar um “trato” de atenção e carinho a todos os que estão afastados ou assim se sentem. Lá na margem dos lagos da vida, ou quem sabe, lá na correnteza violenta dos rios da existência, ou, quem sabe, na escuridão das vielas em que se escondem, há pessoas pedindo a esmola da verdade.
Ressoe de novo a palavra do Senhor: “Aclamai a Jacó alegremente, cantai hinos à primeira das nações! Soltai a voz! Cantai! Dizei: Senhor, salva teu povo, o que restava de Israel! Pois vou trazê-los de volta do país do norte, dos extremos da terra hei de reuni-los. Entre eles, cego e aleijado, mulher grávida e parturiente. Em grande multidão voltam para cá. Chegam chorando, suplicantes eu os traslado. Faço-os caminhar entre torrentes de água, por caminhos planos, onde não tropeçam; eu sou pai para Israel, Efraim é meu filho querido” (Jr 31,7-9). Norte, traslado, reunião de multidões, cego e aleijado, mulher grávida e parturiente, torrentes de água, caminhos onde as pessoas não tropeçam... Qualquer semelhança com o que vivemos no Círio, não é coincidência! É Providência!
Cabe-nos encontrar as formas adequadas para dizer “Coragem, levanta-te, Jesus te chama” (Mc 10,49). A cura das pessoas e das multidões virá pelo encontro com o Senhor que é Deus e homem. A Igreja, servidora e colaboradora da verdade, renove suas disposições para anunciar integralmente o Evangelho, no ano da Fé. Este será uma ocasião propícia a fim de que todos os fiéis compreendam mais profundamente que o fundamento da fé cristã é o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo. Fundamentada no encontro com Jesus Cristo ressuscitado, a fé poderá ser redescoberta na sua integridade e em todo o seu esplendor. Também nos nossos dias a fé é um dom que se deve redescobrir, cultivar e testemunhar para que o Senhor conceda a cada um de nós vivermos a beleza e a alegria de sermos cristãos (Cf. Bento XVI, Carta Enc. Deus caritas est, 25 de Dezembro de 2005, n. 1 e Homilia na Festa do Baptismo do Senhor, 10 de Janeiro 2010).
Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo Metropolitano de Belém
Eram os primeiros anos de sacerdócio, em minha primeira Paróquia, numa das mais gratificantes experiências do exercício do ministério, a atenção aos doentes, regularmente visitados, para o Sacramento da Penitência, a Unção dos enfermos e a Sagrada Comunhão, quando recebi uma das lições mais expressivas. Penso nos meus sacerdotes hoje, muitos deles dedicados semanalmente a tais visitas, testemunhas de milagres, quando Deus lhes concede muito mais do que levam aos verdadeiros santuários, que são os leitos dos que se fazem para-raios que, com sua oferta e oração contínua, sustentam silenciosamente a Igreja e os irmãos.
Pois bem, minha mestra espiritual, naquela ocasião, foi uma cega de nascença, no alto de seus oitenta e nove anos. Lembro-me de seu rosto curtido, com as marcas da ascendência escrava, da qual nunca se envergonhou. Recebidos os Sacramentos, diante das pessoas que comigo se encontravam, enquanto “saía um cafezinho novo”, pontificou diante do padre novo: “Agradeço a Deus por ser cega! O senhor não acha que a maior parte dos pecados começa com a vista? Ora, se não enxergo, posso pecar menos!” Fazia poucos anos em que tinha me debruçado sobre a afirmação do Senhor Jesus: “Se teu olho te leva à queda, arranca-o e joga fora. É melhor entrares na vida tendo um olho só do que, com os dois, seres lançado ao fogo do inferno” (Mt 18,9). Precisei de uma pessoa que nunca tinha lido uma letra para entender melhor a importância de viver sem pecado, coragem para resistir às tentações e perseverar no bem. É que aquela senhora enxergava mais do que todos, pois via com o coração. Seu horizonte era muito mais amplo e suas muitas lições permaneceram em seus familiares e frutificaram na Comunidade em que vivia.
“Cheios de grande admiração, diziam: “Tudo ele tem feito bem. Faz os surdos ouvirem e os mudos falarem” (Mc 7,37). O contacto de Jesus com as pessoas as deixa sempre marcadas positivamente. Ninguém passa em vão ao seu lado. Em Jericó (Mc 10,46-52), depois de uma escola de vida, durante uma viagem, na qual formava seus amigos escolhidos para a missão de levar a Boa Nova a todos, indica-lhes o modelo do discípulo justamente em Bartimeu, cego, mendigo sentado à beira do caminho e morador de uma cidade de má fama! Mais do que os alunos aplicados da escola do caminho, o rejeitado por todos, sobre o qual muitos teriam perguntado sobre eventuais culpas (Cf. Jo 9,2), é apresentado pelo Evangelho como modelo de discípulo.
Bartimeu é daquelas pessoas que não deixam escapar uma boa oportunidade (Cf. Raniero Cantalamessa, Gettate le reti, Anno B, PIEMME, 2004, Pág. 314). Ouviu dizer que Jesus, o nazareno, estava passando e agiu com prontidão, gritando no meio do povo, mesmo quando a “turma do deixa disso” quis calar sua boca. Era um mendigo da luz, queria enxergar! Como tantos homens e mulheres, jovens ou adultos de nosso tempo que pedem a esmola da luz verdadeira, querem conhecer a verdade, quem sabe às apalpadelas. Faz pensar nas muitas situações em que nosso tempo quer calar a voz da fé, para que se torne apenas um fato privado, com a pretensão de que desapareçam todos os sinais externos das convicções religiosas que sempre geraram cultura e valores. Bartimeu gritou em voz bem alta a sua fé, para dizer a todos que Jesus é o Messias prometido. Há gritos entalados, e vi muitos deles nas multidões do Círio de Nazaré de 2012, que querem chorar e espernear pelos valores do Evangelho e da dignidade das pessoas humanas. Há gente que quer dar o salto da fé, para sair do meio da multidão! Jesus pretende, através dos cristãos de hoje, aproximar-se de cada uma delas, para perguntar “o que queres que eu te faça?”. Para tanto, faz-se necessário dar um “trato” de atenção e carinho a todos os que estão afastados ou assim se sentem. Lá na margem dos lagos da vida, ou quem sabe, lá na correnteza violenta dos rios da existência, ou, quem sabe, na escuridão das vielas em que se escondem, há pessoas pedindo a esmola da verdade.
Ressoe de novo a palavra do Senhor: “Aclamai a Jacó alegremente, cantai hinos à primeira das nações! Soltai a voz! Cantai! Dizei: Senhor, salva teu povo, o que restava de Israel! Pois vou trazê-los de volta do país do norte, dos extremos da terra hei de reuni-los. Entre eles, cego e aleijado, mulher grávida e parturiente. Em grande multidão voltam para cá. Chegam chorando, suplicantes eu os traslado. Faço-os caminhar entre torrentes de água, por caminhos planos, onde não tropeçam; eu sou pai para Israel, Efraim é meu filho querido” (Jr 31,7-9). Norte, traslado, reunião de multidões, cego e aleijado, mulher grávida e parturiente, torrentes de água, caminhos onde as pessoas não tropeçam... Qualquer semelhança com o que vivemos no Círio, não é coincidência! É Providência!
Cabe-nos encontrar as formas adequadas para dizer “Coragem, levanta-te, Jesus te chama” (Mc 10,49). A cura das pessoas e das multidões virá pelo encontro com o Senhor que é Deus e homem. A Igreja, servidora e colaboradora da verdade, renove suas disposições para anunciar integralmente o Evangelho, no ano da Fé. Este será uma ocasião propícia a fim de que todos os fiéis compreendam mais profundamente que o fundamento da fé cristã é o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo. Fundamentada no encontro com Jesus Cristo ressuscitado, a fé poderá ser redescoberta na sua integridade e em todo o seu esplendor. Também nos nossos dias a fé é um dom que se deve redescobrir, cultivar e testemunhar para que o Senhor conceda a cada um de nós vivermos a beleza e a alegria de sermos cristãos (Cf. Bento XVI, Carta Enc. Deus caritas est, 25 de Dezembro de 2005, n. 1 e Homilia na Festa do Baptismo do Senhor, 10 de Janeiro 2010).
Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo Metropolitano de Belém
domingo, 21 de outubro de 2012
sábado, 20 de outubro de 2012
Santa Sé
É preciso que o Credo, o Símbolo da Fé, seja mais conhecido, compreendido e rezado.
Catequese de Bento XVI na Audiência Geral de quarta- feira
CIDADE DO VATICANO, 17 de outubro de 2012(ZENIT.org) - Publicamos a seguir o resumo da catequese realizada por Bento XVI nesta quarta-feira.
Queridos irmãos e irmãs,
Hoje iniciamos um novo ciclo de catequeses que se inserem no contexto
do Ano da Fé, inaugurado recentemente. Com estas catequeses, queremos
percorrer um caminho que leve a reforçar ou a reencontrar a alegria da
fé em Jesus Cristo, único Salvador do mundo. De fato, o nosso mundo de
hoje está profundamente marcado pelo secularismo, relativismo e
individualismo que levam muitas pessoas a viver a vida de modo
superficial, sem ideais claros. Por isso, é essencial redescobrir como a
fé é uma força transformadora para a vida: saber que Deus é amor, que
se fez próximo aos homens com a Encarnação e se entregou na cruz para
nos salvar e nos abrir novamente a porta do céu. De fato, a fé não é uma
realidade desconectada da vida concreta. Neste sentido, para perceber o
vínculo profundo que existe entre as verdades que professamos e a nossa
vida diária, é preciso que o Credo, o Símbolo da Fé, seja mais
conhecido, compreendido e rezado. Nele encontramos as fórmulas
essenciais da fé: as verdades que nos foram fielmente transmitidas e que
constituem a luz para a nossa existência.
Dou às boas-vindas aos grupos de visitantes do Brasil e demais
peregrinos de língua portuguesa. Agradeço a vossa presença e desejo que
este Ano possa ajudar-vos a crescer na fé e no amor a Cristo, para que
aprendais a viver a vida boa e bela do Evangelho. De coração, a todos
abençôo. Obrigado!
© Copyright 2012 - Libreria Editrice Vaticana
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
PAPA PEDE ENTUSIASMO PARA COMUNICAR A FÉ
A Igreja Católica assinala no próximo domingo o Dia Mundial das Missões,
uma data em que os cristãos são convidados a apoiar, materialmente e
através da oração, aqueles que levam a mensagem de Jesus a diversas
partes do mundo.
Na sua Mensagem para o Dia Mundial das Missões,
o Papa Bento XVI defende a importância de se reavivar o entusiasmo da
comunicação da fé, fé essa que é dom – o «mais importante que recebemos»
– e mistério. O texto baseia-se numa frase da Carta Apostólica Porta fidei, de Bento XVI: «Chamados a fazer brilhar a Palavra da verdade».
Bento XVI entende que «um dos obstáculos
ao ímpeto da evangelização é a crise de fé, patente não apenas no mundo
ocidental, mas também em grande parte da humanidade, que no entanto tem
fome e sede de Deus e deve ser convidada e guiada para o pão da vida e a
água viva, como a Samaritana que vai ao poço de Jacob e fala com
Cristo».
«O encontro com Cristo como pessoa viva
que sacia a sede do coração só pode levar ao desejo de partilhar com os
outros a alegria desta presença e de a dar a conhecer para que todos a
possam experimentar».
Por isso, entende o Santo Padre, «é
preciso reavivar o entusiasmo da comunicação da fé, para se promover uma
nova evangelização das comunidades e dos países de antiga tradição
cristã que estão a perder a referência a Deus e deste modo voltarem a
descobrir a alegria de crer».
Segundo Bento XVI, «a preocupação de
evangelizar não deve jamais ficar à margem da actividade eclesial e da
vida pessoal do cristão, mas há-de caracterizá-la intensamente, cientes
de sermos destinatários e ao mesmo tempo missionários do Evangelho».
A fé em Deus é, de acordo com o Papa, «um
dom e um mistério que se há-de acolher no coração e na vida e pelo qual
se deve agradecer sempre ao Senhor». Mas ela é igualmente «um dom que
nos foi conhecido para ser partilhado; é um talento recebido para que dê
fruto; é uma luz que não deve ficar escondida, mas iluminar toda a
casa. E o dom mais importante que recebemos na nossa vida e que não
podemos guardar para nós mesmos».
Na Mensagem, o Santo Padre
lembra que inclusive nas Igrejas dos territórios de missão, «já se
tornou uma dimensão conatural a missionarismo, apesar de elas mesmas
precisarem ainda de missionários». Sacerdotes, religiosos, religiosas de
várias parte do mundo, leigos e famílias completas «deixam os seus
próprios países, as suas comunidades locais e vão para outras Igrejas
testemunhar e anunciar o nome de Cristo», o que é uma «expressão de
profunda comunhão, partilha e caridade entre as Igrejas».
O texto recorda o papel das Obras
Missionárias Pontifícias, através das quais o anúncio do Evangelho se
torna «também intervenção a favor do próximo, justiça para com os mais
pobres, possibilidade de instrução nas aldeias mais distantes,
assistência médica em lugares remotos, emancipação da miséria,
reabilitação de quem vive marginalizado, apoio ao desenvolvimento dos
povos, superação das divisões étnicas, respeito pela vida em todas as
suas fases»
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
Sínodo dos Bispos
Arcebispo de Nova Iorque: não podemos anunciar a Cristo sem passar primeiro pelo confessionário
Cardeal Timothy Michael Dolan
VATICANO, quinta-feira, 11 de outubro de 2012 (ZENIT.org) - Reproduzimos a seguir as declarações do cardeal Timothy Michael Dolan, arcebispo de Nova Iorque e presidente da Conferência Episcopal dos Estados Unidos, na Terceira Congregação Geral da XIII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, em 9 de outubro de 2012.
***
Um grande evangelizador americano, o reverendo arcebispo Fulton J. Sheen, dizia: “A primeira palavra no Evangelho é que 'veio' Jesus, e a última palavra de Jesus foi 'ide'”. A Nova Evangelização nos lembra que os agentes da evangelização devem ser, eles próprios, evangelizados. São Bernardo de Claraval escreveu: "Se és sábio, prova-o, transformando-te em fonte e não em canal".
Diante disto, eu acho que o principal sacramento da Nova Evangelização é o sacramento da confissão, e agradeço ao papa Bento XVI por nos lembrar desta realidade. Os sacramentos da iniciação são o batismo, a confirmação, a eucaristia, e eles compõem a carga e o desafio na equipagem dos agentes da evangelização.
O sacramento da reconciliação evangeliza os evangelizadores, porque, sacramentalmente, nos coloca em contato com Jesus, nos chama à conversão do coração e nos inspira a dar uma resposta ao seu convite ao arrependimento.
O concílio Vaticano II pediu uma renovação do sacramento da confissão, mas, infelizmente, em muitos lugares, vimos que este sacramento desapareceu. Pedimos a reforma das estruturas, dos sistemas, das instituições, a mudança de outras pessoas, mas não pedimos essa mudança de nós mesmos.
A resposta para a pergunta "O que há de errado com o mundo?" não é a política, nem a economia, nem o secularismo, nem a poluição, nem o aquecimento global.
Quando perguntado sobre o que há de errado com o mundo, o escritor britânico Gilbert Keith Chesterton respondeu: "Sou eu", assumindo que, no centro do convite do evangelho, estão o arrependimento e a conversão do coração. E isto é o sacramento da evangelização!
(Trad.ZENIT)
VATICANO, quinta-feira, 11 de outubro de 2012 (ZENIT.org) - Reproduzimos a seguir as declarações do cardeal Timothy Michael Dolan, arcebispo de Nova Iorque e presidente da Conferência Episcopal dos Estados Unidos, na Terceira Congregação Geral da XIII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, em 9 de outubro de 2012.
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Um grande evangelizador americano, o reverendo arcebispo Fulton J. Sheen, dizia: “A primeira palavra no Evangelho é que 'veio' Jesus, e a última palavra de Jesus foi 'ide'”. A Nova Evangelização nos lembra que os agentes da evangelização devem ser, eles próprios, evangelizados. São Bernardo de Claraval escreveu: "Se és sábio, prova-o, transformando-te em fonte e não em canal".
Diante disto, eu acho que o principal sacramento da Nova Evangelização é o sacramento da confissão, e agradeço ao papa Bento XVI por nos lembrar desta realidade. Os sacramentos da iniciação são o batismo, a confirmação, a eucaristia, e eles compõem a carga e o desafio na equipagem dos agentes da evangelização.
O sacramento da reconciliação evangeliza os evangelizadores, porque, sacramentalmente, nos coloca em contato com Jesus, nos chama à conversão do coração e nos inspira a dar uma resposta ao seu convite ao arrependimento.
O concílio Vaticano II pediu uma renovação do sacramento da confissão, mas, infelizmente, em muitos lugares, vimos que este sacramento desapareceu. Pedimos a reforma das estruturas, dos sistemas, das instituições, a mudança de outras pessoas, mas não pedimos essa mudança de nós mesmos.
A resposta para a pergunta "O que há de errado com o mundo?" não é a política, nem a economia, nem o secularismo, nem a poluição, nem o aquecimento global.
Quando perguntado sobre o que há de errado com o mundo, o escritor britânico Gilbert Keith Chesterton respondeu: "Sou eu", assumindo que, no centro do convite do evangelho, estão o arrependimento e a conversão do coração. E isto é o sacramento da evangelização!
(Trad.ZENIT)
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
Os movimentos: um verdadeiro dom de Deus
Cardeal Stanislaw Rylko: "Não extinguir os carismas, mesmo se inconvenientes"
Sínodo dos Bispos - ROMA, terça-feira, 9 de Outubro de 2012
Reproduzimos abaixo a intervenção do cardeal Stanislaw Rylko, presidente do Pontifício Conselho para os Leigos, feita na tarde de ontem durante a segunda Congregação Geral do Sínodo dos Bispos.
***
No número 115 do instrumentum laboris, lemos que "o florescimento, ao longo das últimas décadas, muitas vezes gratuito e carismático, de grupos e movimentos engajados com prioridade na proclamação do Evangelho é outro dom da Providência para a Igreja".
O magistério dos últimos papas reiterou em muitas circunstâncias esta natureza providencial da "nova era de integração dos fiéis leigos", destacando a sua estreita relação com o "novo Pentecostes" do concílio Vaticano II.
Em particular, o beato João Paulo II fez sempre questão de destacar o dinamismo missionário dos movimentos e das novas comunidades, que "representam um verdadeiro dom de Deus para a nova evangelização e para a atividade missionária propriamente dita. Por isso, recomendamos difundi-los e usá-los para dar novo vigor, especialmente entre os jovens, para a vida cristã e para a evangelização, dentro de uma visão pluralista dos modos de se associar e de se expressar".
O papa Bento XVI, por sua vez, ressalta que "o instrumento providencial para um renovado impulso missionário são os movimentos eclesiais e as novas comunidades; acolham-nas e promovam-nas dentro das suas dioceses". Em outra ocasião, ele encorajou os bispos a receber os movimentos e novas comunidades "com grande amor".
Infelizmente, os movimentos e as novas comunidades ainda são um recurso que não é totalmente valorizado na Igreja, um dom do Espírito e um tesouro de graças que ainda estão escondidas aos olhos de muitos pastores, talvez intimidados pela novidade que eles trazem para a vida da diocese e das paróquias.
O Santo Padre está bem ciente desta dificuldade; é por isto que ele exorta os pastores a "não extinguirem os carismas, a serem gratos a eles, mesmo que eles sejam incómodos". É necessária, portanto, uma "conversão pastoral" dos bispos e dos padres, que são chamados a reconhecer que os movimentos são essencialmente um dom precioso e não um problema.
O zelo missionário das novas realidades não vem de um entusiasmo emocional e superficial, mas resulta de experiências muito sérias e exigentes de formação dos fiéis leigos na fé madura, capaz de responder adequadamente aos desafios da secularização. A novidade da sua ação, portanto, não está nos seus métodos, mas na capacidade de reafirmar a centralidade de Deus na vida dos cristãos, uma questão fundamental nos ensinamentos do Santo Padre Bento XVI.
Mesmo para a nova evangelização, vale o velho ditado escolástico: "operari sequitur esse", porque as nossas ações sempre expressam o que somos. A evangelização não é só uma questão de know-how, mas é, principalmente, uma questão de "ser", isto é, de ser cristãos verdadeiros e autênticos.
Os métodos de evangelização que os movimentos e as novas comunidades adotam são aparentemente muito diferentes, muito variados, mas todos se relacionam com as "três leis da nova evangelização", que o então cardeal Ratzinger formulou para catequistas e professores de religião por ocasião do Jubileu do ano 2000.
Primeiro, a "lei da expropriação", ou seja, o não falar em nome próprio, mas em nome da Igreja, mantendo claro que "a evangelização não é apenas um modo de falar, mas um modo de viver": é a clara consciência de que pertencemos a Cristo e ao Seu Corpo, a Igreja, que transcende o eu.
A segunda é a "lei da semente de mostarda", que é a coragem de evangelizar com paciência e com perseverança, sem esperar resultados imediatos, e sempre lembrando que a lei dos grandes números não é a lei do Evangelho. É uma atitude que podemos reconhecer, por exemplo, no trabalho de evangelização realizado por movimentos e novas comunidades nas regiões mais secularizadas da terra.
A terceira "lei" é a do grão de trigo, que deve morrer para dar a vida, que deve aceitar a lógica da cruz. Nessas leis, reside o maior segredo da eficácia dos esforços de evangelização da Igreja em todos os tempos. (ZENIT)
sábado, 6 de outubro de 2012
Igreja concede indulgência plenária durante o Ano da Fé. Decreto explica as condições
2012-10-05 Rádio Vaticano
Durante todo o Ano da Fé, de 11 de Outubro 2012 a 24 de Novembro
de 2013, poderão beneficiar de indulgência plenária da pena temporal
pelos próprios pecados, atribuída por misericórdia de Deus, aplicável em
sufrágio às almas dos fieis defuntos, todos os fieis que,
verdadeiramente arrependidos e devidamente confessados, comungarem
sacramentalmente e rezarem pelas intenções do Santo Padre.
Segundo o
Decreto "Urbis et Orbis", datado de 14 de Setembro passado e agora
publicado pela Penitenciaria Apostólica, são as seguintes as condições
para lucrar tal indulgência plenária:a) participar pelo menos em três
momentos de pregação durante as Missões, ou em três lições sobre as Atas
do Concílio Vaticano II e sobre Artigos do Catecismo da Igreja
Católica, em qualquer igreja ou lugar idóneo; visitar em forma de peregrinação uma Basílica Papal, uma catacumba cristã, uma Catedral, um
lugar santo designado pelo ordinário do lugar para o Ano da Fé (por
exemplo entre as Basílicas Menores e os Santuários dedicados à Virgem
Maria, aos Santos Apóstolos e aos Santos Patronos), participando aí em
alguma sagrada celebração ou pelo menos recolhendo-se por algum tempo em
meditação, concluindo com a recitação do Pai-Nosso, a Profissão de Fé
em qualquer forma legítima, as invocações à Virgem Santa Maria e,
segundo os casos, aos Santos Apóstolos e Patronos nos dias
determinados pelo Ordinário do lugar para o Ano da Fé (por exemplo, nas
solenidade do Senhor, da Virgem Maria, nas festas dos Santos Apóstolos e
Patronos, na Cátedra de S. Pedro) participar num lugar sagrado numa solene Eucaristia ou na liturgia das horas, juntando-lhe a Profissão de
Fé em qualquer forma legítima renovar as promessas baptismais em
qualquer forma legítima. num dia livremente escolhido, durante o Ano da
Fé, por ocasião de uma a piedosa visita ao baptistério ou outro lugar
onde se recebeu o baptismo,
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