quinta-feira, 30 de junho de 2011


Hoje é o dia do Sagrado Coração de Jesus.


“Junto do Coração de Cristo o coração do homem aprende a conhecer o sentido verdadeiro e único de sua vida e de seu destino, a compreender o valor de uma vida autenticamente cristã, a se preservar de certas perversões do coração humano, a unir o amor filial para com Deus ao amor do próximo…é no Coração de Cristo que o homem recebe a capacidade de amar.” (J. Paulo II).


Deus em sua infinita misericórdia, com um gesto de doação e entrega total ao homem, permite que um dos soldados abrisse com uma lança o sagrado coração de Jesus, onde jorrou água e sangue. Eis o preço da nossa salvação: foi então para nós dado a plena riqueza que são os sacramentos e a vida na graça, que fez jorrar da fonte mais pura e plena de água viva “Que jorra a vida eterna” (Jo 4,14), ou seja, o coração aberto de Jesus.

Para bem viver essa real e profunda experiência de Deus que é dada ao contemplar o Sagrado Coração de Jesus, é preciso olhar para o nosso coração, deparar com o vazio da nossa existência e superar o nosso nada, ao mergulhar no coração de Jesus: nele encontraremos a profundidade da misericórdia de Deus e o rela sentido de nossa vida. Assim, o homem quando busca o seu sentido de vida busca na verdade o Sagrado Coração de Cristo. È isso mesmo: Só no coração de Cristo é que o homem vai encontrar alento e descanso em meio ao vazio existencial que deparamos quando não nos voltamos para Deus.

Enfim, possamos na Solenidade do Coração de Jesus renovar a experiência do Amor de Deus que nos foi derramado ao instituir a Igreja e os Sacramentos por meio da água e sangue que faz jorrar deste coração aberto, deste amor que se deixa encontrar e que quer nos firmar cada vez mais na sua vontade. Mergulhemos no lado aberto de Jesus, como Tomé, que ao penetrar na intimidade de Deus, configurou-se com o seu coração, e a um só coração, cumpriu com fidelidade o mandamento do amor: IDE POR TODO O MUNDO E A TODOS PREGAI O EVANGELHO!

Sagrado Coração de Jesus, eu confio e espero em Vós!

terça-feira, 28 de junho de 2011

Santa Margarida Maria Alacoque,


16 do outubro
Margarida nasce em 22 de julho de 1647 no pequeno povoado de Lautecour na França.
Seu pai Claudio Alacoque, juiz e notário. A mãe Filiberta Lamyn. Os filhos são cinco. A menor é Margarida. O pároco, Antonio Alacoque, tio dele, baptiza-a aos três dias de nascida. Ela diz em sua autobiografia que desde pequena lhe concedeu Deus que Jesus Cristo fora o único dono de seu coração. E lhe concedeu outro grande favor: um grande horror ao pecado, de maneira que até a mais pequena falta lhe resultava insuportável.

Diz que sendo ainda uma menina, um dia na elevação da Santa Hóstia na Missa fez a Deus a promessa de manter-se sempre pura e casta. Voto de castidade.

Aprendeu a rezar o rosário e o recitava com especial ardor cada dia e a Virgem Santíssima lhe correspondeu livrando-a de muitos perigos.

Levam-na ao colégio das Clarissas e aos nove anos faz a Primeira Comunhão. Diz "Desde esse dia o bom Deus me concedeu tanta amargura nos prazeres mundanos, que embora como jovem inexperiente que era, às vezes os buscava, resultavam muito amargos e desagradáveis. Em troca encontrava um gosto especial na oração".

Veio uma enfermidade que a teve paralisada por vários anos. Mas por fim, ocorreu- lhe consagrar-se à Virgem Santíssima e lhe oferecer propagar sua devoção, e pouco depois Nossa Senhora lhe concedeu a saúde.

Era muito jovem quando ficou órfã de pai, e então a mãe de Dom Claudio Alacoque e duas irmãs dele, vieram à casa e se apoderaram de tudo e a mãe de Margarida e seus cinco filhos ficaram como escravizados. Tudo estava sob chave e sem a permissão das três mandonas mulheres, não saía ninguém da casa. Assim não permitiam a Margarida nem sequer ir durante a semana à igreja. Ela se retirava a um rincão e ali rezava e chorava.

No meio de tantas penas, lhe pareceu que Nosso Senhor lhe dizia que desejava que ela o imitasse o melhor possível na vida de dor ao Divino Mestre que tão grandes pena e dores sofreu em sua Paixão e morte.Daí em diante, ela não só não se desgosta que lhe cheguem penas e dores, mas sim aceita tudo isto com o maior gosto por assemelhar-se o melhor possível a Cristo sofredor.

O que mais a fazia sofrer era ver quão mal e duramente tratavam a sua própria mãe. Mas insistia -lhe que oferecessem tudo isto por amor de Deus. Uma vez a mamãe adoeceu tão gravemente de erisipela que o médico diagnosticou que aquela enfermidade já não tinha cura. Margarida foi então a assistir a uma Santa Missa pela saúde da doente e ao voltar viu que a mãe se tinha começado a curar de maneira admirável e inexplicável.

O que mais lhe atraía era o Sacrário onde está Jesus Sacramentado na Sagrada Hóstia. Quando ia ao templo colocava-se sempre o mais próxima possível ao altar, porque sentia um amor imenso para o Jesus Eucaristia e queria lhe falar e escutá-Lo.

Aos 18 anos por desejo de seus familiares começou a arrumar-se esmeradamente e a frequentar amizades e festas sociais com jovens. Mas estes passatempos mundanos deixavam-lhe na alma uma profunda tristeza. Seu coração desejava dedicar-se à oração e à solidão. Mas a família lhe proibia tudo isto.

O demónio lhe trazia a tentação de que se fosse ser religiosa não seria capaz de perseverar e teria que devolver-se a sua casa com vergonha e desprestígio. Rezou à Virgem Maria afastou-lhe este engano e tentação e a convenceu de que sempre a ajudaria e defenderia.

Um dia depois de comungar sentiu que Jesus lhe dizia: "Sou o melhor que nesta vida pode escolher. Se te dedicares ao meu serviço, terás paz e alegria. Se ficares no mundo terás tristeza e amargura". Depois disso decidiu tornar-se religiosa, custasse o que custasse.

No ano 1671 foi admitida na comunidade da Visitação, fundada por São Francisco de Sales. Entrou em convento do Paray-le-Monial. Uma de suas companheiras de noviciado deixou escrito: "Margarida deu muito bom exemplo às irmãs por sua caridade; jamais disse uma só palavra que pudesse incomodar a alguma, e demonstrava uma grande paciência ao suportar as duras reprimendas e humilhações que recebia frequentemente".

Puseram-na de ajudante de uma irmã que era muito forte de carácter e esta se desesperava ao ver que Margarida era tão tranquila e calada. A superiora empregava métodos duros e violentos que faziam sofrer fortemente a jovem religiosa, mas esta nunca dava a menor amostra de estar desgostada. Com isto a estava preparando Nosso Senhor para que se fizesse digna das revelações que ia receber.

Em 27 de dezembro de 1673 lhe apareceu pela primeira vez o Sagrado Coração de Jesus. Ela tinha pedido permissão para ir às quintas-feiras de 9 a 12 da noite a rezar diante do Santíssimo Sacramento do altar, em lembrança das três horas que Jesus passou orando e sofrendo no Horta do Getsemani.

De repente se abriu o sacrário onde estão as hóstias consagradas e apareceu Jesus Cristo como o vemos em alguns quadros que agora temos nas casas. Sobre o manto seu Sagrado Coração, rodeado de chamas e com uma coroa de espinhos em cima, e uma ferida. Jesus assinalando seu coração com a mão lhe disse: "Eis aqui o coração que tanto amou as pessoas e em troca recebe ingratidão e esquecimento. Tu deves procurar me desagravar". Nosso Senhor lhe recomendou que se dedicasse a propagar a devoção ao Coração do Jesus, porque o mundo é muito frio em amor para Deus e é necessário entusiasmar às pessoas por este amor.

Durante 18 meses o Coração do Jesus foi aparecendo. Pediu-lhe que se celebrasse a Festa do Sagrado Coração, cada ano, na sexta-feira da semana seguinte à festa do Corpo e o Sangue de Cristo (Corpus Christi).

O Coração do Jesus fez à Santa Margarida umas promessas maravilhosas para os que praticarem esta formosa devoção. Por exemplo "Benzerei as casas onde seja exposta e honrada a imagem de meu Sagrado Coração. Darei paz às famílias. Aos pecadores os tornarei bons e aos que já são bons os tornarei santos. Assistirei na hora da morte aos que me ofereçam a comunhão das primeiras Sextas-feiras para me pedir perdão por tantos pecados que se cometem", etc.

Margarida dizia ao Sagrado Coração: "por que não escolhe outra que seja Santa, para que propague estas mensagens tão importantes? Eu sou muito pecadora e muito fria para amar a meu Deus". Jesus lhe disse: "Escolhi a ti que é um abismo de misérias, para que apareça mais o meu poder. E quanto a sua frieza para amar a Deus, te dou de presente uma faísca do amor de meu Coração". E lhe enviou uma faísca da chama que ardia sobre seu Coração, e desde esse dia a Santa começou a sentir um amor maior por Deus e era tal o calor que lhe produzia o seu coração que em pleno inverno, a vários graus abaixo de zero, tinha que abrir a janela de sua habitação porque sentia que ia se queimar com tão grande chama de amor a Deus.

Nosso Senhor lhe dizia: "Não faça nada sem permissão das superioras. O demónio não tem poder contra as que são obedientes".

Margarida adoeceu gravemente. A superiora disse-lhe: "Acreditarei que sim são certas as aparições de que fala, se o Coração do Jesus lhe conceder a cura". Pediu ao Sagrado Coração que a curasse e ficou boa imediatamente. Desde esse dia, sua superiora acreditou, que na verdade lhe aparecia Nosso Senhor.

Deus permitiu que enviassem de capelão ao convento de Margarida a São Claudio de Colombiere e este homem de Deus que era jesuíta, conseguiu que na Companhia do Jesus fosse aceite a devoção ao Coração do Jesus. Depois disso os jesuítas a propagaram por todo mundo.

Margarida foi nomeada Mestra de noviças. Ensinou às noviças a devoção ao Sagrado Coração (que consiste em imitar a Jesus em sua bondade e humildade e em confiar imensamente nele, em oferecer orações e sofrimentos e missas e comunhões para desagrava-lo, e em honrar sua Santa imagem) e aquelas jovens progrediram rapidíssimo em santidade. Logo ensinou a seu irmão (comerciante) esta devoção e o homem fez admiráveis progressos em santidade. Os jesuítas começaram a comprovar que nas casas onde se praticava a devoção ao Coração do Jesus as pessoas se tornavam muito mais fervorosas.

O Coração de Jesus disse-lhe: "Se me quiser agradar, confie em Mim. Se quiser me agradar mais, confia mais. Se quiser me agradar imensamente, confie imensamente em Mim".

Antes de morrer obteve que em sua comunidade se celebrasse pela primeira vez a festa do Sagrado Coração do Jesus.

Em 17 de Outubro de 1690 morreu cheia de alegria porque podia ir estar para sempre no céu ao lado de seu amadíssimo Senhor Jesus, cujo Coração a tinha ensinado, a amar tanto neste mundo.

Digamos de vez em quando as duas orações tão queridas para os devotos do Sagrado Coração: "Jesus manso e humilde de coração, faz nosso coração semelhante ao vosso"."Sagrado Coração do Jesus. Em vós confio"

domingo, 19 de junho de 2011

Papa pede a D.José Policarpo para ficar mais dois anos


O  Cardeal Patriarca de Lisboa anunciou hoje que o Papa Bento XVI lhe solicitou que permaneça como Bispo Diocesano mais dois anos, depois de, em Fevereiro, ter pedido a resignação aos 75 anos.
"Gostava de vos anunciar hoje, Dia da Igreja Diocesana, que o Santo Padre Bento XVI já respondeu ao meu pedido de resignação, pedindo-me que prolongue o meu ministério episcopal, na Igreja de Lisboa, por mais dois anos", disse José Policarpo durante a homilia da missa no Externato de Penafirme, Torres Vedras, com que assinalou a data.
Aos fiéis, o cardeal patriarca de Lisboa assegurou que será "até ao último minuto o bispo que Deus deu à sua Igreja, para a conduzir nos caminhos da comunhão".
A 17 Fevereiro, José Policarpo escreveu ao papa a pedir a sua resignação como bispo diocesano quando completasse 75 anos, o que aconteceu a 26 de Fevereiro. Entretanto, o cardeal-patriarca de Lisboa foi eleito, em Maio, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), sucedendo ao arcebispo de Braga, Jorge Ortiga.
Na homilia de hoje, o cardeal sublinhou que "ser Igreja é ser o povo do senhor" e que "a Igreja é sempre e em tudo um anseio de eternidade". José Policarpo prosseguiu: "A fé católica não se limita a acreditar na divindade, porventura a adorá-la e a seguir a sua lei. Convida-nos a participar na divindade, a fazer a experiência de Deus, não apenas a acreditar, mas a amar, a ser amor
“Esta é a nossa Fé! Esta é a Fé da
Igreja que nos gloriamos de
professar”
Homilia na Solenidade da Santíssima Trindade
Dia da Igreja Diocesana
Seminário de Penafirme, 19 de Junho de 2011
1. A Solenidade da Santíssima Trindade conduz-nos à especificidade da
nossa fé cristã e à compreensão da Igreja que somos, comunidade edificada à
imagem de Deus, Uno e Trino, experiência de comunhão, participação na
comunhão de vida e de amor que há entre as Pessoas divinas.
O Deus em que acreditamos, sendo um só Deus, é uma comunhão de
Pessoas. A profissão de fé, exigida aos que vão receber os sacramentos do
Baptismo e da Confirmação, é a proclamação da fé nas três Pessoas divinas. E
ao receber essa profissão de fé, o ministro conclui: “esta é a nossa fé, esta é a
fé da Igreja que nos gloriamos de professar”. Ao celebrar este mistério do
Deus, uno e trino, somos convidados a proclamar com convicção e emoção:
esta é a nossa fé, esta é a fé da Igreja! Qual é a especificidade desta fé da
Igreja?
Só na Santíssima Trindade se sente que Deus é amor. E não é a mesma
coisa amar os homens que criou e ser amor, a atrair e a envolver todos os
seres que criou. Esse amor, que identifica a pessoa que ama com o próprio
amor, só é possível entre pessoas iguais, embora distintas, da mesma
natureza. E é esse acto de amor, absoluto e puro, que se torna criador. Tudo o
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que existe brota desse acto de amor, traz gravado no seu ser a marca do amor
que lhe deu origem.
O facto de Deus ser amor, se identificar com o amor, faz com que toda a
sua relação com as criaturas seja acto de amor, motivada pelo amor: quando
as criou, quando as salvou, quando quer ser Deus connosco, é ainda amor
quando nos julga. Porque se relaciona com os homens num acto de amor,
suscita nos que acreditam n’Ele o desejo de ser amor com Ele, de mergulhar
no seu mistério de amor. É por isso que o mandamento novo de Jesus só podia
ser esse: “amai-vos uns aos outros como Eu vos amei” e poderia ter
acrescentado: Eu amei-vos como o Pai Me ama, como o Pai vos ama. Só a
comunhão no amor trinitário permitirá aos homens, não apenas amar, mas ser
amor. E isso é possível devido à nossa identificação com Jesus Cristo. É
impossível ser um com Cristo, e não desejar ser amor. Ele próprio manifesta o
desejo de que sejamos amor, quando nos comunica o Espírito Santo, o mesmo
Espírito que faz com que toda a sua vida seja amor.
2. E é por isso que este mistério do amor trinitário define a natureza da
Igreja e o dinamismo do seu crescimento e da sua fidelidade. Ser Igreja é ser o
Povo do Senhor, que Ele conquistou, porque o amou, ao qual comunicou o
Espírito Santo e que atrai à intimidade de Deus. É por isso que a Igreja é
sempre e em tudo, um anseio de eternidade.
3. A fé católica não se limita a acreditar na divindade, porventura a
adorá-la e a seguir a sua Lei. Convida-nos a participar na divindade, a fazer a
experiência de Deus, não apenas a acreditar, mas a amar, a ser amor. Isso
tornou-se possível desde que Deus se fez Homem e introduziu aqueles que
redimiu, no seio da vida íntima de Deus.
Tratando-se de criaturas, marcadas pelo pecado, esta benevolência
divina de nos acolher no seu mistério de amor, faz-nos descobrir que Deus é
misericórdia, e o nosso amor toma, espontaneamente, a expressão da
gratidão.
Este mistério do Deus misericórdia aparece já expresso no Antigo
Testamento, mesmo quando a consciência da Trindade ainda não era clara.
Ouvíamos no Livro do Êxodo Deus dizer a Moisés: “O Senhor é um Deus
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clemente e compassivo, sem pressa para Se indignar e cheio de benevolência
e fidelidade”. É esta experiência da misericórdia que leva Moisés a adorar
Deus. E a sua adoração é a gratidão pela bondade de Deus e o desejo da
comunhão de amor, uma vez que Deus a tornou possível: “Se encontrei
aceitação a vossos olhos, dignai-vos Senhor caminhar no meio de nós. É certo
que somos um povo insubmisso, mas perdoai as nossas faltas e pecados e
fazei de nós a vossa herança” (Ex. 3,8-9).
Cristo é a expressão viva do amor-misericórdia. “Deus não enviou o seu
Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para este ser salvo por Seu
intermédio” (Jo. 3,17). E ser salvo é ser admitido na intimidade de Deus, para a
qual Deus nos criou. Esta é a experiência libertadora que, pela fé em Jesus
Cristo, fazemos em Igreja. Para Paulo essa experiência de amor divino é tão
forte e indiscutível que se transforma em saudação: “A graça do Senhor Jesus
Cristo, o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo, estejam com todos
vós” (2Cor. 13,13). Verdadeiramente podemos exclamar: “esta é a nossa fé,
esta é a fé da Igreja que nos gloriamos de professar”.
4. Para a Igreja edificar-se como Povo do Senhor, crescer na fé, é
mergulhar neste mistério do amor trinitário. Esse é o desafio de todas as
expressões cristãs, de todos os caminhos de pastoral: quando anunciamos,
testemunhamos o amor; quando celebramos, reconhecemos o amor; quando
amamos os irmãos, procuramos ser amor; quando lutamos pela fidelidade,
procuramos ser coerentes com o amor; quando construímos a unidade,
exprimimos a unidade de Deus que se exprime no amor de pessoas diversas e
diferentes. Sem a trindade de pessoas, a unidade não seria um fruto do amor.
Quando proclamamos “esta é a nossa fé, esta é a fé da Igreja”, dizemos
que esta é a Igreja que queremos ser. Esta é a beleza apaixonante da Igreja:
sermos, uns com os outros, uma comunhão de amor, à imagem da Santíssima
Trindade. É isso a caridade.
5. Este ano, em que celebro 50 anos de ministério sacerdotal, maior
expressão da ternura de Deus por mim, tenho sentido, como hoje aqui, a
beleza de uma Igreja que é comunhão. E ao sentir que este amor é
participação no amor de Deus, a minha acção de graças só pode ser um hino à
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misericórdia, à bondade do Senhor. Não acabou a nossa finitude, nem o nosso
pecado; prevalece o amor misericordioso, que nos faz sentir na nossa
fraqueza, a nossa vocação de eternidade. Todos nós estamos de passagem
neste tempo da Igreja peregrina, porque nos espera a eterna perenidade do
amor, no seio de Deus.
Cinquenta anos! O próprio facto de os contarmos é uma afirmação da
nossa transitoriedade. Gostava de vos anunciar, hoje, Dia da Igreja Diocesana,
que o Santo Padre Bento XVI já respondeu ao meu pedido de resignação,
pedindo-me que prolongue o meu ministério episcopal, na Igreja de Lisboa, por
mais dois anos. Não penseis que me sinto mais transitório agora do que há 50
anos. Serei até ao último minuto o Bispo que Deus deu à sua Igreja, para a
conduzir nos caminhos da comunhão. É maravilhoso experimentar, desde já,
este mistério da comunhão divina. Verdadeiramente “esta é a nossa fé, é a fé
da Igreja”.
† JOSÉ, Cardeal-Patriarca

Festa da Santíssima Trindade

(Jo 3,16-18). 

«Deus amou tanto o mundo, que deu Seu Filho Único, para que todo que o crer nele não morra, mas tenha a vida eterna. Porque Deus não mandou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. Quem nele crê não é julgado, quem não crê já está julgado, porque não acreditou no Nome do Filho Único de Deus»

 Com a solenidade de Pentecostes encerramos o Tempo Pascal durante o qual revivemos a origem da nossa fé que é a Ressurreição de Jesus. A partir de Pentecostes começaria para os apóstolos uma nova fase de todo o projeto da Salvação: começava a nova história do Ressuscitado que vive e continua agindo na história dos homens.
Começava o caminho lento e penetrante, onde o humano e o divino se fundem, a tal ponto de não poderem mais ser discernidos um prescindindo do outro. Começava o caminho dos “filhos de Deus”, da Igreja que é chamada a santificar o mundo; um “mundo” que sempre precisa reencontrar a sua vocação, a sua identidade e a sua relação com Deus para poder encontrar a felicidade. A Igreja começava a sua missão de “fermento” na massa do mundo, daquela humanidade pela qual Deus julgou que valia a pena «dar» (como diz o Evangelho de hoje) tudo quanto Ele tinha de mais precioso.
É um «mundo» que não se identifica apenas com o “cosmo”, ou a “sociedade. É o «mundo» dos homens, aquele “mundo” feito de desejos, aspirações e esforços generosos, sucessos e conquistas que devem encontrar a sua orientação certa para poder brotar em felicidade. É o mundo que precisa de Redenção. É o mundo dos que erram o caminho, dos que não encontram sentido na própria existência; é o mundo dos que fogem da vida para não se deixar questionar por ela... É aquele mundo que nós mesmos desprezamos, aquele mundo que frequentemente julgamos estar distante de Deus... pois é exactamente esse o mundo pelo qual Deus optou. Usando a linguagem própria da Escritura, onde se faz distinção entre “carne” (fragilidade) e “osso” (firmeza), o evangelista nos disse que Deus, o «Verbo», se fez «carne»!
Após a Páscoa, Jesus deixou à sua comunidade o compromisso de levar justamente a esse “mundo” dos homens, uma única palavra consoladora: «Deus tanto amou o mundo». Deus amou esse “mundo” que nós mesmos às vezes rejeitamos, tanto em nós mesmos quanto nos outros.
A Igreja concebia-se, então, como depositária dessa “palavra” consoladora, depositária da Aliança irrevogável que o Senhor havia estabelecido. Tal palavra não era como tantas outras, era uma palavra viva e capaz de dar vida, de re-criar um homem à beira do desespero: era a presença do próprio Senhor ressuscitado.
Anunciar uma palavra - na linguagem bíblica - não é o simples ato de proferir, “dizer que...”; isso porque o valor daquilo que era anunciado, bem como a credibilidade do conteúdo, estavam estritamente ligados à pessoa que falava; assim, por exemplo, não era uma pessoa qualquer que podia fazer o anúncio de uma vitória ou derrota em batalha. “Anunciar” significava “conduzir” as pessoas a “fazer experiência” daquilo que o emissário trazia consigo.
Sim, era esta a herança que Jesus havia deixado aos seus: dar a possibilidade, aos que não se sentem amados, de fazer experiência do que isso significa, do que significa ser amado sem ser julgado. E isso somente pode ser feito num lugar concreto, não imaginário ou distante dos dramas dos homens. Um mundo esquivo de paixões, desejos, inclinações e erros, é desumano, não pode falar de Deus aos homens que estão mergulhados em tantos dramas. Mas a Igreja está, providencialmente, carregada de dramas e contradições, problemas e dificuldades, a fim de que possa ser um lugar realmente humano. Só assim poderá anunciar ao “mundo” uma palavra autêntica.
Ao desejo de Jesus que a sua comunidade continuasse revelando ao «mundo» o amor do Pai, Deus respondeu com aquilo que lhe é próprio, com aquilo que é capaz de dar sempre a vida. Respondeu com o mesmo Espírito que foi capaz de fazer existir o que não existia, o mesmo Espírito que “ressuscitou Jesus dos mortos” (cfr. Rm 8,11).

A comunidade cristã nasceu no coração do Pai, no seu Espírito, como resposta ao desejo de Jesus. Sua origem está radicada na própria Trindade de Deus. Sendo assim, de algum modo o “ser” da Igreja pode nos ajudar a compreender melhor sua fonte, sua origem, o próprio Deus em sua intimidade.

Olhar o mistério da Igreja para entrever o mistério de Deus. Talvez esse caminho possa nos ajudar.
Ricas de significado a esse propósito são as palavras do Concílio: “Assim, a Igreja se apresenta como um povo que deriva a sua unidade da unidade do Pai do Filho e do Espírito Santo” (LG 4).
A Igreja é uma só realidade; essa única realidade se constitui como tal por uma característica própria. Se um grupo qualquer ou uma sociedade são regidos por regras criadas em função do objectivo  a que esses se propõem, não é assim no caso da comunidade cristã: ela é o que é porque o seu “ser” é diferente. Nela o que importa não é o objectivo em si mesmo (pois esse já está alcançado pela acção redentora de Jesus), mas sim toda a dinâmica que acontece durante o caminho e que pode gerar entre os membros uma comunhão “análoga” à comunhão que rege a Santíssima Trindade: uma comunhão em que o Amor reina absoluto, soberano. Com certeza, cabe à Igreja “anunciar”, isto é, permitir que todos e cada um dos homens façam experiência da Redenção, todavia o que é mais importante é o fato de ela ser portadora de misteriosas relações que interagem com o fiel e são geradas pelo Espírito de Deus e pela presença do Ressuscitado, vivo. Trata-se das inexplicáveis dinâmicas de amor que operam dento da comunidade a fim de que os homens sejam transformados, sejam mais “homens”, se realizem conforme o projecto que Deus explicitou ao criar Adão. É desse mistério íntimo no ser da Igreja que Paulo fala nestes termos: «Somos transformados em Sua imagem, de glória em glória, porque é o Espírito do Senhor quem realiza isto » (2Cor 3,18). “À imagem de Jesus”! Resposta total ao amor de Deus Pai.
São relações que, à imagem da dinâmica que existe no coração de Deus, que é comunhão, reciprocidade sem limite, fundem progressivamente os membros entre si e eles com seu Senhor.
Assim sendo, se compreende mais facilmente como, mais do que os eventos que se desenvolvem na história da comunidade, o que importa de fato são as dinâmicas e as relações que são geradas ao longo e dentro dos eventos. A intensidade e a consistência dos seus efeitos são proporcionais à resposta que sabemos dar; cada resposta, acolhida e vivida “gera” algo novo, “cria” a própria comunidade e cada um de seus membros. Em parte, já podemos experimentar a beleza daquilo que acontece em nós e na nossa comunidade quando somos capazes de dar respostas sem opor limites (como é no íntimo do próprio Deus). É este o “penhor”, a antecipação daquilo que acontece “sem algum limite” na intimidade de Deus, em seu “ser”, em sua Trindade.
É uma dinâmica viva e vivificante, que une, que “funde” as pessoas sem confundi-las.
É um movimento que implica sempre uma decisão em favor do outro e do amor, por isso é plenamente envolvente, pessoal e responsável. A cada “sim” que formos capazes de dar, o Espírito sempre nos sugerirá um outro “sim” a ser dado e assim por diante, até podermos dar uma resposta que seja cada vez mais conforme à resposta eterna que sempre o Filho dá ao Pai.
Assim sendo, o cristão é infinitamente solicitado a “sair de si mesmo” e vive  em si aquilo que é próprio do coração de Deus, aquilo que faz do único Deus, um Deus-comunhão, um Deus infinitamente projectado “fora”.
Deus se revelou um Deus que é essencialmente uma única, infinita comunhão; “Criando o ser humano à própria imagem e semelhança, Deus o criou para a comunhão. O Deus criador se revelou como Amor, Trindade, comunhão”  (CN 9) com essas palavras um recente documento da Santa Sé recordava a ligação profunda entre o “ser” de Deus e o “ser” do homem: ambos definidos por uma análoga dinâmica que é “relação”.
         Contemplar a Trindade de Deus, as infinitas e delicadas solicitações para o amor respondidas com infinita adesão, não é então algo teórico, desligado do «mundo» dos homens. Olhar para a Trindade nos permite retornar cada dia à nossa origem, não perder a nossa identidade; nos permite aprender a valorizar tudo quanto acontece na nossa frágil e forte comunidade. Apontar ao alto, ao infinito da resposta criadora do amor, com certeza, irá manter mais vivo em nós o significado da nossa vocação de homens.

Um abraço de todo coração na paz e comunhão de Deus.
Pe. Carlo

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Eucaristia para a vida do mundo





Eucaristia para a vida do mundo

O nosso dossier é, este mês, sobre a Eucaristia, Sacramento do Amor, não só porque celebramos a Solenidade do Corpo e Sangue de Jesus Cristo, mas porque Ela é o cume, a fonte, o tesouro da Igreja e da nossa vida quotidiana. Cada dia é Quinta-Feira Santa, é celebração do mistério da fé, do sacramento por excelência, da Ceia do Senhor. Cada dia, somos convidados ao Banquete, cada dia é Festa do Corpo e Sangue de Jesus, feito Pão Vivo, feito Alimento celeste. Cada dia, somos convidados a sentar-nos à mesa para comer o Pão do Céu, para nos alimentarmos do Manjar celeste, para participarmos em plenitude na renovação do Mistério Pascal. Cada dia, precisamos da Ceia, do alimento que nos fortalece, nos santifica, nos diviniza, nos conforta, nos transforma, nos cura, nos faz viver em maior união com Jesus, o Pão Vivo que vem a nós e nos convida a permanecer n’Ele.

A Eucaristia renova no altar, pelo poder santificador do Espírito, a oferta redentora de Jesus, renova o seu Mistério Pascal. Ela é sacrifício redentor da Vítima que Se ofereceu no Calvário e que Se dá e renova a sua oferta no altar. Ela é sacrifício redentor da Vítima pascal. Mas a Eucaristia é também – mistério insondável – presença de Jesus Ressuscitado, de Jesus Vivo e actuante, de Jesus que é Rei e Senhor, d’Aquele que, em plenitude de amor, quer ser fonte de vida nova, quer ser vida das nossas vidas, quer ser presença de vida pascal no coração e na vida do cristão que celebra e que comunga. Todo o Mistério Pascal, pela acção santificadora do Espírito, está presente em cada Eucaristia. Vamos à mesa do Banquete para viver d’Ele, nos unirmos a Ele, para participar, com fé e alegria, no sacramento da vida divina, no mistério do amor em plenitude.

A Eucaristia é dom do amor trinitário, é dádiva da Trindade. É o Pai que nos dá Jesus, é Jesus que Se oferece a Si mesmo, é o Espírito que consagra pão e vinho e os converte em Corpo e Sangue de Jesus Cristo. Por isso, é na Eucaristia que nos devemos oferecer, cada dia, à Trindade Santa e sermos, como nos convida S. Paulo, «hóstias vivas» em oferenda permanente. Participamos no sacramento do amor, para amar como Ele, para sairmos da Eucaristia com vontade de amar e servir. Vamos aprender a amar, pois Ela é escola de dom e serviço. Jesus Se dá a nós para nos ajudar e ensinar a darmo-nos e a amar como Ele. Se Jesus, antes da instituição da Eucaristia, ajoelha e lava os pés aos seus discípulos, é para nos ensinar o caminho da humildade que nos coloca de joelhos diante dos outros, para amar e servir, para sermos servos dos nossos irmãos e irmãs.

Eucaristia sem comunhão é incompleta. O Banquete é para ser alimento, para ser comido. O Pão Vivo descido do Céu é para nos alimentar a alma, a vida divina, para fortalecer a caridade, dinamizar a vida espiritual em nós, ser fonte de vida nova. Mas não podemos comungar de qualquer modo, ou seja, sem estarmos preparados, sem a graça, sem a purificação que se exige para receber tão grande dom. Talvez ande muita gente a comungar sem o dever fazer: quem está em pecado, quem vive casado pelo civil ou só amancebado, quem não tem fé na Eucaristia, quem não se prepara com a «veste nupcial». Há Eucaristias mal celebradas e comunhões mal feitas. Há sacrilégios e atentados ao Corpo do Senhor, ao Santíssimo Sacramento. Precisamos de cuidar mais da nossa preparação, como precisamos de cuidar do nosso tempo de acção de graças e da nossa intimidade com Ele, depois da comunhão.

A Solenidade do Corpo de Deus, com Solene Eucaristia e Procissão Eucarística, é convite a um sério exame de consciência acerca do lugar que a Eucaristia tem na nossa vida. Exame cuidadoso acerca do modo como participamos na Eucaristia, como comungamos, como continuamos a nossa união a Ele, presente em sacrário. Vidas centradas na Eucaristia. Também nós, depois da celebração e da comunhão, temos que ser pão para a vida do mundo, ser alimento para que os outros vivam mais felizes e sejam mais santos, vivam mais a sua fé e sintam a presença da nossa caridade activa. Celebrar a Solenidade do Corpo de Deus é entrar neste misterioso envolvimento divino, pois acreditamos que a Hóstia consagrada é Jesus, é o Senhor, é o Amigo divino, é o Cordeiro, é o Pão Vivo, é o Rei e Senhor de todas as coisas, é a Vítima oferecida para ser vida das nossas vidas. Precisamos de renovar nossa fé na presença eucarística, de viver mais unidos a Jesus em sacrário, de alimentar nossa intimidade com o Corpo de Deus, Corpo e Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo. Cantar louvores a Jesus Eucaristia, amá-Lo e viver d’Ele e para Ele, fazendo da Eucaristia nossa pérola, nosso tesouro, nosso encanto, nossa contínua festa.

Dário Pedroso, s.j.

domingo, 12 de junho de 2011

Bento XVI - A Igreja é católica desde o primeiro momento. Foi o Espírito Santo que a criou como Igreja de todos os povos

 Graças ao Espírito Santo recebido no Pentecostes, “a Igreja é católica desde o primeiro momento”. “O Espírito criou-a como a Igreja de todos os povos. Ela abraça o mundo inteiro”. Sublinhou-o Bento XVI, na homilia da missa celebrada na basílica de São Pedro.
Começando por evocar o Salmo responsorial da primeira leitura, que segue o texto dos Atos dos Apóstolos, o Papa pôs em destaque que o Espírito do Pentecostes é o Espírito que animou a Criação. Criação e Redenção constituem um só mistério de amor e salvação:
“o Espírito criador de todas as coisas, e o Espírito Santo que Cristo fez descer do Pai sobre a comunidade dos discípulos, são um e mesmo (Espírito):
criação e redenção pertencem-se reciprocamente e constituem, em profundidade, um único mistério de amor e de salvação.
Para nós cristãos, o mundo é fruto de um ato de amor de Deus, que fez todas as coisas e do qual Ele se alegra porque é ‘coisa boa’, ‘coisa muito boa.
Portanto Deus não é o totalmente Outro, inominável e obscuro. Deus revela-se, tem um rosto. Deus é razão, Deus é vontade, Deus é amor, Deus é beleza”.
Passando depois à segunda leitura (da primeira Carta aos Coríntios), Bento XVI fez notar que também aqui se adverte a relação entre o Pai e o Filho, no mistério do Espírito Criador. O Espírito Santo é Aquele que nos faz reconhecer Cristo como o Senhor.
Finalmente o Evangelho “oferece uma maravilhosa imagem para clarificar a ligação entre Jesus, o Espírito Santo e o Pai: o Espírito Santo é representado como o sopro de Jesus Cristo ressuscitado”. “O Espírito Santo, Criador, é ao mesmo tempo Espírito de Jesus Cristo, de tal modo, porém, que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são um só e único Deus”.
E, à luz da primeira Leitura (observou o Papa)podemos ainda acrescentar:
“o Espírito Santo anima a Igreja. Esta não deriva da vontade humana, da reflexão, da habilidade do homem e da sua capacidade organizativa. A Igreja é – sim – o Corpo de Cristo, animado pelo Espírito Santo”.
Com o acontecimento do Pentecostes exprime-se um novo Sinai, o dom de um novo Pacto, em que a aliança com o povo de Israel se estende a todos os povos da Terra. E este facto é referido por são Lucas através do elenco de tantas diferentes populações. É-nos assim dito uma coisa muito importante:
“que a Igreja é católica desde o primeiro momento, que a sua universalidade não é o fruto da inclusão sucessiva de diversas comunidades.
De facto, desde o primeiro instante o Espírito Santo criou-a como a Igreja de todos os povos. Ela abraça o mundo inteiro, ultrapassa todas as fronteiras de raça, classe, nação; abate todas as barreiras e une os homens na profissão do Deus uno e trino”.
“Desde o início a Igreja é una, católica e apostólica: é esta a sua verdadeira natureza e como tal deve ser reconhecida. Ela é santa, não graças à capacidade dos seus membros, mas porque o próprio Deus, com o seu Espírito, a cria e santifica sempre”.
E Bento XVI concluiu a homilia de Pentecostes recordando a “belíssima expressão” do Evangelho do dia: “Os discípulos rejubilaram ao ver o Senhor”.
“Estas palavras são profundamente humanas. O Amigo perdido está de novo presente, e quem antes estava perturbado e ansioso, agora alegra-se. Mas (a expressão) diz muito mais ainda. Porque o Amigo perdido não vem de um lugar qualquer, mas sim da noite da morte, que Ele atravessou!
Ele não é uma pessoa qualquer, mas o Amigo e ao mesmo tempo Aquele que é a Verdade que faz viver os homens. E isto dá, não uma alegria qualquer, mas a própria alegria, dom do Espírito Santo”.
O Povo
Oo 

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Viver Pentecostes

António Valério, s.j.


A Solenidade de Pentecostes, que celebramos este Domingo, é o tempo em que a Igreja professa a sua fé na efusão do Espírito Santo sobre os apóstolos reunidos no Cenáculo e que continua a ser derramado no coração e na vida da Igreja e de cada cristão. Porém, como tudo o que pertence à dimensão eclesial não pode ser separado do seu contexto cultural e social, também a descida do Espírito Santo sobre o cristão tem implicações necessárias na vida e nas estruturas sociais.

Um cristão não é definido como alguém que está fechado num determinado âmbito, neste caso, o da fé religiosa, como se o facto de pertencer à Igreja fosse uma «ilha» desligada das restantes dimensões da vida. Um cristão é um crente, mas sem deixar de ser pai, mãe, filho, amigo, empresário, professor, político, operário, etc… Se ao Reino de Deus pertence um dinamismo de crescimento íntimo, qual «fermento na massa» ou «pequeno grão de mostrada», então cada cristão, pela força do Espírito Santo, é depositário desta responsabilidade de fazer nascer, crescer e frutificar a presença de Deus no mundo. Do mesmo modo, a Igreja é chamada continuamente a tornar eficaz esta mesma presença, considerando que as suas fronteiras não se limitam ao espaço das igrejas e do seu culto, da hierarquia ou dos grupos de crentes. Tudo o que é humano é essencialmente relacional, é toque, contacto, encontro e mistura de vidas e ambientes.

O Pentecostes, como vem relatado nos Actos dos Apóstolos, leva a primeira comunidade cristã a anunciar publicamente a grande notícia da Ressurreição. Os apóstolos têm diante deles uma enorme multidão constituída pelos cidadãos de todas as nações conhecidas do mundo de então. O dinamismo do Espírito é sair das próprias fronteiras e falar a partir de um entusiasmo que é capaz de ser entendido em todas as línguas. Esta acção surpreendente do Espírito tem um destino e uma missão muito concretos. Na sua homilia na Solenidade do Pentecostes, em 2010, o Papa Bento XVI caracterizava esta missão como destinada à unidade: «Onde existem lacerações e estranhezas, ela cria unidade e compreensão. Tem início um processo de reunificação entre as partes da família humana, divididas e dispersas; as pessoas, muitas vezes reduzidas a indivíduos em competição ou em conflito entre si, alcançadas pelo Espírito de Cristo, abrem-se à experiência da comunhão, que pode empenhá-las a ponto de fazer delas um novo organismo, um novo sujeito: a Igreja. Este é o efeito da obra de Deus: a unidade; por isso, a unidade é o sinal de reconhecimento, o "cartão de visita" da Igreja no curso da sua história universal».

Na nossa sociedade, permanece muito presente o modelo de unidade caracterizado por Babel, oposto ao Pentecostes, isto é, a tentativa de criar um mundo uniformizado numa mesma forma de estar e comunicar. Os fenómenos da tecnologia, da informação, da globalização, se bem que aproximam mundos distantes, acabam por fazer imperar uma lógica que leva à competição e à imposição de determinados modelos que não têm em conta as características e peculiaridades de cada cultura e contexto.

Pelo contrário, no Pentecostes, a diversidade de línguas anuncia uma nova forma de estar e agir: a da unidade na diversidade. O anúncio do Evangelho pressupõe uma tradução contínua, uma aplicação a cada contexto. A invocação ao «Espírito Criador» tem consigo um dinamismo de criatividade que exige de cada cristão o diálogo contínuo e fecundo entre a fé e as outras dimensões da vida. São linguagens diferentes, mas movidas por um mesmo desejo de comunhão.

Os nossos mundos interiores e exteriores são desafios de «passagem» de uma notícia diferente, o dar ao outro a oportunidade de o ser verdadeiramente, de insistir no projecto de crescimento do Reino de Deus. É na força do Espírito que a comunhão acontece.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Sobre a devoção ao Coração de Jesus


166. A sexta-feira seguinte ao segundo domingo depois de Pentecostes a Igreja celebra a solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Além da celebração litúrgica, muitas outras expressões de piedade têm por objeto o Coração de Cristo. Não tem dúvida de que a devoção ao Coração do Salvador tem sido, e continua a ser, uma das expressões mais difundidas e amadas da piedade eclesiástica. Entendida à luz da Sagrada Escritura, a expressão “Coração de Cristo” designa o mesmo mistério de Cristo, a totalidade do seu ser, a sua pessoa considerada no seu núcleo mais íntimo e essencial...

167. Como o têm lembrado freqüentemente os Romanos Pontífices, a devoção ao Coração de Cristo tem um sólido fundamento na Escritura. Jesus, (...) apresenta-se a si mesmo como mestre “manso e humilde de Coração” (Mt. 11, 29). Pode dizer-se que a devoção ao Coração de Jesus é a tradução em termos cultuais do reparo que, segundo as palavras proféticas e evangélicas, todas as gerações cristãs voltaram para aquele que foi atravessado (cfr. Jo. 19, 27; Zc. 12, 10), isto é, o costado de Cristo atravessado pela lança, do qual brotou sangue e água, símbolo do “sacramento admirável de toda a Igreja”.

O texto de São João que narra a ostentação das mãos e do costado de Cristo aos discípulos (Cfr. Jo. 20, 20) e o convite dirigido por Cristo a Tomás para que estendesse a sua mão e a introduzisse no seu costado (Cfr. Jo, 20 27), tiveram também um influxo notável na origem e no desenvolvimento da piedade eclesiástica ao Sagrado Coração.

168. Estes textos, e outros (...) foram objeto de assídua meditação por parte dos Santos Padres que desvendaram as riquezas doutrinais e com freqüência convidaram aos fiéis a penetrar no mistério de Cristo pela porta aberta de seu costado. Assim, santo Agostinho diz: “A entrada é acessível: Cristo é a porta. Também se abriu para ti quando o seu costado foi aberto pela lança. Lembra o que dali saiu; portanto olha por onde podes entrar. Do costado do Senhor pendurado que morria na Cruz saiu sangue e água quando foi aberto pela lança. Na água está a tua purificação, no sangue a tua redenção.”

169. A Idade Média foi uma época especialmente fecunda para o desenvolvimento da devoção ao Coração do Salvador. Homens insignes pela sua doutrina e santidade, como São Bernardo (+1153), São Boaventura (+1274) e místicos como Santa Lutgarda (+1246), Santa Matilde de Magdeburgo (+1282), as Santas Irmãs Matilde (+1299) e Gertrudes (+1302) do Mosteiro de Helfta, Ludolfo de Saxónia (+1378), Santa Catarina de Siena (+1380), aprofundaram o mistério do Coração de Cristo no qual percebiam o “refúgio” aonde acolher-se, a sé da misericórdia, o lugar de encontro com Ele, a fonte do amor infinito do Senhor, a fonte da qual brota a água do Espírito, a verdadeira terra prometida e o verdadeiro paraíso.

170. Na época moderna o culto ao Sagrado Coração do Salvador teve novo desenvolvimento. No momento em que o jansenismo proclamava os rigores da justiça divina, a devoção ao Coração de Cristo foi um antídoto para suscitar nos fiéis o amor ao Senhor e a confiança na sua infinita misericórdia, da qual o Coração é prenda e símbolo. São Francisco de Sales (+1622), que adotou como norma de vida e apostolado a atitude fundamental do Coração de Cristo, ou seja, a humildade, a mansidão, (Cfr. Mt. 11, 29), o amor terno e misericordioso; Santa Margarida Maria Alacoque (+1690), a quem o Senhor mostrou repetidas vezes as riquezas do Seu Coração; São João Eudes (+1680), promotor do culto litúrgico ao Sagrado Coração; São Cláudio de la Colombière (+1682), São João Bosco (+1888) e outros santos têm sido apóstolos insignes da devoção ao Sagrado Coração.

171. As formas de devoção ao Coração do Salvador são muito numerosas; algumas têm sido explicitamente aprovadas e recomendadas pela Sé Apostólica. Entre elas devem ser lembradas: A Consagração pessoal, que, segundo Pio XI, “entre todas as práticas do culto ao Sagrado Coração é sem dúvida a principal”; a Consagração da família (...); as Ladainhas do Sagrado Coração de Jesus (...); o Ato de Reparação (...); a prática das Nove Primeiras Sextas-feiras (...).

É preciso, porém, que se instrua de maneira conveniente os fiéis: sobre o fato de que não se deve pôr nesta prática uma confiança que se converta em vã credulidade que, na ordem da salvação, anule as exigências absolutamente necessárias de Fé operante e do propósito de levar uma vida conforme ao Evangelho; sobre o valor absolutamente principal do domingo, a “festa primordial”, que deve caracterizar-se pela plena participação dos fiéis na celebração eucarística.

173. A piedade popular tende a identificar uma devoção com a sua representação iconográfica. Isto é algo normal, e tem sem dúvida elementos positivos, mas pode dar ensejo a certos inconvenientes: (...) imagens ás vezes adocicadas, inadequadas para manifestar o conteúdo teológico robusto, não favorecem a aproximação dos fiéis ao Mistério do Coração de Jesus. (...)


O Coração Imaculado de Maria

174. Ao dia seguinte à solenidade do Sagrado Coração de Jesus, a Igreja celebra a memória do Coração Imaculado de Maria. A contigüidade das duas celebrações já é, em si mesma, um sinal litúrgico do seu estreito vinculo: o mysterium do Coração do Salvador projeta-se e reflete-se no Coração da Mãe (...)


Fonte: Congregação para o Culto Divino;Vaticano, Dezembro 2001

domingo, 5 de junho de 2011

Mês do Coração de Jesus

Sejam sempre verdadeiras testemunhas do amor providente
e misericordioso de Deus.
É neste contexto que nos podemos alegrar com o nosso
Bispo, o Senhor Cardeal-Patriarca, que celebra este ano o
seu jubileu sacerdotal: cinquenta anos de sacerdócio, dos
quais trinta e três de Episcopado e, destes, treze como Patriarca
de Lisboa. Somos convidados a reunirmo-nos à sua
volta para dar graças a Deus pelo seu ministério sacerdotal e
apostólico, reforçar a nossa comunhão e expressar a nossa
gratidão pela fidelidade, generosidade, dedicação e entrega à
Igreja de Lisboa ao longo destes cinquenta anos. As comemorações
do jubileu sacerdotal decorrem entre 19 de Março e 25
de Outubro, sendo que a 19 de Junho, Dia da Igreja Diocesana,
teremos mais um encontro com o Senhor Patriarca, especialmente
os agentes de pastoral, no Seminário de Penafirme.
“Os Bispos são os sucessores dos Apóstolos, que como
eles receberam a força do Espírito Santo para serem testemunhas
de Cristo Ressuscitado até aos confins da terra (Act 1,8),
cuja missão divina confiada por Cristo aos Apóstolos durará
até ao fim dos tempos (cfr. Mt. 28,20), uma vez que o Evangelho
que eles devem anunciar é em todo o tempo o princípio
de toda a vida na Igreja” (Lumen Gentium, Concílio Vaticano
II). Missão que lhes fora entregue para que guardassem e
continuassem a fazer chegar a todos os tempos e lugares a
Vida que estava junto do Pai.
“Na pessoa dos Bispos está presente no meio dos fiéis o
Senhor Jesus Cristo para que por meio deles, possa chegar
a todas as gentes a Palavra de Deus, sejam administrados
continuamente os sacramentos da fé, incorporando (cfr. 1 Cor.
4,15) novos membros ao Corpo do Senhor, e, finalmente, com
sabedoria e prudência, o Novo Povo de Deus possa ser dirigido
e orientado na peregrinação para a eterna felicidade”
(Lumen Gentium, Concílio Vaticano II).
Temos todos os motivos para agradecer a Deus, pois Ele
continua, através do Senhor Patriarca, a ir à nossa frente,
mostrando-nos o caminho, protegendo-nos e cuidando das
nossas necessidades através dos seus ensinamentos.
É neste sentido, que neste mês, toda a diocese de Lisboa
é convidada a estar em permanente acção de graças e intercessão
pelo nosso Bispo até às próximas Ordenações a 2 de
Julho. Neste dia celebraremos o 33º aniversário episcopal de
D. José Policarpo e as Ordenações de novos Padres, um dos
quais o Diácono Rui Cantarilho, de São Miguel de Palhacana,
paróquia da nossa Vigararia. Até este dia várias paróquias
estarão em corrente de oração pelo Lausperene (adoração do
Santíssimo), na qual se incluirão a paróquia de Arruda no próximo
dia 2 de Junho, seguindo-se, mais tarde, a 16 de Junho
a paróquia do Sobral de Monte Agraço.
Acompanhemos o Senhor Patriarca com a nossa oração e
presença para que ele continue a ser testemunha do amor misericordioso
de Deus e nos ajude a ser Atraídos pelo Infinito.
P. Daniel Almeida

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Uma-corrente-de-Oracao-Reparadora, segundo o sentir do Coração de Jesus

O nosso país e o mundo de hoje em geral estão a passar por um momento particularmente difícil da história. Na Igreja a situação também não é em muitos casos animadora, se observarmos com atenção um certo esmorecimento da fé e mesmo arrefecimento na piedade e no zelo apostólico nos mais conscientes e responsáveis. Parece que a humanidade em geral e Portugal em particular estão a passar por um período de grande cansaço, de esgotamento, quase mesmo de depressão, motivada não tanto ou pelo menos não principalmente pela crise financeira dos mercados ou pelas dívidas soberanas dos Estados, como é também o caso de Portugal, mas por uma crise mais profunda, uma crise da alma, do coração, uma autêntica crise espiritual não só das pessoas individualmente, mas também como nação, pois como que se perdeu a alma e o espírito de um povo, e todos andam à deriva.

Pessoalmente a muitos títulos encontro-me eu próprio na mesma situação descrita pelo profeta: o profeta e o sacerdote percorrem o país sem nada entenderem.

Por isso impõe-se um novo fôlego, e este mês de Junho pode ser o tempo propício para isso, como mês que é consagrado ao Coração de Jesus. É urgente escutar os apelos que o Senhor, na figura do Seu Coração, fez no séc. XVII a Santa Margarida Maria, lamentando-se do esquecimento a que estava sendo votado nesse tempo, queixando-Se da ingratidão das almas. S. Paulo exclamava: Ele amou-me e entregou-se por mim. S. João confessava ser o discípulo predilecto, o discípulo que Jesus amava. Ora a nossa sociedade esqueceu-o ou quer mesmo esquecê-Lo e esquecer os seus sinais, abolindo, por exemplo, dos espaços púbicos o crucifixo, o sinal mais evidente do amor, pois foi por mim, por cada homem que Ele derramou o seu sangue na cruz.

A mesma lamentação foi feita em Fátima por Nossa Senhora, que se queixava da pouca gratidão dos homens, do sofrimento do Seu Filho por causa dos pecados cometidos todos os dias; mostrava com dor o destino de tantos pecadores que caíam no inferno; pedia aos Pastorinhos orações e sacrifícios em reparação pelos pecados cometidos sobretudo por aqueles dos quais seria de esperar mais sensibilidade, porque mais amados, como são os cristãos, as almas consagradas, os sacerdotes. Os Pastorinhos corresponderam com todas as forças de que eram capazes. Francisco e Jacinta corriam para a Igreja a fazer companhia a Jesus escondido. E Francisco dizia que o que mais lhe interessava mesmo nem sequer era a conversão dos pecadores, mas sim consolar Deus.

Aqui está a mensagem e o sentido da reparação, tão importante na espiritualidade do Coração de Jesus, tão urgente e necessária hoje. Por isso, será conveniente para todos nós escutar os apelos que no dia 16 de Junho de 1675 o Coração de Jesus fez a Santa Margarida Maria: "Estava ela rezando diante do Santíssimo Sacramento, a 16 de Junho de 1675, quando Nosso Senhor lhe aparece. Depois de um breve diálogo, Ele aponta para seu próprio Coração e diz:

“Eis aqui o Coração que tanto amou os homens, que não poupou nada até esgotar-se e consumir-se, para testemunhar-lhes o seu amor; e, por reconhecimento, não recebe da maior parte deles senão ingratidões, por suas irreverências, sacrilégios e pelas indiferenças e desprezos que têm por Mim no Sacramento do amor. Mas o que Me é ainda mais penoso é que corações que Me são consagrados agem assim.

“Por isso, Eu te peço que a primeira sexta-feira depois da oitava do Santíssimo Sacramento seja dedicada a uma festa especial para honrar o meu Coração, comungando-se neste dia e fazendo-Lhe um acto de reparação, em satisfação das ofensas recebidas durante o tempo que estive exposto nos altares. Eu te prometo também que o meu Coração se dilatará para distribuir com abundância as influências de seu divino amor sobre aqueles que Lhe prestem culto e que procurem que Lhe seja prestado”.

Façamos então uma corrente de oração ao longo destes dias e de todo o mês de Junho no sentido reparador que o Coração de Jesus pediu a Santa Margarida Maria; que Nossa Senhora pediu em Fátima. E neste espírito de reparação façamos as primeiras sextas-feiras tal como Ele pediu, a que devemos unir os primeiros sábados, sempre na mesma intenção reparadora, primeiro para O consolar e depois em reparação dos pecados que contra Ele se cometem, pela conversão dos pecadores, por Portugal para que verdadeiramente se cumpra aqui a promessa de Nossa Senhora, de que aqui não se perderá nunca o dogma da fé, sobretudo no seu sentido prático: para que os casais sejam santos, unidos e abertos à vida; para que não haja divórcios e sobretudo para que parem os abortos em Portugal, que fazem de Portugal uma terra amaldiçoada, porque é da terra que o sangue das vítimas inocentes clama por justiça; para que todos se deixem tocar pela preocupação pelo bem comum; para que ninguém se deixe levar pelo ídolo do interesse materialista do dinheiro; que todos, mesmo todos, deixem elevar o seu coração para o alto, para que vejam as coisas da terra com o olhar lúcido da eternidade
Pe. Jacinto Farias.